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Zhipu, rival chinesa do ChatGPT, começa a estruturar IPO

É a primeira vez que uma startup da nova geração de IA chinesa se aproxima de abrir capital, em um setor até agora dominado por investimentos privados

Ilustração de IA americana vs. IA chinesa: a Zhipu é conhecida como uma das "seis tigresas" da nova geração de IA (Freepik)

Ilustração de IA americana vs. IA chinesa: a Zhipu é conhecida como uma das "seis tigresas" da nova geração de IA (Freepik)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 15 de abril de 2025 às 09h17.

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Em um mercado de inteligência artificial (IA) cada vez mais disputado, a China está prestes a colocar sua primeira grande startup do setor na bolsa. A Zhipu AI, conhecida por desenvolver uma rival do ChatGPT, deu início aos trâmites para seu IPO e quer ser a primeira entre as chamadas “tigresas da IA” do país a abrir capital.

Fundada em 2019, a Zhipu rapidamente virou destaque entre as seis maiores startups chinesas de IA, ao lado de nomes como Baichuan, Moonshot AI e 01.AI. O foco principal da empresa está nos modelos de linguagem (LLMs, em inglês), com produtos que prometem competir diretamente com o GPT-4, da OpenAI.

IPO no horizonte

A Zhipu protocolou documentos preliminares junto à Comissão Reguladora de Valores da China em abril de 2025. O processo marca o primeiro passo formal rumo à listagem, que pode acontecer ainda este ano ou em 2026.

O IPO está sendo estruturado com patrocínio da China International Capital Corporation (CICC), que será responsável por conduzir a diligência da operação e avaliar a elegibilidade da empresa para listagem pública. As informações são da americana Reuters.

É a primeira vez que uma startup da nova geração de IA chinesa se aproxima de um IPO, em um setor até agora dominado por investimentos privados — com aportes que, no caso da Zhipu, somam mais de 10 bilhões de yuans (cerca de 1,4 bilhão de dólares).

A empresa atraiu capital de gigantes como Alibaba, Tencent, Ant Group, Meituan, Xiaomi e fundos estatais de cidades como Pequim, Chengdu e Hangzhou. Só em 2024, recebeu um aporte de 400 milhões de dólares do fundo saudita Prosperity7. Em 2025, teve três rodadas consecutivas de capital público, incluindo 300 milhões de yuans vindos do governo municipal de Chengdu.

O carro-chefe da Zhipu é a série de modelos de linguagem gerais, ou GLM (General Language Model), que inclui o GLM4 — apresentado pela empresa como superior ao GPT-4, da OpenAI. Outra frente estratégica é o AutoGLM, um assistente de IA acionado por voz para competir com o Siri, da Apple, e o Google Assistente.

Para ampliar o alcance da tecnologia, a Zhipu começou a abrir o código de alguns modelos, como a chinesa DeepSeek e a americana Perplexity.

Ambições globais, mas com obstáculos

A abertura de capital é vista como um movimento para consolidar a liderança da empresa dentro da China e se preparar para competir em escala global. Mas o caminho internacional ficou mais estreito.

Com a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, startups chinesas de IA enfrentam um ambiente externo mais hostil. Mais de 50 empresas do setor foram incluídas em listas de sanções, o que impede acesso a chips americanos, softwares críticos e parcerias estratégicas com empresas do Vale do Silício.

Com cerca de 800 funcionários, sede em Pequim e liderança técnica vinda do mundo acadêmico — o fundador Tang Jie é professor de ciência da computação da Universidade de Tsinghua — a Zhipu aposta em manter a inovação como diferencial. Novos produtos como o modelo de texto-para-vídeo Ying e o GLM-Z1-Air, voltado para agentes de IA, reforçam essa estratégia.

A empresa também lançou recentemente um fundo de venture capital de 1,5 bilhão de yuans para investir em startups emergentes do setor. É mais um movimento para manter seu ecossistema ativo — e, ao mesmo tempo, garantir que a próxima geração de IA "made in China" tenha onde crescer.

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