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6 lições de Jorge Paulo Lemann para empreendedores

Se você pudesse fazer uma pergunta ao maior empreendedor do Brasil, qual seria? Confira os conselhos que Jorge Paulo Lemann deu a um grupo de empreendedores apoiados pela Endeavor

Jorge Paulo Lemann (Sergio Lima/FolhaPress/Veja)

Jorge Paulo Lemann (Sergio Lima/FolhaPress/Veja)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2015 às 09h12.

“Acho que seu sonho de conquistar os mercados do Brasil e América Latina é um pouco limitado… eu olharia para o mundo”. Foi assim que Jorge Paulo Lemann respondeu um empreendedor que perguntava sobre a expansão de sua empresa em uma sessão de mentoria coletiva promovida pela Endeavor na última semana.

Jorge Paulo Lemann e seus sócios Beto Sicupira e Marcel Telles são donos de algumas das maiores empresas do mundo e praticam diariamente o lema “Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho”. Ele diz ter três metas de vida: deixar algum marco significativo na área de educação, empresas sólidas com possibilidades de se perpetuarem e uma família produtiva que tenha responsabilidade sobre aquilo que receber.

Lemman acredita profundamente na educação e no empreendedorismo como a base para um país andar para frente. Não é à toa que se dedica a projetos como a Fundação Estudar, Fundação Lemann, Khan Academy e a própria Endeavor. Em uma sessão de mentoria coletiva com alguns Empreendedores Endeavor, Jorge Paulo ouviu desafios e perguntas, compartilhou histórias e deu conselhos com uma simplicidade admirável.

Confira os principais aprendizados dessa conversa:

1. Crise não é motivo de desespero

“O Brasil nunca é tão bom quanto poderia ser, mas também não é tão ruim quanto falam. Podemos não estar no melhor momento, mas as maiores operações que tivemos foram em época de crise. O mercado e os empreendedores do Brasil são muito bons, então é melhor olhar para frente, ver como aproveitar qualquer dificuldade e o que é possível fazer a mais”.

2. Quando for buscar investimento, não olhe só para o dinheiro

“Gosto de sócio que trabalha e contribui. Como empreendedor, eu olharia para um investidor de Private Equity ponderando se ele quer apenas colocar dinheiro ou se será um sócio que vai trazer algo a mais – algum know how específico, se tem um outro investimento parecido que possa trazer experiências… Quanto ao momento certo para abrir as portas, quanto mais conseguir engordar o porquinho antes de buscar dinheiro dos outros, melhor. E se for buscar, não olhe só para o dinheiro, entenda o que de valor ele poderá agregar ao negócio”.

3. Equilibre a vida pessoal e profissional

“Sou um cara muito organizado e disciplinado. Sempre pratiquei esporte, pelo menos uma hora por dia, seja o que estiver acontecendo no mundo. Além disso, sempre fui muito participativo com a minha família, deu tempo de fazer e criar seis filhos. Um certo equilíbrio é importante. Delego muito: nunca fiz questão de ser o cara que fazia tudo. Gastei mais tempo escolhendo e formando gente muito boa, para eventualmente dar oportunidades a eles e ter mais tempo para mim.

O segredo talvez seja ter uma mistura de disciplina e regras com base no que se quer fazer (e pessoas são diferentes, então tem que fazer regras que façam sentido para você) e ter equipes que possam transformar uma empresa”.

4. Formar gente boa é o melhor negócio que se faz

“O empreendedor tem que dar grande importância ao tópico de gente. Geralmente, ele olha mais para custos e vendas e contrata alguém de RH para se ocupar do assunto. Gente é algo em que o dono tem que estar envolvido.

Na época do banco, eu entrevistava 1.000 pessoas por ano e as acompanhava. Hoje em dia, a AB InBev tem 150 mil pessoas e, até quando vai para a China, o Conselho vai tomar café com os trainees de lá; é essencial essa mentalidade de que gente é realmente importante. O Carlos Brito, CEO, também é extremamente ligado: ele sabe de cor a lista dos ‘High Potentials’ da empresa, tem uma ideia de quais são os trainees bons, onde estão, e como estão evoluindo. O Conselho discute uma vez por ano as 500 principais pessoas da empresa, o que elas têm de bom e em que precisam evoluir.

Gente é tão importante quanto vender, é tão importante quanto produzir barato. E se delegar para alguém, provavelmente não vai dar certo”.

5. Cultura não se impõe, cria-se em conjunto

“Nós temos programas de trainees nos EUA, China, Europa… Então apesar de sólida e firme, nossa cultura nem é mais brasileira, mas sempre foca em formar gente boa.

Sempre dedicamos um esforço enorme para treinar pessoas novas. Quando fomos para a Argentina (na compra da Quilmes), mandamos vários brasileiros que tinham sido ‘criados em casa’. Para os EUA, foram 100 pessoas de todo o mundo, mas já dentro da nossa cultura. No entanto, em nenhum lugar chegamos impondo que ‘nossa cultura vai ser assim’. Falamos ‘a nossa é assim, como é a de vocês?’, e a partir daí desenhávamos uma cultura organizacional comum.

Toda empresa tem gente boa e gente ruim: você tem que saber diferenciar o quanto antes e tomar as medidas necessárias, mesmo que termine em demissão. Em uma fusão nos Estados Unidos, por exemplo, entrevistamos as 400 pessoas do topo da empresa e ficamos com 200, mais ou menos. O foco é remar junto, e tem funcionado bem assim”.

6. Venda seu sonho grande

“Sempre vendi o sonho muito maior do que o tamanho da empresa; é claro que se você vende um sonho que não chega nem perto da realidade, a turma não acredita. Se você vende o sonho que é difícil, mas que é atingível, melhor. Assim, você vai aumentando de sonho em sonho, engajando todo mundo, conforme a empresa cresce. Nós gostamos de metas anuais ‘esticadas’. Tem que ser esticada, mas não impossível”.

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