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As lições de Larry Page, Steve Jobs e mais 5 empreendedores

Como os criadores de negócios como a Apple e o Google não seguiram o caminho padrão do empreendedorismo (e como isso os levou ao sucesso)

Steve Jobs (Bloomberg)

Steve Jobs (Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2015 às 14h55.

O que podemos aprender com 8 empreendedores
Carlos Caldeira, especialista em empreendedorismo

Empreendedorismo. Sabemos a fórmula, não é mesmo? Ter uma ideia fantástica, estudar o mercado, escrever um plano de negócios nota dez, vencer um concurso de planos de negócio, achar um investidor-anjo, crescer, achar um fundo, vender a empresa e sucesso. Certo?

A questão é que muitas vezes, não é bem assim. Ao longo dos últimos anos uma série de autores, entre eles Saras Sarasvathy, de Darden, e Steve Blank, empreendedor serial que ensina em Stanford, apontaram que o processo empreendedor muitas vezes não segue este modelo linear.
Este artigo foca em alguns princípios que, segundo estes e outros autores, talvez sejam até mais representativos do processo de empreendedorismo.

Veja a seguir quatro respostas que mostram como oito empreendedores lidaram com alguns problemas comuns de quem está começando.

1. Os empreendedores têm exatamente uma visão de sua empresa no futuro?

Embora isso possa ser verdade em alguns casos, é difícil acreditar que Steve Jobs tenha feito um desenho cristalino do que seria a APPLE. É provavelmente mais real que os empreendedores tenham hipóteses de como deve ser a empresa e vão paulatinamente moldando a firma para os feedbacks recebidos.

Um bom exemplo é a DRYWASH. Lito Rodrigues descreve regularmente que a ideia inicial era um serviço de lavagem na casa dos clientes. Frente à impossibilidade de usar água nos condomínios, ele desenvolveu a formula de lavagem a seco. E assim nasceu a DRYWASH como hoje conhecemos.

2. É melhor crescer rapidamente?

Derivado do ponto anterior, um crescimento acelerado de um modelo que ainda não está maduro parece uma má ideia, não é mesmo? Depois de tudo investido, fica muito difícil mudar os destinos da companhia.

O exemplo clássico é da WEBVAN, na época do estouro da bolha pontocom na década passada. A WEBVAN, fundada por Louis Borders prometia entregas de supermercado de porta em porta, se valendo de uma série de centros de distribuição altamente automatizados e uma ampla frota de entregas. Acontece que este desenho não fazia sentido em um negócio difícil como o de varejo de alimentos e a WEBVAN não teve como se reinventar.

Uma história semelhante parece ser os problemas recentes da LACTEOS BRASIL. A lição é escalar o negócio aos poucos, enquanto se testa o modelo de negócios.

3. As ideias já nascem prontas?

Segundo o autor de inovação Steven Johnson, uma ideia nunca nasce pronta. Nós só conseguimos gerar “meia-ideias”, que precisam ser intensamente discutidas e complementadas pelas contribuições de outros. Assim, sempre que me perguntam como proteger uma ideia de startup, minha posição inicial é para quê? Uma ideia ou mesmo um modelo de negócio é muito difícil de ser protegido na sua concepção, e provavelmente não está pronto. Sua ideia deve ser discutida e conhecida o máximo possível.

A ideia inicial de Page para o GOOGLE era capturar toda internet em hard-drives. A forma final veio após muitos conselhos e discussão. O modelo de negócios do BUSCAPÉ também veio depois de muita interação, segundo depoimento dos fundadores, entre eles Romero Rodrigues, aos pesquisadores Tasic e Andreassi.

4. Para ter sucesso é preciso ter investidores?

Embora fosse ótimo que houvesse investidores-anjo para todos os empreendedores, a realidade é de deficiência de recursos para a maioria dos casos. Então, por que não pensar na alavancagem de recursos através de parcerias? Muitos empreendedores são experts em alavancar suas redes de contato, seus clientes e seus fornecedores para alavancar recursos que não possuem e permitir a decolagem do negócio.

Um exemplo é o da U-HAL de Sam Shoen, empresa de aluguel de material para que os próprios clientes façam suas mudanças. Os primeiros clientes também recebiam a oferta de abrir uma loja U-HAL em seu destino, uma vez que a empresa não tinha condições de pegar o material no destino.

Entre os casos brasileiros, a história da BELEZA NATURAL é cheia de exemplo de parcerias que permitiram o desenvolvimento da empresa. Zica Assis usou os vizinhos que serviam de cobaia até desenvolver a fórmula para cabelos negros, e fez até um acordo com um químico para o desenvolvimento de produtos, parceria que não envolveu recursos financeiros.

Carlos Caldeira é professor de empreendedorismo do Insper.

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