9 – Saber dizer não (Stock.xchng/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2015 às 09h41.
Os sinais de que sua empresa precisa de injeção de capital
Respondido por Luiz W. Jung, especialista em finanças
Estruturar financeiramente uma empresa não é tarefa fácil. É uma atividade dinâmica e, ao longo do processo, o empreendedor pode se deparar com situações corriqueiras e outras que fogem do seu planejamento. De maneira geral, a empresa necessita de recursos financeiros para dois tipos de aplicações básicas: para capital de giro, ou seja, para as necessidades operacionais; e para investimentos.
O planejamento financeiro de curto prazo é essencial para a empresa, pois tem como objetivo garantir o fluxo de recursos responsável pelas operações do seu dia a dia. Para evitar que problemas relacionados ao capital de giro afetem o caixa da empresa, é importante que o empreendedor fique atento aos sinais de desequilíbrio e acompanhe de perto todo o processo financeiro, para que possa tomar as medidas necessárias com maior velocidade e assertividade.
Quanto aos investimentos, o requisito básico é que integrem o planejamento financeiro de longo prazo, haja vista o prazo de retorno mais alongado. Veja alguns sinais que sua empresa pode estar lhe dando de que irá precisar de uma injeção de capital. Alguns deles podem ter a mesma causa:
1. Endividamento de curto prazo
Pequenas e médias empresas têm dificuldade para determinar a necessidade de capital de giro, porém essa é uma das tarefas fundamentais para o bom andamento financeiro do negócio. A forma mais usual para financiar a necessidade de capital de giro é tomar recursos financeiros em curto prazo, seja descontando duplicatas ou sob a forma de empréstimos. Porém, se perceber que este endividamento está crescendo e o volume de suas atividades não, cuidado, há algo que merece atenção.
2. Descontrole de fluxos de caixa
Não há dúvida de que pior do que gerenciar os descontroles de fluxos de caixa é não ter nenhuma ferramenta de acompanhamento dos fluxos de caixa. Considerando que a sua empresa possui uma ferramenta de acompanhamento, que pode ser uma simples planilha eletrônica, os “descasamentos” frequentes entre as necessidades de recursos e as disponibilidades financeiras indicam que há uma falha em seu planejamento, que pode levar a empresa a tomar recursos emergenciais e, portanto, mais caros.
3. Falta de controle de despesas, custos e investimentos
Um acompanhamento eficiente do comportamento dos custos, despesas e investimentos é imprescindível para evitar surpresas desagradáveis. Uma forma simples de gerenciar os gastos é através de acompanhamento orçamentário. Planeje os gastos em função de um objetivo. A ocorrência de um prejuízo ou necessidade de recursos de terceiros pode muito bem ser absorvida pela empresa, desde que se justifique como um sacrifício necessário e previsto.
4. Quedas no faturamento e estagnação nas vendas
Quando se detecta que as vendas não têm crescido em comparação com o crescimento do mercado ou, ainda pior, que elas têm diminuído, tem-se um sinal claro de que algo precisa ser repensado. Duas ações podem ser tomadas em casos como esses: vender mais, desde que com lucro, e fazer uma análise fina na estrutura de custos.
Nesse sentido, é preciso rever as estratégias de marketing, posicionamento, análise de produto, novos clientes, nichos e oportunidades. Além de analisar as despesas e mesmo investimentos, que possa reduzir os gastos de forma compatível com o novo nível de receitas. Se nada disso for feito, haverá necessidade de capital adicional para financiamento das atividades até o limite da viabilidade.
5. Uso de cheque especial e contas garantidas
Um sintoma muito fácil para se identificar problemas de gestão financeira é o uso frequente, contínuo e indiscriminado do limite do cheque especial ou conta garantida. Estes estão entre os recursos financeiros mais caros que a empresa pode tomar. Algumas vezes, temos a necessidade de usar aquilo que estiver ao nosso alcance, porém, quando isso deixa de ser exceção e passar a ser regra, cuidado, há algo errado. Analise o seu planejamento, reveja o seu fluxo de caixa e tome alguma atitude para alongar o perfil do endividamento e reduzir o seu custo.
O processo de gestão financeira das organizações é composto por um conjunto de atividades dinâmicas que, pela sua natureza, requerem ajustes constantes. Isso exige do empreendedor um rigor no planejamento, ter atenção aos sinais do mercado e disciplina na gestão do caixa.
Luiz W. Jung é diretor da Moore Stephens Auditores e Consultores.