Mobile: especialista em negócios digitais afirma que toda startup precisa ter uma estratégia mobile (Divulgação/Samsung)
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2014 às 09h12.
10 dicas para elaborar sua estratégia mobile
Escrito por Fernando de la Riva, especialista em negócios digitais
Em 2011, Marc Andreessen disse que o software estava comendo o mundo em um famoso artigo no The Wall Street Journal. Hoje, acreditamos que Ben Evans está certo ao dizer, três anos depois, que quem está comendo o mundo é o mobile. Neste contexto, qualquer startup, em qualquer área, tem que considerar não mais “se” haverá uma estratégia mobile, mas “como” será essa estratégia. Neste sentido, seguem algumas dicas:
1. Entenda o perfil da sua startup
Antes de tudo, é preciso decidir se o DNA da sua empresa é mobile first, ou seja, se ela foi criada para mobile e não existe na web, como o Whatsapp. De acordo com uma pesquisa recente no Google, as pessoas recorrem ao celular por três motivos principais: recorrência, tédio e imediaticidade, e chegam a olhar a tela cem vezes por dia. Pergunte se o seu negócio responde a esses motivos e se você consegue fazer com que em, pelo menos, uma dessas cem vezes ele entre no seu aplicativo ao invés de entrar no Facebook.
2. Valide suas hipóteses iniciais de modelo de negócio
Valide por meio do processo de Product Discovery (ou descoberta de produto), no qual protótipos funcionais são validados em campo, diariamente, até que o seu Mínimo Produto Viável – MVP (a versão mais simples do seu produto, que pode ser lançada com uma quantidade mínima de esforço e tempo), emerja. Para aprender mais sobre isso, vale consultar o Silicon Valley Product Group e as publicações de Marty Gagan.
3. Faça a parte técnica e de design da melhor maneira
Para uma startup, isso talvez signifique ter um sócio técnico e um sócio de UX (User Experience ou experiência do usuário). O cliente mobile é crítico e te abandona muito facilmente. De acordo com a Compuware, apenas 16% dos usuários dão uma segunda chance a um aplicativo que não funcionou, enquanto a Apigee afirma que 44% dos usuários deletam um app nativo imediatamente se ele não funciona. Assumindo que você fez a validação prévia de forma correta, agora é a hora de fazer direito para que você possa alterar o seu produto rapidamente, dependendo do feedback do mercado.
4. Decida se você vai começar por Android ou iOS
Neste ponto, já adianto que nem sempre a decisão de começar pelo Android, devido aos 70% da base que esse sistema agrega, é a mais correta. Isso porque os 20% de público do iPhone tem um poder aquisitivo maior, que pode fazer diferença para o seu negócio. Avalie qual é o seu público e qual é o nicho que você pretende entrar e, dependendo dele, escolha por onde começar.
5. Monitore seu aplicativo
Ao contrário da web, seu produto mobile requer visualização constante do funil de aquisição (o que você pode fazer com o Google Analytics), de quanto e como você gasta com marketing (o Adjust pode te ajudar), o número de crashes ou erros (que você pode ver com o Crashlytics), como está sua performance (o newRelic é uma boa opção) e a qualidade na app store em si (pode contar com o App Annie). Lançar um aplicativo sem essas ferramentas é a diferença entre a medicina e a veterinária. Nessa última, seu paciente não diz o que está sentindo.
6. Aprenda a fazer aquisição
Já vimos inúmeros produtos morrerem por falta de tração com o mercado. Neste contexto, principalmente no caso das startups, é preciso aliar muita inteligência a pouco dinheiro. Você pode usar e abusar do SMS; anúncios de instalação no Facebook e no Twitter; estimular o compartilhamento entre usuários; fazer parcerias e cross promotion; utilizar de canais já existentes, como e-mail marketing; e, é claro, usar os push notifications com inteligência.
7. Aprenda a reengajar o seu usuário
O número de aplicativos na app store é enorme. Não basta ter um app que gere valor, você tem que saber enfrentar a concorrência e fazer com que esse usuário volte ao seu aplicativo cada vez mais vezes. Para isso, você pode usar deep linking, push notifications, e-mails marketing, etc. Neste sentido, é cada vez maior a importância da análise de grandes quantidades de dados e do contexto do mercado.
8. Entenda o papel do seu produto na cadeia de valor mobile
Se ele tem uma grande dependência de um líder de mercado, o que chamamos de “gatekeeper”, as mudanças que ele faz nas regras do jogo pode matar o seu negócio de uma hora para outra. A Zynga, por exemplo, dependia totalmente de jogos sociais no Facebook.
Quando os jogos foram para mobile, a empresa foi afetada negativamente. Não deixe de se preocupar também com a estratégia de app unbundling, ou seja, o gatekeeper pode lançar um produto no seu nicho. Foi o que aconteceu na separação do Facebook Messenger do app do Facebook, por exemplo.
9. Garanta o gerenciamento de qualidade do seu produto
Enquanto um site para web deve ser testado em apenas quatro browsers, o universo mobile é formado por dezenas de milhares de combinações de aparelhos, sistemas operacionais e operadoras que você tem que se preocupar. A fragmentação faz com que, a partir do momento em que você tem uma massa de clientes relevante, você deve descobrir os defeitos do seu aplicativo antes que seu cliente descubra sozinho e te dê a notícia via app store.
10. Tenha cuidado com a cópia de modelos de negócio
Antes de fazer o Tinder brasileiro, perceba se você está trazendo alguma novidade relevante e se existe alguma barreira competitiva regional e/ou cultural. A tendência dos aplicativos globais é vir para o Brasil, e não comprar suas cópias locais.
Fernando de la Riva é diretor da Concrete Solutions.