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64% dos investidores anjo estão menos dispostos a investir em startups

Pesquisa realizada pela organização Anjos do Brasil mostra que a crise do coronavírus vai dificultar o acesso a investimentos por até 18 meses

Maria Rita Spina, diretora executiva da Anjos do Brasil: “investidores viram que podem ajudar muito as startups já investidas com sua experiência”
 (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)

Maria Rita Spina, diretora executiva da Anjos do Brasil: “investidores viram que podem ajudar muito as startups já investidas com sua experiência” (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)

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Carolina Ingizza

Publicado em 13 de abril de 2020 às 19h00.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 19h00.

Em um momento de crise, é natural que investidores fiquem mais retraídos. No caso do investimento anjo, feito por pessoas físicas, o impacto pode ser até maior. Segundo pesquisa da organização Anjos do Brasil, feita no dia 23 de março, 64% dos investidores disseram que diminuiu sua predisposição para investir em startups por causa do coronavírus.

Para a organização, pelos próximos 18 meses, os empreendedores terão dificuldade para conseguir levantar este tipo de capital. A maior parte dos entrevistados da pesquisa (51%) afirma que será mais difícil a partir de agora para empresas conseguirem investimentos com anjos ou com fundos de Venture Capital.

Para Maria Rita Spina, diretora executiva da organização, deve ser difícil manter os patamares de investimento anjo de 2019 este ano. “Deve haver uma diminuição, mas não significa que vão parar os investimentos em startups”, afirma.

Ela ressalta que a pesquisa é uma fotografia do cenário no dia 23 março. Naquela data, no começo da crise causada pelo coronavírus, os investidores anjo estavam muito afetados. “Muitos sofreram com aplicações de renda variável. Outros tiveram que focar na sua própria empresa, diz.

Expectativa para o futuro

Na visão da executiva, uma semana e meia depois da pesquisa já era possível ver os investidores olhando para as startups novamente. A diferença é que em vez de procurar novas apostas, eles buscavam as empresas já investidas para oferecer ajuda. “Investidores viram que podem ajudar muito com sua experiência acumulada”, afirma Spina. Outro detalhe que ela destaca é o fato de que os investimentos que estavam em fase final de negociação foram concluídos, apesar da crise.

Para acompanhar a evolução do mercado, a organização planeja fazer uma nova pesquisa 30 dias depois da primeira. “É difícil ter uma visão clara nesse momento. O que a gente percebe agora é que todas as empresas estão criando um plano de contingência para sobreviver com o volume que tem no caixa”, afirma a diretora.

Em comparação com os movimentos que acontecem no exterior, Spina diz que o Brasil está alinhado. Ela afirma que a recomendação dos investidores estrangeiros é a de que as startups não decidam mudar o modelo de negócio neste período em que a incerteza é grande. “Mudanças radicais não têm sido vistas com bons olhos pelos investidores de fora”, diz.

O que investidores podem fazer

Para os investidores brasileiros, Spina recomenda quatro atitudes. Em primeiro lugar, o diálogo com os empreendedores de startups já investidas. O momento é de oferecer mentoria, capital ou contatos. Na sequência, a diretora diz para os investidores não deixarem de conversar com as empresas com as quais estavam negociando. “Seja transparente com os empreendedores, diga que talvez queira alongar o prazo de análise, mas não deixe de conversar”, afirma.

Depois, Spina diz que é preciso se lembrar de que investimento é algo que só dá retornos no médio a longo prazo e que sempre existem boas oportunidades para se investir. “É um bom momento para ficar de olho nisso”, diz.

Por último, a diretora recomenda que todos sigam com a mesma postura ética e de transparência adotada até então. “Não é momento de tirar vantagem. Ouço pessoas falando que o valuation das startups vai cair, mas o anjo está olhando a longo prazo, não precisa pegar uma fatia maior da empresa agora”, diz.

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