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Aos 36 anos e grávida, esta mineira comanda uma startup que já levantou US$ 12 milhões

A mineira Roberta Vasconcellos lidera a Woba com o irmão, Pedro; juntos, eles criaram uma "nuvem" para escritórios por todo o Brasil

Roberta Vasconcellos, da Woba: “Se fizer sentido para você, vá e faça.” (Mariana Martucci/Exame)

Roberta Vasconcellos, da Woba: “Se fizer sentido para você, vá e faça.” (Mariana Martucci/Exame)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 8 de março de 2025 às 06h30.

Última atualização em 8 de março de 2025 às 11h50.

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A mineira Roberta Vasconcellos cresceu em uma família empreendedora e sempre soube que queria ter o próprio negócio. Começou cedo, ao lado do irmão, Pedro Vasconcellos, mas foi só depois de algumas tentativas – e agora, já como mãe – que encontrou o caminho certo.

Hoje, aos 36 anos, ela comanda a Woba, uma rede que conecta empresas a escritórios flexíveis em mais de 350 cidades, ao lado do irmão. Mas foram muitas conversas na cozinha de casa até a dupla chegar a criação da startup.

Em 2013, Roberta e Pedro lançaram a Tysdo, uma rede social para ajudar pessoas a realizarem seus objetivos. O app chegou a ter 200 mil usuários e foi destaque na App Store, mas faltava um modelo de negócios sustentável.

A dificuldade era encontrar uma solução que também fosse escalável. Em 2016, os dois tentaram de novo, dessa vez com a BeerOrCoffee, um aplicativo que incentivava o networking através de encontros presenciais. Mais uma vez, o mercado B2C não gerava receita suficiente e o negócio não escalou tanto quanto a dupla desejava.

Mas foi nesse período que a chave virou para a Woba: enquanto usavam escritórios compartilhados, perceberam como era cansativo ter que pensar em contas de luz, compras de utensílios e outras tarefas que não faziam parte do "core business" (ou seja, a atividade principal de uma empresa).

Assim, pivotaram o negócio, deixando de lado o networking para focar na oferta de escritórios sob demanda.

A Woba hoje

O que começou como uma plataforma de coworkings virou um negócio focado no setor imobiliário corporativo. A Woba permite que empresas aluguem espaços sem precisar lidar com contratos longos ou altos custos de infraestrutura.

Funciona como uma “nuvem” para escritórios: a empresa paga apenas pelo que precisa e pode ajustar conforme a demanda. Se um funcionário de uma empresa em São Paulo precisar de uma sala de reunião em Florianópolis, ele usa os créditos da Woba e encontra uma sala em minutos.

Portanto, apesar de parecer a rede de escritórios WeWork, as duas têm modelos diferentes. A americana oferece espaços compartilhados para trabalhar, enquanto a brasileira tem salas, escritórios inteiros e até mesas em restaurantes e cafés que podem ser utilizados para reuniões ou eventos.

Atualmente, a plataforma da Woba tem mais de 2.100 espaços de trabalho em 350 cidades — inclusive na Cidade do México e atende clientes como iFood e Itaú. Em 2021, a startup recebeu um investimento de US$ 10 milhões dos fundos Kaszek e Valor, além do apoio de Kees Koolen, fundador do Booking.com. A empresa não divulga dados como faturamento, mas afirma ter crescido 120% entre 2023 e 2024 e que, ao todo, já captou US$ 12 milhões.

Segundo a própria Woba, empresas que adotam o modelo conseguem reduzir custos com escritórios em até 50%. A expectativa é que, até 2030, 30% dos espaços corporativos sejam flexíveis – se essa previsão se confirmar, a startup estará no caminho certo.

Manuel Centeno, Roberta Vasconcellos e o filho, Daniel: a mineira e o marido aguardam o segundo filho

Mãe e empreendedora

Além de CEO, Vasconcellos é mãe de Daniel, de um ano e cinco meses, e está grávida de seis meses do segundo filho, João Vitor. A maternidade mudou sua relação com o tempo e a produtividade. Antes, era fácil estender reuniões ou encaixar mais compromissos na agenda. Agora, cada hora precisa ser bem planejada para que ela consiga equilibrar trabalho e família.

Foi, inclusive, no meio desse universo empreendedor que a mineira conheceu o marido, Manuel Centeno, guatemalteco e fundador de startup Yalo. Os dois se cruzaram no Cubo Itaú, em São Paulo, quando um amigo em comum os apresentou. Hoje, além de compartilhar a vida pessoal, os dois dividem o dia a dia do empreendedorismo.

Quando Daniel nasceu, tirar uma licença-maternidade completa parecia impossível. No início, muitos duvidaram que ela realmente conseguiria se desconectar da empresa. O período foi essencial não só para sua vida pessoal, mas também para entender que a empresa poderia seguir funcionando sem sua presença constante.

“Da primeira vez, foi um salto no escuro. Já sei o que esperar, montei minha rede de apoio e confio muito no meu time”, diz a mineira.

Vasconcellos acredita que não existe "momento certo" para empreender ou ter filhos. “Se fizer sentido para você, vá e faça. O importante é ter clareza sobre o que é inegociável e contar com outras mulheres para trocar experiências.”

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