Empreendedora no computador: microfranquias pedem um investimento inicial reduzido e precisam de menos metragem e funcionários para operar (Foto/Thinkstock)
Mariana Fonseca
Publicado em 20 de março de 2017 às 06h00.
Última atualização em 24 de agosto de 2022 às 15h04.
Muitos acham que só dá para abrir um negócio com muito dinheiro ou com uma loja super atraente. Porém, o avanço da tecnologia faz com que cada vez mais surjam empreendimentos que não só permitem que o trabalho seja home office, mas que também enxugam os custos iniciais da empresa.
“O hábito dos consumidores mudou, com a popularização dos meios tecnológicos e do atendimento mais individualizado, e isso criou muita oportunidade. Com isso, o empreendedor ganha a chance de trabalhar de forma mais autônoma”, explica César Souza, co-fundador do Espaço do Empreendedor e autor de “Jogue a Seu Favor – Vire a Sorte Trabalhando por Conta Própria”.
Mas, lembre-se: não é porque você trabalha de casa que deve encarar seu empreendimento apenas como bico ou uma forma temporária de se manter. Pelo contrário: você possui uma empresa, desde o primeiro dia.
“O importante é fazer um planejamento e tomar o trabalho com seriedade. Quanto mais profissionalismo você mostrar, mais será bem visto e mais irá vender. Mesmo trabalhando sem um ponto físico, tenha disciplina de trabalho”, afirma a consultora do Sebrae Cristina Micheletto.
Tendo esse preparo, ter dinheiro é o de menos. “Dá para ter sucesso sem muito investimento em divulgação tradicional, desde que você consiga formar uma carteira de clientes e tenha um produto com boa demanda. Priorize soluções de pouco custo, como campanhas de Facebook para negócios gerais, posts no Instagram para negócios de nicho e o WhatsApp para fechar a negociação de forma direta e rápida”, defende Caroline Caracas, sócia-diretora da Marketing Minds e do Programa Empreenda-se.
Ficou com vontade de empreender? Confira, a seguir, algumas ideias de negócio para começar da sua própria residência, com pouco investimento inicial:
O ramo de alimentação é um dos mais citados quando se fala em empreender casa: muitos conhecem alguém que cozinha brigadeiros ou salgadinhos como um bico, por exemplo.Porém, uma nova tendência nesse mercado é a alimentação saudável. “Mesmo sendo um ramo de nicho, vemos um grande crescimento em produtos sem muitos carboidratos, sem lactose ou ‘detox’. Isso é especialmente verdade para os que trabalhem com delivery, já que possuem maiores chances de consumidores recorrentes”, explica Caracas.
Souza cita como exemplo a produção de marmitas fitness, com balanceamento de calorias para quem não tem tempo de fazer refeições saudáveis por conta própria.
O artesanato e a decoração são outros conhecidos empreendimentos para trabalhar da própria residência, sem investir muito capital. E, dependendo da sua habilidade em formar relacionamentos, a procura pode ser grande.
“Dá para participar de bazares, montar uma loja virtual ou focar em decoração e lembrancinhas para eventos como casamentos e aniversários”, diz Micheletto.
“Por exemplo, conheço uma senhora que se especializou em chás de bebês, fazendo a decoração, a lembrancinha e diversas toalhas de linho. Ela tem um site, mas também se divulga muito no boca a boca.”
Dar aulas e consultorias em casa ou pela internet é algo cada vez comum. Mais do que isso: é uma boa opção para quem é um profissional especializado e acabou de ser demitido, pois o negócio depende principalmente de sua experiência na área.
“Esse ex-funcionário vira um MEI e presta serviços dentro de casa. É possível atuar em vários setores: aulas de idiomas, coaching de carreira, consultas de contabilidade e finanças e consultas psicológicas, por exemplo”, diz Souza.
Além de dar aulas ao vivo, também é possível vender produtos já finalizados. Esse tipo de conteúdo é chamado por Caracas de “infoproduto”. “Há uma tendência crescente de oferecer conteúdo empacotado no formato de cursos online ou e-books, indo de gastronomia até meditação. É algo que você toca 100% de casa, porque é necessário ter apenas experiência reconhecida no assunto e ferramentas para divulgação em buscadores e nas redes.”
Em tempos de forte retração econômica, muita gente começou a preferir reformar a comprar. Por isso, o tradicional ramo da costura ganhou ainda mais força – e ele pode ser administrado de casa.
“Uma costureira pode ter em casa uma sala disponível e transformá-la uma pequena oficina caseira, com os itens necessários para o trabalho de reformar bolsas, mochilas e roupas, por exemplo”, diz Caracas.
O único requisito é ter habilidade para fazer pequenos reparos em roupas. “É algo bastante valorizado, especialmente nos grandes centros, em que muitos não têm essa habilidade de costura. Para quem trabalha bem, não falta serviço”, explica Micheletto.
Se você estuda o mercado de luxo, provavelmente já ouviu falar em um profissional chamado “personal shopper”: uma pessoa especializada em fazer as melhores compras possíveis. O investimento inicial, aqui, está apenas na sua capacitação profissional, na divulgação dos serviços e no relacionamento com os clientes.
“Há muitos estilistas e gerentes de moda que acompanham pessoas de alto poder aquisitivo e as ajudam a escolher a melhor roupa, por exemplo. Elas podem ganhar tanto de quem compra o serviço quanto da loja, que pode dar uma comissão”, afirma Souza.
Com o mercado de engenharia civil crescendo menos do que se via há alguns anos, muitos carpinteiros, pedreiros e pintores foram demitidos por construtoras e resolveram trabalhar de forma autônoma – e, com isso, lucram ainda mais do que antes.
A maioria desses novos negócios é administrado de casa e não pede grande investimento inicial. “A área de pequenos reparos está especialmente em alta, atendendo quem precisa de pequenos consertos nos grandes centros, por exemplo”, explica Souza.
Um exemplo é o M’ana: uma empresa que oferece serviços de manutenção feitos apenas por mulheres e para mulheres.
Outro negócio que está se popularizando é a personalização de bens: por exemplo, estampar canecas e camisetas. “É possível comprar máquinas pequenas e customizar os mais diversos tipos de bens, para vender na vizinhança e para conhecidos. Você não precisa mais de um ponto geográfico para abrir uma estamparia”, diz Souza.
Veja, por exemplo, 10 máquinas para começar um negócio em casa gastando pouco. Caracas ressalta que é possível vender esses produtos tanto por meio de uma loja virtual ou pelas redes sociais, caso seu negócio seja de menor escala.
Você já ouviu falar em “dog walkers”? São trabalhadores autônomos que se especializam em levar para passear cachorrinhos de estimação nos horários em que seu dono está trabalhando. “Ainda que possa haver um deslocamento, a parte administrativa fica toda em casa”, explica Souza.
Esse é apenas um dos novos serviços que estão surgindo no mundo pet – muitos com a possibilidade de trabalho na própria residência. Na startup Dog Hero, por exemplo, é possível se cadastrar para hospedar pets enquanto os donos estão em viagens longas.
Outra possibilidade de empreender da própria residência está em, claro, desempenhar serviços que são feitos exclusivamente pela web. É o caso de assistentes técnicos, designers que usam softwares digitais, programadores e webdesigners, por exemplo.
“São tarefas que se resolvem exclusivamente pelo computador e não requerem estoque. Por isso, podem ser uma boa opção de empreendimento em casa”, diz Caracas.
Fazer vídeos para a YouTube, para muitos, deixou de ser apenas um passamento: há quem lucre, e muito, com essa produção. O investimento inicial é, basicamente, comprar uma câmera e montar um bom fundo para a gravação.
“É uma atividade especialmente popular com quem é mais jovem e é possível trabalhar com diversos temas. Por exemplo, um médico pode dar dicas de saúde”, diz Souza. “Com o sucesso, é possível conseguir patrocínios e ter ganhos com publicidade.”
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