-
1. Preço, qualidade e atendimento
zoom_out_map
1/8 (Stock.xchng)
São Paulo - Com potencial de consumo de 881,2 bilhões de reais em 2010 – maior do que o de qualquer outra faixa de renda –, e perspectiva de crescimento continuo nos próximos anos, a classe C se tornou a menina dos olhos de empresas de todos os portes e ramos. Mas também há espaço para os pequenos e médios empresários conquistarem uma fatia deste bolo. Com a ajuda de três especialistas – Luciana Aguiar, da Plano CDE; Renato Meirelles, da Data Popular; e Luiz Goes, da GS&MD – Gouvêa de Souza – listamos as áreas que apresentam oportunidades de negócios para o empreendedor que também quer pegar carona no boom do segmento. Para quem quer conquistar este público, a dica é não focar apenas em preço – que ainda é um fator importante, junto com facilidade de pagamento –, mas também em qualidade e atendimento. “É um consumidor que não quer ser desqualificado. Ele quer economizar, mas não ao custo de abrir mão da qualidade”, destaca Luciana. “Tem que ter muito foco no atendimento, esse é o diferencial competitivo”, acrescenta Meirelles.
-
2. Educação
zoom_out_map
2/8 (Arquivo/AGÊNCIA BRASIL)
Na área de educação, o público classe C deverá buscar principalmente cursos profissionalizantes, de informática e de idiomas. “São cursos que dão melhor acesso ao mercado de trabalho, em geral”, diz Luciana. De olho na oportunidade, redes que oferecem cursos a preços populares, como Eurodata e Microcamp, estão buscando franqueados para expandir suas bandeiras, incluindo forte investimento nas marcas de ensino de idiomas – segundo dados do Ibope, apenas 23% das pessoas desta faixa de renda falam uma segunda língua. Segundo a Data Popular, os gastos da classe C com estudos subiram de R$ 1,8 bilhão em 2002 para R$ 15,7 bilhões em 2010 e os alunos deste segmento da população já são maioria na rede particular de ensino, ocupando 51,8% das vagas. E a tendência é que os investimentos continuem crescendo.“Cada ano de estudo a mais impacta em um aumento médio de 15% em renda”, justifica Meirelles.
-
3. Saúde
zoom_out_map
3/8 (Divulgação)
As clínicas que oferecem serviços médicos de média complexidade, como consultas e tratamentos básicos, a preços acessíveis também estão em alta. Um caso de sucesso neste nicho é o da clínica Sorridents. Com preços até 40% menores do que os praticados no mercado, a rede apostou na qualidade do atendimento e dos materiais e na facilidade de pagamento para conquistar a classe C. Com faturamento de R$ 120 milhões em 2010, a rede já tem mais de 118 unidades em operação e espera chegar a 500 até o final de 2016. “O serviço dentário sempre foi muito necessário e desejado, mas era muito caro”, destaca Luciana. Com a popularização dos preços e o aumento de renda, a tendência é que cada vez mais a classe C demande serviços deste tipo. Além das clínicas populares, há oportunidades para quem quiser investir na venda de seguros. Em uma pesquisa feita pela GS&MD – Gouvêa de Souza em novembro de 2010, 68% dos entrevistados de classe C, D e E manifestaram interesse em contratar planos odontológicos nos próximos dois anos e 71% pretendem contratar planos de saúde.
-
4. Beleza
zoom_out_map
4/8 (Divulgação)
O mercado da beleza também desponta como uma grande celeiro de oportunidades de negócios juntos às mulheres de classe C. Segundo pesquisa da Data Popular, 51% das mulheres deste segmento afirmam gastar “muito dinheiro” com produtos de beleza e higiene pessoal. Em média, elas vão ao cabeleireiro duas vezes ao mês, gastando entre R$ 15 e R$ 30 por visita. Um exemplo de sucesso nesta área é o Instituto Beleza Natural, especializado no tratamento de cabelos crespos, cujos salões recebem 70 mil clientes por mês e crescem, em média, 30% ao ano em faturamento. E não são só os salões de cabeleireiro e clínicas de estéticas que ganham força, mas também a prestação de serviços em domicílio e a venda de produtos. “Elas estão pagando mais caro por produtos que a gente entende como supérfluos, mas que estão cada vez mais presentes na cesta de consumo deste público, como cremes, perfumes e afins”, relata Luciana.
-
5. Moda
zoom_out_map
5/8 (Christopher Furlong/Getty Images)
A preocupação com a aparência entre as mulheres da classe C não pára nos tratamentos estéticos. Elas também querem se vestir cada vez melhor. Segundo a Data Popular, 42% delas afirmam que se preocupam em estar em dia com a moda. Durante uma pesquisa realizada pela consultoria em novembro do ano passado, mais da metade das mulheres de classe entrevistadas haviam feito compras de bolsas e sapatos, bijuterias e acessórios nos 30 dias anteriores. . “Elas estão indo para o mercado de trabalho e acham que quanto melhor sua aparência, maiores são as chances de sucesso – o que faz muito sentido, já que a maioria trabalha com vendas”, explica Meirelles. Segundo dados da consultoria, as jovens da classe C gastam 71% dos seus salários com roupas e acessórios.
-
6. Alimentação fora de casa
zoom_out_map
6/8 (Divulgação)
A alimentação fora de casa também entra cada vez mais no cardápio de consumo da classe C. Segundo dados da GS&MD – Gouvêa de Souza, mais de 30% dos gastos dos brasileiros com alimentação são destinados a serviços de entrega ou refeições fora de casa, número que vem crescendo com o impulso deste novo consumidor. “Estamos falando tanto de restaurantes quanto entregas ou produtos para levar”, destaca Goes. Em parte, o fenômeno é puxado pelas demandas do mercado de trabalho. “Mulher e filhos estão trabalhando fora e cada vez mais sem tempo para fazer em casa”, justifica Goes. Mas a refeição em família também desponta como opção de lazer. “São lugares para se entreter com a família, com bastante fartura e consumo compartilhado”, diz Luciana. As redes de franquias de alimentação – opção prática para quem quer investir no ramo – chegaram a 348 em 2009, um crescimento de mais de 20% sobre o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising.
-
7. Viagem
zoom_out_map
7/8 (Divulgação)
Com mais dinheiro no bolso, a classe C também começa a investir mais nas férias. Um estudo feito pela GS&MD – Gouvêa de Souza em novembro de 2010 indicou que mais da metade das pessoas desta faixa de renda ouvidas na pesquisa pretendiam viajar nos próximos dois anos. Embora a casa de parentes ainda seja a opção de acomodação mais comum, pacotes a preços acessíveis incluindo passagem aérea e hotel começam a se tornar mais populares. O sucesso da ViajaNet, agência de viagens online que já nasceu voltada às classes C e D, é um exemplo do potencial do setor. A expectativa de faturamento no primeiro ano de operação era de R$ 12 milhões, porém nos seis primeiros meses, a agência já havia faturado o dobro desta quantia. Em 2010, a receita superou os R$ 55 milhões. Também disposta a conquistar este público, a rede Accor pretende abrir 100 novos hotéis de baixo custo com a marca Formule 1 até 2018. Já a GOL pretende criar quiosques para vender passagens nas estações de metrô de São Paulo, além de parcelar e facilitar a compra, tudo para atrair o consumidor das classes C e D. “Há um grande potencial no segmento. Muita gente ainda não entende direito como as agências funcionam. Pacotes para escolas e associações de bairro também são um nicho interessante”, destaca Meirelles.
-
8. Informática
zoom_out_map
8/8 (Divulgação)
Os produtos e serviços de informática também ganham força junto à classe. A principal demanda é estar conectado. “Estamos falando desde lan houses até venda de computadores e suporte técnico”, detalha Meirelles. A última estimativa de vendas da consultoria IDC era de 13,8 milhões de computadores vendidos no Brasil em 2010, o que representa 24% de crescimento em relação ao ano anterior. No primeiro trimestre do ano, o crescimento chegou a bater em 40% sobre o mesmo período de 2009. As lan houses também têm um papel importante junto a este público. Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 45% dos acessos à internet no Brasil foram feitos a partir deste locais em 2009. O número já chegou a ser maior (49%, em 2008), mas ainda é bastante expressivo. A tendência no segmento é de estabelecimentos de pequeno porte e baixos custos – a maioria são negócios familiares, com até três funcionários, segundo o CGI.br. Grandes redes como a Monkey, que chegou a ter 60 lojas no país, entraram em extinção.