São Paulo – Não existem estudos concretos sobre o número de startups abertas no Brasil, mas uma pesquisa rápida pode comprovar que este é um movimento crescente. O sucesso de apps, como os de taxi e de delivery, incentiva aspirantes a empreendedores a se arriscarem neste mercado.
A verdade é que ter um negócio, principalmente se ele for altamente escalável, podendo ser replicado no mundo todo a uma velocidade muito rápida, é um desafio enorme. “Nosso ambiente empreendedor é muito hostil”, alerta Cynthia Serva, coordenadora do Centro de Empreendedorismo e Inovação do Insper.
Para Cassio Spina, da Anjos do Brasil, existe uma forte tendência em começar um negócio atualmente que precisa ser observada. “Tem mais gente querendo empreender, mas tem também muita gente sendo levada pela onda. Pensa bem, é difícil, é desafiante, tem que ter muita vontade, resiliência e capacidade de aguentar os problemas para conseguir ter sucesso”, diz Spina. Antes de tirar a ideia do papel, conheça cinco motivos errados para começar uma startup.
1. Quero ficar milionário
Se Mark Zuckerberg ficou bilionário com um negócio que começou na faculdade, por que outros não poderiam? O dinheiro, para Spina e Cynthia, deve ser consequência e não motivação. “Achar que vai ganhar muito dinheiro é o motivo errado. Empreender é uma coisa muito difícil e tem muitas chances de não dar certo. Quem só tem esse objetivo vai desistir no meio do caminho”, explica Spina.
É preciso, sim, ter a ambição de faturar alto, mas este não pode ser o único ou principal objetivo do projeto. “O primeiro problema é querer ficar rico, ser o novo Facebook do momento. Empreender é difícil, requer muita coragem e esforço. Dinheiro é consequência e se for o principal objetivo o empreendedor vai ficar frustrado”, afirma a professora do Insper.
2. Odeio meu chefe
Com mais estímulo ao empreendedorismo, muitos brasileiros estão tomando coragem para tirar uma ideia do papel e ainda se livrar de um chefe ruim. “Eu falo sempre que o empreendedor vai ter chefe pior que chama cliente, que vai demandar muito mais do que o próprio chefe”, diz Spina.
E mais: se você tiver sócios, vai ter que compartilhar decisões e, provavelmente, trabalhar mais do que no emprego. “Empreendedor não tem horário. A responsabilidade dele é pensar no negócio”, diz Spina.
3. Preciso resolver um problema pessoal
É verdade que muitas ideias de startups surgiram de demandas pessoais enfrentadas pelos próprios empreendedores. Este pode ser um excelente caminho para começar um negócio, desde que a necessidade seja de outras pessoas também. “Precisa validar a ideia. O empreendedor tem uma ideia que acha que é a mais disruptiva do mundo e não faz validação mínima, como conhecer público e mercado”, explica Cynthia.
Para Spina, uma necessidade pessoal precisa ser compartilhada por possíveis clientes para virar de fato um negócio. “Às vezes, é um problema muito pessoal, de poucas pessoas. Por isso, é ter um bom planejamento”, diz.
4. Odeio tecnologia, mas está na moda
Se empreender está na moda, abrir um negócio de tecnologia é ainda melhor. É na tecnologia que muitas startups brasileiras estão se desenvolvendo, mas se o futuro empreendedor precisa de ajuda até para usar um smartphone, é melhor repensar os planos.
“Um erro é empreender em algo que você não conhece ou não gosta. Vai faltar conhecimento específico. O empreendedor não sabe programar, não entende de lógica e acha que pode pagar um desenvolvedor para isso. Assim, dificilmente vai dar certo”, afirma Cynthia.
5. Os fundos estão cheios de dinheiro para empresas
Subestimar o investimento financeiro pode ser um erro que custará caro no futuro. Apesar de mais fundos estarem investindo em startups brasileiras, poucos projetos atendem às expectativas dos investidores. “Você precisa saber quanto precisa ter disponível para essa ideia. Muitos ainda buscam como forma de financiamento dívidas ou investimento pessoal e acabam se endividando muito”, diz Cynthia.
-
1. Entre protestos e processos
zoom_out_map
1/11 (Jaoued Idammou/AFP Photo)
São Paulo – Um
app está deixando os taxistas enfurecidos. Criado em São Francisco, o Uber permite que praticamente qualquer pessoa com um carro possa oferecer o mesmo serviço que um taxi. Com mais de 1,5 bilhão de dólares de investimento, está causando polêmica em várias cidades, como Paris
(foto), Berlim e
São Paulo. Assim como o Uber, outras
startups usaram a polêmica como forma de publicidade. Com a ajuda da Abstartups, Fernando de la Riva, da Concrete Solutions, e Camila Farani, da Lab22 e do Mulheres Investidoras Anjo, selecionamos essa e outras histórias de startups que estão mexendo com o mercado no Brasil e no mundo.
-
2. Uber
zoom_out_map
2/11 (Divulgação/Uber)
Criado em 2009, em São Francisco, o Uber é um app que permite que veículos comuns atuem como taxis, conectando passageiros e motoristas através da plataforma. A startup recebeu mais de 1 bilhão de dólares em investimento de 33 investidores. Índia, Japão, Alemanha, Brasil, Inglaterra, Espanha e França são alguns países onde o app está disponível e também causando polêmica. Muitos dizem que o serviço é ilegal e desrespeita as regras locais de transporte. Até agora, a empresa não tem se mostrado abalada e tenta continuar as operações na maioria dos países.
-
3. AirBnb
zoom_out_map
3/11 (Divulgação)
O AirBnb foi fundado em 2008 e tem sede em São Francisco, nos Estados Unidos. É uma comunidade online onde as pessoas podem encontrar hospedagem em outras cidades. Já recebeu 749 milhões de dólares de investimento. O primeiro grande conflito da empresa foi com hotéis, que começaram a perder clientes que preferiam ficar em apartamentos. Além disso, existem problemas legais. Em Nova York, por exemplo, alugar apartamentos por menos de 10 dias é proibido. Há ainda uma questão tributária, já que hotéis recolhem taxas de turistas na maioria das cidades no mundo.
-
4. Lulu
zoom_out_map
4/11 (Reprodução)
Criado em Londres, em 2010, o app Lulu ficou famoso neste ano. Feito só para mulheres, o aplicativo permite compartilhar informações sobre homens, com base em relacionamentos. Com 3,5 milhões de dólares de investimento, o app criou polêmica ao permitir que os garotos fossem avaliados como objetos. No Brasil, perdeu força depois de alguns processos e mudou sua política, permitindo a avaliação apenas dos homens que se cadastrassem na plataforma.
-
5. Bang With Friends
zoom_out_map
5/11 (Divulgação)
Este app causou polêmica ao incentivar relações sexuais entre contatos do Facebook e chegou a ser retirado da loja da Apple. Depois de algum tempo e algumas modificações, voltou ao mercado com o nome de Down.
-
6. Zaznu
zoom_out_map
6/11 (Reprodução/Zaznu/Facebook)
O Zaznu é um app de carona, criado no Brasil. A plataforma conecta motoristas e passageiros. A polêmica está, principalmente, na questão da segurança, já que pode ser perigoso entrar no carro de um desconhecido. Além disso, assim como o Uber, também irritou os taxistas, que podem perder corridas.
-
7. Descola Aí
zoom_out_map
7/11 (Reprodução)
O site foi criado como uma plataforma para aluguel de produtos, mas migrou para trocas e vendas com uma pegada colaborativa. Segundo Camila, problemas com impostos fizeram a empresa escolher um novo caminho para continuar. Hoje, faz parcerias com marcas como Natura, explorando o lado sustentável do site. Os usuários encontram de celulares a serviços como aulas de dança no site.
-
8. Tinder
zoom_out_map
8/11 (Divulgação)
O Tinder surgiu como app de relacionamento, que ajudava a encontrar possíveis parceiros próximos. Além da polêmica moral, de que a plataforma colocava as pessoas em um cardápio para outras, o Tinder deu o que falar quando uma das fundadoras acusou os sócios de serem machistas e preconceituosos apenas por ela ser mulher.
-
9. Ashley Madison, Ohhtel e Second Love
zoom_out_map
9/11 (©AFP/Arquivo / Koca Sulejmanovic)
Essas três redes sociais foram criadas para facilitar a traição. Apesar de adultério não ser mais crime no Brasil, as startups têm de lidar com dilemas morais. O site Ohhtel, por exemplo, usou uma imagem do Cristo Redentor em uma publicidade e causou ira na Igreja.
-
10. ManServants
zoom_out_map
10/11 (Getty Images)
Segundo o site
Mashable, o que a startup faz parece piada, mas não. A ManServants “aluga” acompanhantes masculinos para pequenas tarefas ou passeios. Muitos consideram o site como uma forma de agenciamento para garotos de programa, mas os fundadores garantem que nada mais é do que “ter um homem para fazer o que você quiser”.
-
11. Agora, veja mais sobre startups
zoom_out_map
11/11 (Justin Sullivan/Getty Images)