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Mariana Fonseca
Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2018 às 06h00.
São Paulo – Quem tem como planos empreender provavelmente já considerou abrir um negócio digital. Não é para menos: até setores mais tradicionais, como advocacia e serviços financeiros, estão entrando na transformação digital por meio de empresas estreantes e inovadoras.
Se você tem intenção de abrir um negócio e quer entrar na onda digital, um bom ponto de partida é pesquisar as tendências mais promissoras para o setor no Brasil.
“O consumidor está mais digital, então as empresas também precisam ser. Se o empresário não conseguir observar isso e mudar seu negócio nesse sentido, existem grandes chances de a empresa fechar”, afirma o britânico Neil Patel, guru do marketing digital.
Patel começou a se interessar no tema aos 16 anos de idade. Na época, criou um site e pagou algumas agências para o ajudarem na divulgação - mas nenhuma gerou resultados. Insatisfeito com o dinheiro perdido, passou a estudar mais sobre marketing digital e a criar ferramentas que gerassem eficiência aos negócios na internet.
De lá para cá, o especialista já atendeu empresas como Amazon, Google e General Motors. Seu blog possui mais de 1 milhão de visitantes mensais.
Mas, afinal, qual negócio digital abrir no Brasil? Patel elencou exclusivamente ao Site EXAME seis ideias que podem ser promissoras. Confira, a seguir, quais são elas:
Uma loja virtual deve continuar sendo uma boa opção para quem quer abrir um negócio digital. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico projeta um faturamento do setor de 69 bilhões de reais para 2018, um crescimento de 15%.
Para Patel, a alta se dá pela inovação e as possibilidades que o setor oferece. “Sem dúvida alguma, o e-commerce vai dominar as opções de quem deseja abrir um negócio ou ampliar a atuação.”
Mesmo assim, o futuro empreendedor deve ficar atento à evolução dentro do próprio setor. Os consumidores cada vez mais pedem novos padrões não apenas nos produtos e serviços comprados, mas no atendimento, no processo de produção e nas facilidades de pagamento e logística.
As fintechs brasileiras deram o que falar nos últimos tempos. Algumas, como o Nubank, fazem parte da lista de startups que marcaram o ano passado, incluindo negócios nacionais e internacionais.
Para Patel, há um mundo de possibilidades para esse mercado, principalmente com negócios que buscam oferecer mais acesso a novas tecnologias.
“Cada vez mais as pessoas físicas e jurídicas estão buscando fugir dos modelos tradicionais financeiros, que ainda são muito burocráticas, oferecem juros abusivos e quase sempre com serviço de atendimento precário”, afirma. “Com o avanço da tecnologia outros novos modelos vão surgir nos próximos anos.”
O mercado de produtos digitais no Brasil ainda vem engatinhando, mas vender conteúdos interessantes de forma escalável pode ser uma boa aposta para o futuro dos negócios digitais.
Segundo Patel, é possível encontrar diversos modelos que iniciaram um negócio do zero e hoje fazem sucesso. No Brasil, alguns exemplos são a plataforma de cursos online Hotmart e a Monetizze.
“Embora não garanta um lucro rápido, não é necessário um alto investimento para começar e há muita demanda por todo tipo de solução digital – cursos, livros e palestras, por exemplo.”
Muitos donos de negócio já usam os infoprodutos para educar a audiência a respeito de assuntos atrelados ao seu empreendimento, como estratégia de marketing de conteúdo.
As insurtechs, startups que trazem inovação para o mercado de seguros, ainda são pouco conhecidas no Brasil. Mesmo assim, Patel afirma que a onda vem crescendo a passos largos e enfrentando o desafio de desburocratizar o setor e torná-lo mais valorizado no Brasil.
“Estamos falando de um modelo de negócios que mostra como desapegar do conservadorismo para inovar e conseguir se manter no mercado”, diz.
Patel é especialista em marketing digital e defende que um de seus braços, o marketing de conteúdo, é um dos modelos mais lucrativos da internet.
Mesmo com um crescimento pequeno, o cenário deverá mostrar uma tendência de crescimento nos próximos anos. “Ele engloba um leque de oportunidades completo para as empresas, como conteúdo de qualidade para educar, informar e entreter um determinado público ou geral”, afirma.
“As empresas conseguem construir um relacionamento com os clientes, entendem melhor o que eles estão buscando e, assim, oferecem o melhor do seu negócio para fidelizá-los e superar a concorrência.”
Foi-se o tempo em que a internet servia apenas para comprar produtos. A popularização do mundo digital, incluindo o acesso por meio de smartphones, fez com que a contratação de serviços também se tornasse uma realidade.
Os aplicativos e plataformas que facilitam a vida de empresas e de consumidores reunindo itens dos mais diversos setores são um exemplo notório, que ganhou seu próprio nome: marketplace. Além disso, diversos empreendimentos criaram seus próprios sites de agendamento de atendimentos personalizados.
“Para os consumidores, é possível conquistar uma otimização em dinheiro e tempo, principalmente quando as soluções apresentadas são fáceis de se manusear e benéficas para os usuários”, diz Patel.
Nem mesmo Patel ignora a dificuldade de abrir negócios digitais no país. “Ser empreendedor no Brasil não é fácil. Existem falhas na qualidade da internet, na cobertura 3G e 4G, na velocidade da conexão e na atualização dos dispositivos móveis, por exemplo. Além disso, a carga tributária e as regras trabalhistas são muito pesadas para um negócio em desenvolvimento.”
Por isso, o especialista acredita que o grande potencial do brasileiro comum está em empreender de forma individual. “No final das contas, você por si mesmo é uma empresa — e quando você consegue se enxergar dessa maneira, você percebe inúmeras formas de aumentar seu faturamento e diminuir suas despesas.”
Se seu sonho é ter sua própria empresa na internet, Patel lista seis grandes conselhos. Primeiro, parta logo para a ação: o passo mais importante é tirar seus sonhos do papel e aprender com seus erros. Isso o deixará mais próximo da forma certa de atingir seu mercado.
A segunda dica é pensar em como resolver um problema sério dos seus clientes. Se seu produto ou serviço não faz isso, seu negócio não será viável. Em terceiro lugar, tenha foco. Muitas oportunidades aparecerão pelo caminho e você terá de tomar decisões que poupem sua energia e o façam tocar apenas os projetos mais vencedores.
A quarta dica é tentar que seu negócio seja escalável (ou seja, que consiga crescer em uma proporção bem maior do que seus gastos). “Isso vai ajudá-lo a ter receita muito maior do que as despesas, gerando fluxo de caixa para desenvolver outras partes do negócio”, afirma Patel.
O quinto conselho é estar aberto a mudanças e adaptar seu negócio digital rapidamente. Não fique preso em uma ideia que não vai para frente e não perca o timing de mudanças fundamentais, pois o mercado pode engoli-lo enquanto você espera.
Por fim, Patel recomenda pedir ajuda. Se você não souber fazer algo direito, consulte especialistas ou convide algum investidor estratégico para ajudá-lo a dar o próximo passo. “Se o seu negócio for viável e realmente tiver potencial, com certeza você vai encontrar pessoas para apoiá-lo.”