Funcionários felizes: para especialista, as pessoas são o diferencial competitivo do empreendimento (Thinkstock/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 10 de junho de 2015 às 09h20.
São Paulo - Qual é a maneira mais efetiva de motivar os funcionários e mantê-los na empresa? Oferecer um salário maior nem sempre é a melhor solução (e nem uma das mais baratas). Para criar e manter um time de sucesso, o primeiro item avaliado por investidores em uma startup, é preciso engajar, de verdade, os seus colaboradores.
Sylvia Ignacio da Costa, professora do curso de Gestão de RH da Universidade Anhembi Morumbi, alerta: esse trabalho de gestão estratética de pessoas não é nada fácil. "Temos uma via de mão dupla. É importante perceber o quanto que um funcionário contribui para uma empresa e, ao mesmo tempo, quanto esta empresa contribui para a carreira do trabalhador", diz a docente.
Se os funcionários ainda não foram contratados, a consultora do Sebrae-SP Esmeralda Queiroz recomenda já buscar pessoas que tenham convergência com os ideais da empresa - e não que queiram o emprego só porque ele é o que está disponível no momento. "Se houver essa convergência, já é metade do caminho andado. O empreendedor dá a pista de corrida para o funcionário. Se ele não correr, é porque não combina com a empresa", afirma.
Apesar das dicas valerem para os funcionários, também é importante que o empreendedor use essas estratégias para criar e manter outros interessados na empresa. "Não dá para tocar um negócio sem parceiros diretos ou fornecedores. As pessoas são fundamentais, e seu negócio irá precisar delas em todos os lugares", diz Adriana Gomes, coordenadora do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM.
Veja, a seguir, seis dicas para fazer com que seus funcionários virem fãs de carteirinha do seu empreendimento:
Independente do porte da empresa, nem sempre os funcionários sabem o que o dono do negócio espera. Essa falta de alinhamento impede a conexão com a empresa. "Os funcionários têm que saber quais os objetivos, missões e valores da organização. Só assim eles saberão o que exatamente se espera deles", explica Sylvia.
Já Adriana ressalta que essa conexão é boa não só para os funcionários, mas também para a produtividade do negócio. "Se eles compreendem o propósito de existência do negócio e isso faz algum sentido dentro de seus valores, há um engajamento e o negócio se desenvolve melhor", diz a professora.
A gestão do conhecimento deve ser uma preocupação constante do empreendedor, já que as pessoas são o diferencial competitivo da sua organização. "Existem funcionários que são bons, mas precisam de algo a mais, de uma preparação. Você deve aprimorar o conhecimento desse funcionário. Quando ele percebe essa preocupação, fica mais motivado", afirma Sylvia.
Para Esmeralda, desenvolver pessoas é um fator não só de engajamento, mas principalmente de retenção. "Quando o funcionário percebe que sai de um patamar para outro profissional, isso faz com que ele fique na empresa".
É preciso que o empreendedor abra oportunidades para que os funcionários, especialmente os mais jovens, possam apresentar ideias e testá-las na prática. Assim, o profissional se sente pertencenter ao processo de criação e desenvolvimento da empresa, e acaba se engajando, diz Adriana.
Maneiras diferentes de realizar determinada tarefa podem surgir dos próprios responsáveis pela função. Entretanto, é preciso que o pequeno empresário estimule sua equipe a ter novas ideias. "Empresários muito centralizadores perdem talentos. Eles têm que deixar que as pessoas participem das decisões da empresa, mesmo que a decisão seja do dono", recomenda Esmeralda.
Sylvia chama essa tomada de ação por parte dos funcionários de "intraempreendedorismo". "Eles compram a ideia como se fossem seus próprios negócios. Eles buscam novas soluções e alternativas e começam a enxergar novas formas de atuar".
Criar esse espaço de experimentação de sugestões dos funcionários, obviamente, também aumenta a possibilidade de haver erros no meio do caminho.
Para Esmeralda, o gestor não deve encarar sua liderança como punitiva. Se uma ideia não dá certo, o líder deve ter a noção de que a decisão de executá-la teve o aval dele mesmo. "O gestor é tão responsável quanto. Tem que haver um compartilhamento do insucesso", diz a consultora.
Além de coletivizar os erros, o gestor também deve reconhecer a iniciativa de um funcionário ao propôr uma ideia, mesmo que a iniciativa não tenha dado certo. Assim, ele estimula o surgimento de novas sugestões e consegue engajar seus funcionários. Isso não tem custo financeiro, mas tem um impacto emocional muito grande na equipe, diz Adriana. "O empreendedor deve conhecer seu funcionário pelo nome, fazer com que ele se sinta percebido, enxergado".
Na mesma linha, Sylvia afirma que, muitas vezes, o colaborador do dia a dia consegue enxergar algo que o próprio gestor não vê. "O dono tem que dar e receber o feedback. Caso contrário, o colaborador se sente apenas uma peça".
O trabalho de um líder tem que ser contínuo para gerar valor. "O empreendedor deve sempre reconhecer os bons resultados e realinhar as pessoas que perderam o foco. As pessoas valorizam oportunidades em que são reconhecidas", afirma Esmeralda.
Ouvir seus funcionários não deve ser algo restrito às reuniões e ocasiões especiais. Para Adriana, o responsável pelo negócio deve ficar mais próximo das pessoas no seu dia a dia. Só essa disponibilidade já é um fator importante para estimular seus funcionários, mas a professora recomenda também usar essa brecha na agenda para trocar ideias com seus colaboradores e ouvi-los.