Em vez de melhorar a conversa, os call centers dificultam o diálogo com o cliente (Carlos Chavez/Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2011 às 08h00.
Outro dia me perguntaram se telemarketing pode ser útil para uma pequena ou média empresa. Minha resposta foi curta: é pouco provável. Não que a ferramenta seja ruim.
O problema é a forma como normalmente é usada. Pergunte a qualquer amigo e você receberá invariavelmente a impressão de que esse pessoal de call center liga somente na hora errada — e para oferecer o que não queremos. Quando somos nós que telefonamos, então, quase sempre ficamos sem resposta.
Quando surgiu, nos anos 80, o telemarketing parecia uma grande promessa. Estreitaria o relacionamento com os clientes, traria mais comodidade às transações, imprimiria velocidade às operações das empresas, reduziria custos, e por aí afora. Na prática, não foi bem isso o que aconteceu.
Nem sempre a ausência de presença física dos interlocutores funciona. E pode se tornar um verdadeiro desastre se esse tipo de serviço for terceirizado com o fim de reduzir custos.
Quer prova? Procure nos sites de reclamações. As empresas que usam a bendita fórmula “telemarketing + terceirização” são campeãs! Em vez de se comunicar melhor com seus clientes, essas empresas erguem verdadeiras muralhas para o bom diálogo. E é bom lembrar que venda, antes de tudo, é conversa boa.
Montar uma estrutura de telemarketing não sai barato, e dificilmente o empreendedor poderá contar com uma equipe interna para isso. Então, provavelmente, ele vai querer terceirizar o serviço.
Para garantir uma margem adequada ou custos competitivos, a empresa de telemarketing, por sua vez, vai contratar gente pouco qualificada, investir pouco em seu treinamento e impor restrições no tempo de atendimento. Ou seja — serviço malfeito.
Uma vez me ligaram para saber se eu estava satisfeito com um carro que havia acabado de comprar. Gostei da iniciativa e comecei a responder. No meio da conversa, porém, a atendente me interrompeu dizendo que tinha de terminar a ligação, pois o tempo previsto havia se esgotado.
O efeito, obviamente, foi contrário. Uma empresa que tanto fez para conquistar um cliente pode perder toda a sua reputação simplesmente por causa de uma métrica como essa.
Os seguintes aspectos podem ajudá-lo a descartar de vez o telemarketing:
• Se seu produto ou serviço for complexo, envolver conhecimento técnico ou decisões de várias pessoas para a compra, não pense em telemarketing — nem em terceirizá-lo.
• Não monte ou contrate uma estrutura de telemarketing para marcar visitas dos vendedores a potenciais clientes. Há chance de que o operador não esteja preparado para falar com quem decide a compra. Marcar as primeiras visitas é tarefa do vendedor. Evite duplicação de custos, reuniões marcadas com quem não apita nada e reclamações de sua equipe de vendas.
• Se seus produtos e serviços exigem demonstrações, testes e visitas técnicas, o telemarketing e a terceirização apenas emperrarão sua operação ou afastarão seus clientes.
Há, sim, situações em que o telemarketing pode ser uma boa saída. É quando o cliente liga simplesmente para comprar — do tipo me dá duas dúzias disso ou 2 quilos daquilo —, sem exigir mais informações.
Funciona melhor com produtos ou serviços mais simples ou a partir da segunda compra de algo complexo. Mas é importante entender: nesses casos, se está simplesmente atendendo. Não existe persuasão nessas transações comerciais. Por isso, dá certo.