Eleito prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) fez promessas para o setor do empreendedorismo (Divulgação / Facebook João Doria)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2016 às 11h19.
No começo de setembro, o então candidato à Prefeitura de São Paulo João Doria Jr. (PSDB) apresentou sua visão sobre a relação entre gestão pública e empreendedorismo. Recebido na Oxigênio Aceleradora, empresário, eleito neste domingo (2) em primeiro turno com 53% dos votos válidos, foi sabatinado por Juliano Seabra, diretor-Geral da Endeavor, e pelo empreendedor Endeavor Marcos Hadade, da Arizona.
Veja abaixo as propostas apresentadas por Doria para os empreendedores –vale cobrar por elas.
“Como empreendedor, tenho a obrigação de ser defensor do empreendedorismo, de prover estímulo de sonhos pros jovens”, disse o então candidato. Neste caso, a juventude, segundo ele, está antes na forma de pensar do que na idade. “Deve-se ter coragem e mobilização coletiva para estimular os que pensam jovem.”
Doria detalhou as propostas que compõem o que considera um poderoso programa de incentivo ao empreendedorismo. A primeira citada foi o Empreenda Fácil, programa que espalhará “berçários de startups, de novas empresas” em cada uma das 32 subprefeituras, ou “prefeituras regionais”, como tem proposto o candidato.
De acordo com ele, os pontos serão facilitadores em locais estratégicos. Na forma de trucks, eles oferecerão inúmeros serviços para agilizar a vida dos empreendedores, os quais poderão resolver tudo online. Esses pontos também deverão funcionar como hubs: “O Empreenda Fácl será conectado a instituições parceiras para alimentar com informações quem deseja empreender”.
Nas Prefeituras Regionais, Doria afirma que também vai instalar o Poupatempo Empreendedor “para facilitar e agilizar a vida de quem empreende”. E, referindo-se a um dos alicerces do movimento +Empreendedores+Empregos, comprometeu-se afirmando que esses órgãos vão permitir a abertura de uma empresa “não em cinco dias, mas em três dias úteis”.
De acordo com Doria, em 72 horas, no máximo, os empreendedores conseguirão o certificado digital para começar o negócio. A base para isso acontecer na prática será a confiança no empreendedor, sendo o governo responsável por garantir vistorias as novas empresas. Ele ainda mencionou dois grandes eventos de empreendedorismo que pretende realizar todos os ano e afirma que participará ativamente de cada um deles, o que fará toda a diferença para a geração de oportunidades:
“A presença do prefeito dizendo que apoia a atividade empreendedora e estimula negócios a acreditarem na causa é fundamental. A ideia é fazer o pitch para trazer investidores e isso será, com o endosso da prefeitura, um selo de qualidade”.
Em uma das perguntas da plateia, o então candidato falou a respeito do afastamento entre políticos e mundo empreendedor: como encurtar essa distância? Doria enfatizou a questão da confiança que vem do exemplo. “Meu caso é simples. Sou empresário e sou empreendedor. Sendo o exemplo, você passa a ser inspirador, você passa confiança às pessoas. E, assim, elas se estimulam a fazer mais, e melhor”.
O prefeito eleito foi questionado sobre sua atuação diante de dois cenários vigentes: as barreiras políticas e burocráticas e a dificuldade de formar uma equipe apartidária, com pessoas de reconhecidas capacidades gestoras. Doria começou respondendo a segunda pergunta.
Lembrando de sua atuação como presidente da Embratur, afirmou que vai atrair “gente boa”. “Naquela época, convoquei pessoas dispostas a topar um grande desafio. Trouxe pessoas inovadoras, jovens, dispostas.” E reiterou seu papel de liderança em todo o processo. “O líder será o prefeito, o empreendedor, que conhece a atividade empresarial e vai trazer as pessoas certas.”
Já em relação aos entraves políticos, Doria disse confiar na ampla aliança de seu partido para obter maioria na Câmara dos Vereadores. “Faremos uma Câmara fortalecida porque vamos eleger os vereadores”. Ele também mencionou o amplo programa de desestatização que pretende promover na cidade.
Como exemplo, citou o que ocorreu com o São Paulo Expo, cuja gestão o governo do Estado passou à iniciativa privada. Doria afirma que isso modernizou o espaço e rendeu, ao poder público estadual, renda de R$ 300 milhões, ao passo que o Anhembi, sob a gestão municipal, deixou de realizar mais de 50 eventos. “Tem que passar à iniciativa privada.”
Não foram poucas as perguntas a respeito do que o candidato pensa sobre economia criativa. E para exemplificar sua visão, Doria contou sobre o polo que pretende instalar no espaço hoje ocupado pelo CEAGESP.
“São Paulo é uma cidade de prestação de serviços. Vamos fazer no lugar do CEAGESP o polo tecnológico de SP, com zero de dinheiro público. A economia criativa é a grande alma da cidade. Os empreendedores deste campo vão receber todo apoio possível”. Mencionou também que pretende dar atenção a segmentos específicos, como gastronomia. “Vamos impulsionar chefs e donos de restaurantes para difundir a gastronomia como arte e cultura da nossa cidade, além de atividade geradora de empregos e de impostos.”
Questionado sobre o que o prefeito pode realizar para mudar esse cenário, Doria expôs o papel que a administração municipal deve assumir: “A Prefeitura tem que ser facilitadora, não dificultadora”. Ele afirma que muitos investidores desistem da cidade por conta dos infindáveis trâmites burocráticos. E diz que vai atuar para transformar essa situação:
“Temos que seguir a lei, seguir os critérios, mas facilitar. Vou colocar uma única instituição para resolver todas as questões. O empreendedor e o investidor irão a um único local, que terá obrigação e prazo determinado para aprovar tudo”. Doria também garante que vai trabalhar para que empreendedores tenham mais oportunidades de fornecerem para a prefeitura, e para que os pagamentos ocorram no prazo correto.
Indagado sobre como pretende fomentar o empreendedorismo entre as mulheres, João Doria convoca órgãos especializados para a criação de um ambiente propício. “Instituições como a própria Endeavor e a Oxigênio devem estimular o debate, para que mulheres possam ser grandes empreendedoras”. De acordo com ele, a iniciativa deve partir do setor privado; mas terá apoio da prefeitura.
Como solução para os desafios impostos pelo transporte público na cidade, Doria aponta a aproximação com a iniciativa privada. “O melhor caminho é sempre a PPP. Com elas, vamos colocar tecnologias nos corredores de ônibus, diminuir o tempo em cada trajeto, colocar ônibus articulados e bi-articulados e todos terão ar-condicionado, wi-fi e televisões.”
Ele afirma que tais medidas beneficiarão os empreendedores, já que também são muito afetados por problemas de deslocamento na cidade. Por fim, João Doria foi convidado a completar a seguinte frase: “empreender é…”. E o resultado foi: “Empreender é ter coragem, ousadia e criatividade”.
Texto originalmente publicado no site da Endeavor no dia 06/09 e atualizado em 03/10.