Cozinha: a Panda Selected fornece local, suprimentos e marketing (RazoomGames/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 6 de março de 2019 às 06h00.
Última atualização em 6 de março de 2019 às 06h00.
Nas maiores cidades da China, os restaurantes não estão dando conta do apetite dos clientes que pedem comida por meio de aplicativos de celular. O fenômeno está provocando a expansão do mercado de aluguel de espaços de cozinha, sem mesas, cadeiras, nem garçons.
Uma startup de cozinha compartilhada, a Panda Selected, planeja anunciar um investimento de US$ 50 milhões de um grupo de patrocinadores internacionais. A empresa com sede em Pequim está comprando imóveis para se manter à frente de rivais locais e de uma concorrente endinheirada de Los Angeles comandada por Travis Kalanick, o bilionário cofundador da Uber Technologies.
O novo investimento na Panda é liderado pela Tiger Global Management, uma das patrocinadoras da Uber antes de Kalanick ter sido obrigado a sair em 2017. Entre as demais investidoras estão a DCM e a Glenridge Capital e a última rodada elevou seu capital total para US$ 80 milhões, informou a empresa. O acordo avalia a Panda Selected em US$ 300 milhões, disseram pessoas a par do assunto, que pediram para não serem identificadas porque a informação não foi divulgada.
As cozinhas são compartilhadas entre os restaurantes para reduzir as despesas gerais e a Panda Selected fornece local, suprimentos e marketing. A empresa ganha dinheiro por meio de tarifas mensais e também com tarifas adicionais por serviços como análise de dados para ajudar os vendedores a ajustarem os cardápios para melhorar as vendas nas plataformas de entrega Meituan e Ele.me.
O fundador Haipeng Li iniciou o negócio em 2016 e atualmente tem mais de 100 cozinhas na China, com planos de dobrar esse número nos próximos oito meses. As cozinhas da Panda Selected têm cerca de 400 a 500 metros quadrados e podem acomodar 15 a 20 restaurantes por espaço, disse Li. A empresa não é rentável, mas espera atingir o ponto de equilíbrio neste ano, disse.
Empresas de fora da China estão testando o conceito de compartilhamento, às vezes chamado de cozinha na nuvem ou restaurante virtual. A Deliveroo, que tem sede em Londres, disponibiliza cozinhas móveis em todo o Reino Unido para que as marcas de restaurantes de luxo ofereçam seus cardápios a clientes fora da região central de Londres. Um ex-executivo da Deliveroo abriu uma empresa em Paris que não tem garçons, nem salão de restaurante, e sim cozinhas de marca que preparam comida para viagem.
Uma das startups mais capitalizadas do ramo é a CloudKitchens, de Kalanick. A empresa busca se expandir para a China, segundo reportagem do South China Morning Post.
Li disse acreditar que a Panda Selected tem uma vantagem local que o dinheiro não pode comprar. “Abrir cozinhas compartilhadas exige conhecimento local”, disse. “A legislação é diferente em cada país.”