Mulher difitando em notebook (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2013 às 16h08.
De onde nascem as ideias para um novo empreendimento? Do acaso? Da vontade de mudar algo que percebemos que não é eficiente? Do estudo detalhado de uma cadeia de valor, em busca de espaços pouco ocupados? De um olhar atento aos movimentos de inovação? De conhecimentos transmitidos de pais para filhos?
Se você é um empreendedor e está buscando oportunidades - especialmente, as voltadas para tecnologia, mas não somente - apresento, abaixo, uma lista com 8 tipos de negócios que podem servir de fonte de inspiração. Busque o que mais te encanta - afinal, empreender é bastante amar o que se está construindo - e mãos à obra.
1. Alpinistas
Desde quando um rajá indiano foi levado a recompensar um brâmane com um grão de trigo para a primeira casa do tabuleiro de xadrez, dois para a segunda, quatro para a terceira e assim progressivamente (veja a lenda aqui), que nos fascina o poder das exponenciais. Pois, no mercado de tecnologia, encontramos uma exponencial na Lei de Moore, que atesta que a cada 18 meses a capacidade de processamento dos chips (quantidade de transistores, para ser exato) dobra, com o mesmo custo de produção.
Exponenciais, semelhantes a da Lei de Moore, podem ser observadas na adoção de diversas novas tecnologias - ganhos de produtividade reduzem os custos que aumentam a demanda, o que leva à pesquisa por novos ganhos de produtividade. Alguns exemplos de crescimento exponencial em tecnologia são: TV, internet, banda larga, telefonia celular, em especial os smartphones, capacidade dos discos rígidos, sensores diversos, etc. Na esteira destes movimentos surgem diversas oportunidades para bons negócios para os alpinistas de exponenciais.
A Netflix se beneficia do crescimento da adoção da banda larga e do aumento na capacidade de transmissão. Desenvolvedores de aplicativos para smartphones se beneficiam do crescimento da quantidade de dispositivos móveis no mercado. Os objetos ligados à internet (‘internet das coisas’) se beneficiam da redução do preço dos sensores.
Olhando para além da fronteira atual das curvas de crescimento exponencial em tecnologias, enxergamos, por exemplo, as impressoras 3D como candidatas a trilhar um caminho destes. Novos negócios ligados ao universo dessas impressoras estarão à disposição de empreendedores alpinistas.
2. Libertadores
Existem diversos negócios que surgem da aplicação de uma tecnologia - muitas vezes, trivial (como é que não pensei nisto antes!) - em algo estático, que não tem movimento, que não existia até ali, mas estava latente, pedindo para ser ‘libertado’. Vamos chamar estes tipos de negócios de libertadores. Vou exemplificar.
Até o aparecimento das bicicletas do Itaú - que hoje podem ser encontradas circulando pelas ruas do Rio de Janeiro, o mercado de aluguel de bicicletas não existia no Rio. As bicicletas - que podem ser alugadas, com o auxilio de um aplicativo para smartphone, em um ponto da cidade e devolvidas em outro - trouxeram movimento, neste caso, literalmente, onde antes nada acontecia.
Um serviço como o Codifique, que possibilita a empresas contratarem freelancers de programação para seus projetos de desenvolvimento de software, também gera movimento, neste caso, a contratação de horas de freelancers, onde, antes, horas produtivas eram desperdiçadas.
Outro exemplo é o Airbnb, que aluga imóveis por temporada em todo o mundo - gera negócios onde, antes, camas dormiam vazias.
3. Audazes
Alguns empreendimentos surgem da disposição de seus empreendedores de encarar problemas difíceis - tão difíceis que, por si só, funcionam como barreira de entrada para competidores. São, esses empreendedores, os audazes.
Na categoria de audazes, cito algumas empresas que estão buscando mudar a forma com que pedimos taxis nas grandes cidades: ResolveAí, Easy Taxi e 99Taxis. Esses serviços encaram a complexidade, o caos do trânsito urbano e a desorganização das cooperativas e taxistas, para oferecer um serviço melhor aos passageiros. Vida longa aos audazes!
4. Conectores
Conectores são os negócios que se utilizam do poder de conexão da internet para fazer pessoas, com interesses comuns, produzirem algo novo, juntas.
São conectores os serviços de crowdfunding - que buscam levantar, via internet, recursos financeiros para uma causa - e crowdsourcing - em que usuários da rede participam adicionando informação, ou algum tipo de serviço, que se consolidam em um produto ou outro objetivo qualquer.
Exemplos clássicos de crowdsourcing são a Wikipédia e o Yahoo! Respostas. Exemplo de crowdfunding é o Kickstarter.
Vamos aos exemplos no Brasil: a Camiseteria reúne uma comunidade de designers de estampas e consumidores de camisetas estampadas para criar, de forma colaborativa, a sua moda.
O site de crowdfunding Queremos utiliza o poder da rede para trazer shows de bandas que não estão na mira dos grandes eventos e produtores do Brasil. No site, os fãs das bandas podem realizar uma campanha completa de funding e divulgação para fazer o show acontecer aqui.
5. Designers
Muitas empresas já descobriram que investir em design é fundamental para melhorar a experiência dos seus consumidores. Quando digo design, não me refiro somente a páginas bonitas ou objetos de cor cinza alumínio. O design, a que me refiro, tem relação profunda com a funcionalidade do objeto ou serviço, com o que ele oferece ao consumidor, quão simples ele se mostra para os consumidores mais leigos e quão mais flexível ele se torna para os mais avançados.
Novos objetos e serviços estão sendo produzidos com mercados globais em vista, venda e atendimento eletrônico, ou seja, sem a intervenção, ao vivo, de um vendedor ou representante para apresentar funções, tirar dúvidas e assinar contratos, portanto, idealmente, devem funcionar sem manuais – de onde concluímos que o design é fundamental.
Observe em volta, estamos vivendo uma época em que todas as coisas estão sendo redesenhadas, tomando-se o consumidor como centro – os objetos e serviços do mundo estão ficando mais bonitos, mas, igualmente, mais práticos e fáceis de usar.
Um bom exemplo: o termostato Nest traz uma tela sensível ao toque e sensores de presença, para dar mais precisão ao controle da temperatura do ar condicionado e aquecedores, enquanto usa inteligência para reduzir o consumo total de energia. Existe algo mais antiquado que um termostato? Observe um da próxima vez que você dormir num quarto de hotel.
6. Polinizadores
Os polinizadores são aqueles negócios que aplicam uma tecnologia provada em um segmento, em outro mercado diferente. Alguns exemplos: a Kiva utiliza robôs e tecnologia de gestão de frotas para automatizar, com muitas vantagens, armazéns e processos logísticos.
A Pró-Laudo, empresa que ajudei a fundar, utiliza tecnologia de workflow de informações, encriptação, reconhecimento de voz e transmissão de dados para prestar serviços de elaboração de laudos para exames de radiologia à distância, a telerradiologia, beneficiando hospitais em regiões remotas do Brasil, onde há poucos ou nenhum médico radiologista à disposição.
7. Disponíveis
Muitas oportunidades de negócios em tecnologia têm surgido nos encontros (no mundo físico e virtual) de comunidades de especialistas.
Estes encontros, normalmente, se dão em torno de um tema, por exemplo: desenvolver um jogo para iPhone em 48h (sem dormir, os chamados hackathons) ou aprimorar um algoritmo de recomendação de filmes (veja aqui).
São diversas as comunidades de especialistas e muito ricas as discussões que ali acontecem. Empreendedores são bem vindos para ajudar a extrair boas oportunidades desses encontros.
8. Comunitários
Diversos negócios surgem da aplicação de tecnologia para melhorar a qualidade de vida da população de baixa renda.
Por exemplo, a empresa Gigalink, que faz parte da rede Endeavor e está sediada em Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, oferece serviços de telefonia, TV por assinatura e internet banda larga a preços bem inferiores aos oferecidos pelas operadoras tradicionais do mercado. A Gigalink consegue operar com custos menores distribuindo um cabo de tecnologia própria pelas comunidades e usando a criatividade para ser mais enxuta.
*Alexandre Ribenboim é formado em Engenharia de Computação e é mestre em informática pela PUC-Rio. É sócio fundador da Casa do Saber Rio.