Fiorella Mattheis: atriz ficou conhecida após atuar em "Malhação" e na série "Vai que Cola" (Arquivo pessoal/Reprodução)
Há pelo menos seis anos, Fiorella Mattheis alimentava a ideia de deixar as telas um pouco de lado para apostar em um negócio próprio. Foi só em 2018, no entanto, que a atriz encontrou seu nicho, em um período que passou nos Estados Unidos.
Na ocasião, ela teve a experiência de comprar e vender artigos por meio de um brechó virtual. “Foi incrível”, diz Mattheis. “Quis trazer esta experiência para o Brasil, em um momento quando o mundo tem pensado mais sobre sustentabilidade e sobre como estamos consumindo. Resolvi empreender.”
Foi este o pontapé inicial para a criação da startup Gringa. Com lançamento nesta quarta, 10, a empresa é uma plataforma para venda de artigos de luxo de segunda mão.
Planejada há cerca de um ano e meio, a empreitada tem como investidores e conselheiros Luiza Nolasco, Maurício Feldmann e João Machado, que têm experiências com e-commerce, startups e tecnologia. Eles apoiam Mattheis, que afirma ter experiência como consumidora de internet e ações de mídia.
Em sua estreia, a Gringa promove um leilão com 28 peças doadas por amigos e parentes de Mattheis. Até domingo, interessados podem se cadastrar na plataforma e dar lances em artigos que tiveram como donos nomes como Angélica, Paulo Gustavo, Bruna Marquezine, Thaila Ayala e Francesca Civita, entre outros.
A ação terá verba revertida para projetos sociais relacionados à pandemia. Após o período de leilão, o site passa a ter seu funcionamento normal, com espaço para compra e venda dos artigos de luxo.
Gucci, Prada, Dior
Segundo a empreendedora, a ideia é a de que, no futuro, a Gringa seja aberta a produtos para diversos públicos. Mas, para ter um foco inicial, serão aceitos bolsas e artigos de luxo de uma série de marcas internacionais renomadas.
“Somos uma startup pegando ritmo, e segmentar foi uma maneira de fazer o operacional funcionar 100%”, diz Mattheis, que tem como público mulheres de 18 a 40 anos, das classes A e B. “Vamos comercializar produtos de grande procura das mulheres, como as bolsas, que respondem por quase 50% do mercado de luxo.”
A atriz não revela o valor dos investimentos iniciais na startup, mas afirma ter recebido um “pré-seed capital” de amigos e familiares. A ideia é, até o fim do ano, captar verbas de fundos.
Como funciona
Quem quiser vender artigos deve preencher formulário no site da startup, discriminando os itens à venda, fotos, descrições e outras informações. Uma vez enviado, o pedido de venda é analisado pela equipe da Gringa, que, caso aceite o produto, envia uma proposta de valor ao vendedor.
A peça é precificada com base em uma pesquisa de mercado, com análise de preços do mesmo produto em lojas nacionais e estrangeiras. “Também analisamos se a marca está em evidência, se o modelo está em alta.. Consideramos que a moda é cíclica”, diz Mattheis.
A proposta deve ser aceita pelo proponente, que é avisado sobre a possível variação de preço (30% para baixo ou para cima) após o envio da peça para análise física. Futuramente, a ideia é usar tecnologias como machine learning para otimizar a precificação.
Os produtos aceitos pela Gringa ficam em consignação. Quando a compra é feita, o vendedor pode retirar o saldo. Se optar por usar o valor para compras no próprio brechó, ganha um bônus de 5%.
A empreendedora não abre a taxa de comissão sobre a venda, mas afirma ser bem mais baixa do que a média do mercado. Para quem compra, as peças devem custar cerca de 70% do preço do artigo novo em loja.
Luxo sem lixo
De olho em uma nova geração de clientes, Fiorella Mattheis afirma que 70% da geração Z só consome produtos sustentáveis — e pretende mostrar os benefícios da reutilização aos clientes mais velhos. “é super legal colocar pra circular os itens do armário que você não usa mais, estar aberto pra descobrir peças de segunda mão”, diz.
Com foco em sustentabilidade, a Gringa nasce com os selos Eu Reciclo e Programa Carbono Neutro Idesam – de compensação ambiental das embalagens utilizadas e compensação de emissão de carbono, respectivamente.
“O futuro da moda é este: um armário mais inteligente, enxuto, com repasse de peças não utilizadas e espaço para itens que já foram de outras pessoas”, afirma.