Café reaberto em Paris: setor foi impactado no mundo todo (Christian Hartmann/Reuters)
Nesta quarta-feira, 8, clientes do Octávio Café foram supreendidos por um comunicado, postado nas redes sociais, sobre o fim do estabelecimento. Tradicional na região da avenida Brigadeiro Faria Lima, a cafeteria não sobreviveu ao baixo movimento causado pela pandemia do novo coronavírus.
Mesmo com o movimento de reabertura de estabelecimentos como cafés, bares e restaurantes, o setor segue em risco, e muitas outras cafeterias também podem ser encerradas. Em São Paulo, o retorno ao funcionamento foi autorizado na segunda-feira, 6, mas nem todos os empreendimentos aderiram à reabertura.
Antes da crise, o setor parecia caminhar bem. Um exemplo do crescimento na área era a Jardin do Centro, cafeteria que funcionava há cerca de cinco anos na região da Vila Buarque, em São Paulo. Na esteira da gentrificação da região, o estabelecimento era um híbrido de café e loja de plantas, e atraía quem morava, trabalhava ou estudava nas proxidades. Com o tempo, o local foi expandido para oferecer estações de coworking.
Nos últimos anos, o espaço tinha sido ampliado, e os donos investiram em outros três empreendimentos no mesmo estilo, também espalhados pela área central da capital paulista. Com a crise, os novos cafés fecharam — e o original descontinuou a loja de plantas, passou a vender seus móveis e funciona com restrição de dias e horários.
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurante (Abrasel) em São Paulo, Percival Maricato, as cafeterias sofrem impacto, principalmente, por serem negócios pequenos. "Em geral, as reservas são limitadas a 15 ou 20 dias de funcionamento, quando estão bem. Com a pandemia, já são mais de 100 dias sem faturar: o impacto é violento mesmo."
Ele comenta que a reabertura dos bares, restaurantes e cafeterias é um desafio para o setor. Em São Paulo, por exemplo, a regra é permitir o funcionamento entre 11h e 17h. "A meu ver, esta decisão não inclui as cafeterias, que poderiam se beneficiar de uma flexibilização no horário permitido de abertura", diz Maricato. "A proibição do uso de mesas na calçada também dificulta a sobrevivência dos estabelecimentos."
Para ele, o impacto da pandemia sobre as cafeterias pode ser ainda maior, já que, com o temor dos clientes em ir à rua, a previsão é de vacas magras pelo menos até o fim do ano. "Pode parecer pessimismo, mas é uma análise realista: muitos empreendedores preferem fechar logo seus negócios e esperar por tempos melhores."
Segundo pesquisa do Sebrae com dados coletados entre maio e junho, a indústria alimentícia é um dos setores que mais sofreu impacto da crise: a queda de faturamento é de 60% em relação aos tempos normais, quando não havia pandemia.
Junto ao mercado de alimentos, os setores mais afetados são turismo (-76%), economia criativa (-72%), academias (-71%), educação (-64%) e beleza (-59%).