Paleta da rede Los Paleteros, com o sabor nada mexicano de morango com leite condensado. (Los Paleteros/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 16 de abril de 2018 às 06h00.
Última atualização em 16 de abril de 2018 às 06h00.
São Paulo - Quem se lembra das paletas mexicanas? Elas foram uma imensa febre no Brasil nos anos de 2013 e 2014. Mesmo com paleterias se multiplicando pelas ruas e pelos shopping centers, as filas pareciam não diminuir.
Hoje, a moda passou e poucas redes continuam no mercado. Uma dessas marcas é a Los Paleteros - e o negócio não pretende sair do mercado. A rede de franquias adotou diversas estratégias para continuar abrindo unidades e, agora, procura oportunidades de expansão em outros continentes.
A primeira parada é Israel, por meio de licenciamentos e parceiros locais. A rede possui expectativas ambiciosas e espera alcançar 60 pontos de vendas e 300 mil paletas vendidas até o fim deste ano.
Segundo Gean Chu, sócio da Los Paleteros, a grande motivação para escolher Israel como destino são regulações menos restritas quanto a exportações de produtos que contém leite - como as paletas.
“O Brasil não trabalha com algumas especificações exigidas nos Estados Unidos e na Europa, então empresas brasileiras que trabalham com leite possuem dificuldade em adentrar tais mercados. Já em Israel não encontramos essas barreiras de entrada.”
Chu afirma que o produto já se adaptou a hábitos culturais de Israel, como obter certificações kosher para as paletas (alimentos permitidos pelo judaísmo). Após uma consultoria, a rede mudou seus emulsificantes de origem animal, por exemplo.
O negócio já fez quatro lotes de exportações das paletas para testes de mercado. “Nossa aceitação foi boa e isso nos deixou animados em prosseguir com o plano de internacionalizar. Agora, estamos adaptando nossos sabores para chegar a um mix de produtos que tenha sucesso em Israel.”
A rede fez uma parceria de licenciamento e diz que já possuir contratos assinados com varejistas israelenses. A Los Paleteros cede a marca, enquanto o parceiro local se encarrega da distribuição.
“O franchising possui exigências que, em um primeiro contato para experimentação, achamos que eram muito altos. A franquia pressupõe um modelo de negócio mais testado no mercado local”, diz Chu.
Mesmo assim, a expectativa é abrir a primeira unidade franqueada da Los Paleteros em Israel após um ano de testes com o licenciamento. A franqueadora está otimista e espera chegar a 60 pontos de venda, principalmente em Tel Aviv, e comercializar 300 mil paletas.
Há cinco anos no mercado, a Los Paleteros possui mais de mil pontos de venda e 30 unidades operando (5 próprias e 25 franqueadas).
Ao longo do tempo, a rede teve de se adaptar. O negócio diz levar a curva de sazonalidade em conta na hora de calcular o faturamento necessário para sustentar a operação. O faturamento médio mensal das unidades é de 35 mil reais, com 13% de lucratividade.
“O franqueado deve entrar no verão sabendo que ele deve render o suficiente para aguentar o inverno. Além de entregarmos margem suficiente, damos políticas comerciais e suporte maior aos nossos franqueados nos meses mais frios.”
A Los Paleteros também abandonou o modelo de loja e comercializa hoje apenas quiosques, diante de uma faixa menor de faturamento e a necessidade de um retorno mais veloz. O investimento inicial é de 85 mil reais e o prazo de retorno é de 24 meses.
“Por mais que a moda tenha passado, acho que nossa marca saiu fortalecida por qualidade e por preço atraente. O produto continua forte, a crise econômica passou e estamos voltando com tudo”, defende Chu.
Em 2017, a Los Paleteros cresceu 23%. Neste ano, a rede espera abrir 15 novas franquias e adicionar 1,5 mil pontos de venda.
Uma grande causa da má situação financeiras das paleterias foi o descompasso entre o investimento alto exigido para uma franquia e o baixo ticket médio gerado, afirma o consultor Marcus Rizzo para EXAME.
“Pelo movimento tipicamente sazonal o faturamento era alto, mas com o ticket médio na casa dos 12 reais seria muito difícil sustentar os negócios com qualquer baixa de consumo, que exigiam investimento de pelo menos 300 mil reais.”
Para Rizzo, a diversificação de modelos para compensar o faturamento em queda - carrinhos, geladeiras em pontos multimarcas e quiosques - só contribuíram para aumentar a concorrência com as caras lojas, que enfrentaram quebras.
Um estudo da Rizzo Franchise mostra que o ano de 2015 concentrou o maior número de paleterias, puxado por grandes aberturas de unidades em 2013 e 2014, mas também o maior número de fechamentos. De 243 redes listadas, 52 saíram de serviço. O ano de 2017, último analisado, terminou com 76 redes de paleterias em operação. Veja abaixo:
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