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Zazcar aproveita internet e caos no trânsito para crescer

Companhia de compartilhamento de veículos tem meta de crescer sua base de clientes em quase 100 vezes nos próximos cinco anos


	Congestionamento em São Paulo: Zazcar está contando com o trânsito, preços de combustíveis e falta de estacionamento para crescer
 (Claudio Edinger)

Congestionamento em São Paulo: Zazcar está contando com o trânsito, preços de combustíveis e falta de estacionamento para crescer (Claudio Edinger)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2013 às 08h46.

São Paulo - Engarrafamentos diários e cada vez mais longos, aumento nos preços de combustíveis, edifícios com menos vagas de garagem e aumento dos investimentos em transportes públicos estão criando um cenário favorável para o surgimento de um novo mercado de veículos no Brasil.

Iniciado em 2010 na capital paulista, onde congestionamentos de mais de 100 quilômetros são rotina e que atravessa um momento de obras de infraestrutura de mobilidade por ocasião da Copa do Mundo de 2014, o compartilhamento de veículos vem sendo explorado pela jovem empresa Zazcar, que tem meta de crescer sua base de clientes em quase 100 vezes nos próximos cinco anos.

O serviço é uma modalidade de aluguel de veículos que tem ganhado popularidade em mercados maduros como Estados Unidos e Europa, onde até montadoras de veículos estão investindo no conceito.

Pesquisa da KPMG com executivos das principais indústrias automotivas do mundo, divulgada neste ano, afirma que 72 por cento deles acreditam no conceito de mobilidade do serviço como alternativa à propriedade de carros em áreas urbanas.

O cliente pode reservar pela Internet um carro para usar por algumas horas, sem precisar se preocupar com custo de combustível, impostos e outros gastos referentes à propriedade do veículo, como IPVA, DPVAT, licenciamento e seguro.

Um dos exemplos de utilização é chegar ao trabalho via transporte público e alugar um veículo para eventuais reuniões fora do escritório. Ao final do compromisso, o cliente devolve o carro no ponto em que o retirou.


"A era da informação criou uma geração mais aberta ao conceito de acessar o bem, em vez de ter o bem. As pessoas estão percebendo a mobilidade como serviço", afirmou o presidente da Zazcar, Felipe Barroso, em entrevista à Reuters. Segundo ele, 25 por cento dos 2.300 atuais usuários do serviço na empresa venderam seus carros ou deixaram de comprar novos veículos.

A Zazcar surgiu inspirada na Zipcar, criada nos Estados Unidos há cerca de 12 anos e que hoje tem mais de 760 mil clientes em 37 Estados no país. A companhia norte-americana recebeu em 2 de janeiro oferta de aquisição de 500 milhões de dólares pela gigante do aluguel de veículos Avis.

Ainda sem concorrentes em seu nicho, a Zazcar, oriunda da paranaense Ícaro Locadora e do grupo de engenharia AGF, está negociando injeção de capital que deve ser concluída no segundo trimestre junto a investidores nacionais e internacionais, disse Barroso, evitando dar números ou detalhes sobre as conversas.

Segundo o executivo, a Zazcar tem elevado seu faturamento em 180 por cento ao ano desde o início de suas operações e deve atingir lucro nos próximos dois anos. A intenção é vender aos investidores participação de 15 por cento na empresa na rodada de financiamento do segundo trimestre.

Por enquanto, a frota da Zazcar tem 60 carros distribuídos por 45 pontos da capital paulista. Barroso afirma que o mercado da cidade tem capacidade para 2.500 carros "compartilhados".

Perguntado se a companhia não teme a entrada das grandes redes de locação de veículos do país no segmento, como a Localiza, o executivo afirmou que "a entrada delas seria bem vinda até para expandir o conceito entre a população".


A empresa planeja para o segundo semestre expansão para o Rio de Janeiro e está avaliando também as cidades de Curitiba e Belo Horizonte.

A expectativa de Barroso é que a Zazcar amplie seu alcance para 11 cidades do país nos próximos cinco anos, prazo no qual espera ter um total de 210 mil clientes e frota de 2.800 carros.

A expansão do transporte público é um dos itens para a evolução da empresa uma vez que os serviços se complementam, disse Barroso. Mas isso depende em parte de mudanças na legislação, que impede a parada dos carros nas ruas pelos operadores do serviço, tornando mais difícil disponibilizar os veículos em locais mais convenientes, afirmou.

Apesar disso, a pesquisa da KPMG sugere crescimento no interesse pelo conceito de mobilidade como serviço, conhecido como "MaaS".

"Mais, mais e mais pessoas vão escolher não ter carro, preferindo acessar veículos e outras formas de transporte", afirma o estudo, que aponta que o mercado de MaaS pode alcançar 20 milhões de pessoas no Brasil, 32 milhões nos Estados Unidos, 18 milhões na Europa ocidental e 105 milhões na China.

Parte do interesse é a diferença de custo. Segundo a Zazcar, o valor de uma hora de táxi em São Paulo é de 73,20 reais enquanto quem utiliza os serviços da empresa gasta 27,90 reais.

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