Ideias: boa parte das tendências de negócios que tem tudo para bombar em 2019 têm como objetivo melhorar serviços e produtos aos usuários finais (Foto/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 27 de abril de 2017 às 06h00.
Última atualização em 27 de abril de 2017 às 11h00.
São Paulo – O mundo do empreendedorismo possui várias máximas – e elas podem ou não ser confiáveis. Na dúvida, a melhor forma de comprovar algum conselho sem ter de abrir seu próprio negócio é consultar quem já teve experiências com administração de empresas: os empreendedores.
Por isso, EXAME.com se inspirou na corrente “9 verdades e 1 mentira”, que circula pelo Facebook, para colher alguns fatos sobre o empreendedorismo com três donos de negócio.
Os entrevistados são Fernando Pavani, da empresa de prestação de tecnologia para o mercado de câmbio Beetech; Rodrigo Ricco, da empresa de soluções em relacionamento com o cliente Octadesk; e Tallis Gomes, ex-Easy Taxi e atual Singu, um marketplace de beleza e bem-estar.
Confira, a seguir, as verdades e a mentira sobre ter sua própria empresa:
Algumas pessoas possuem uma visão romantizada do empreendedorismo: associam ter uma empresa a ficar rico de forma rápida, por exemplo. “Enriquecer é difícil e só virá com muito trabalho e persistência, especialmente no começo da empresa. Lembre-se de que é mais complicado ainda do que trabalhar como funcionário”, diz Ricco, da Octadesk.
Ricco, da Octadesk, diz não acreditar no “empreendedor super-herói”. “Em estágios iniciais do negócio, é importante ter um time qualificado e que tenha uma disposição semelhante à sua quanto ao propósito da sua empresa”, afirma. “Para empreender, é necessário construir com outras boas pessoas.”
“O que define o sucesso de uma empresa é o seu time”, completa Gomes, da Singu. “O empreendedor não irá conseguir atingir seus objetivos com um time mais ou menos.”
Ainda que o time seja a peça-chave do negócio, Pavani ressalta que o trabalho de empreendedor também é muito solitário. “Você faz algo que poucos players fazem, provavelmente, ou faz algo que compete com grandes concorrentes. Das duas formas, você não terá muita ajuda do mercado”, afirma.
“No final do dia, independente do time, quem tomará as decisões fundamentais do negócio é você, e você será responsável por elas. As escolhas são geralmente solitárias.”
O que nos leva a outra verdade difícil de aceitar: a vida de dono de negócio é feita de riscos e erros – não apenas no começo do negócio. “Nós, empreendedores, vivemos uma montanha-russa, com grandes acertos e grandes erros, momentos muito bons e muito ruins. A gente tem de aprender a lidar muito bem com isso”, diz Ricco, da Octadesk.
Para você ter sucesso, é preciso saber lidar com a frustração constante e extrair valor de tais decepções, aconselha Pavani, da Beetech. “A resiliência pode ser burra ou inteligente. A inteligente vem de analisar o que o frustrou, entender as razões e se renovar com isso.”
Em uma empresa que está apenas começando e não apresenta faturamento, pagar salários altos só terá como consequência o prejuízo (e a saída deles, no futuro). Seu time só ficará unido e apoiará sua ideia com uma motivação convincente.
“É preciso investir no seu time e fazê-lo acreditar no propósito da empresa. Só aí a equipe se importa em desenvolver projetos, com mentalidade de dono, e o empreendimento superará dificuldades e apresentará um bom desempenho”, diz Pavani, da Beetech.
Se você está confiante na sua ideia de negócio e nas suas decisões operacionais, é preciso praticar a paciência e esperar os resultados financeiros chegarem com o tempo, recomenda Pavani, da Beetech.
“Respire fundo. A ansiedade pode atrapalhá-lo. Por exemplo, quando você toma a decisão de pivotar por conta de uma rentabilidade em curto prazo, e com isso mata seu modelo de negócio de sucesso. O resultado rápido joga contra o princípio que seu negócio possui e praticará em longo prazo.”
Pode parecer estranho, mas a cultura da sua empresa é a chave para ficar com as contas no azul. Isso porque ela não é apenas uma placa de valores que você pendura em uma parede. A cultura de uma empresa, diz Gomes, é aquilo que acontece quando você, empreendedor, não está olhando: por exemplo, como as pessoas executam seu trabalho e atendem os clientes.
“Você terá uma cultura na sua empresa, querendo ou não. Por isso, aprenda a modelá-la de acordo com seus objetivos e assim seu negócio terá resultados”, afirma o empreendedor da Singu.
Se você resolver arrumar um investidor, saiba que ele fará total diferença na vida da sua empresa – para o bem, claro, mas talvez também para o mal.
“O investidor faz toda a diferença na vida de uma startup. Se você pegar o investidor errado, suas chances de falhar são grandes: ele pode influenciar decisões ruins e, inclusive, prejudicar futuras rodadas”, afirma Gomes, da Singu.
No mundo do empreendedorismo, tudo muda muito rápido. Você pode ter acumulado 30 anos de experiência em um mercado e, em poucos anos, perceber que tudo mudou. É por isso que Gomes, da Singu, prefere alguém com capacidade de aprendizagem do que apenas experiente na área de atuação - tanto empreendedores quanto funcionários.
"Essa adaptação a novos conteúdos, que se reflete na execução de novas tarefas, pode ser obtida por meio de uma boa educação. Tal estudo pode ser conseguido sozinho, se você tem a capacidade de fazer curadoria de conteúdo, ou por meio de uma faculdade", diz o empreendedor.
Uma mentira muito comum no mundo do empreendedorismo é a de que apenas uma boa ideia já faz um bom negócio.
“Existem diversos casos de times bons com uma ideia ruim, que pivotaram depois para um negócio maravilhoso”, diz Gomes, da Singu. “Você precisa muito mais do que simplesmente pensar e acreditar: precisa ter bom time, bons contatos, capital e alguma sorte.”