Cozinha da Brastemp: a companhia tem sofrido com pressões de custos em várias áreas (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2015 às 09h15.
São Paulo - A venda de geladeiras, fogões e lavadoras da indústria para o varejo deve fechar o primeiro trimestre deste ano com uma queda da ordem de dois dígitos em relação ao mesmo período de 2014, segundo previsão para o mercado de João Carlos Brega, presidente da Whirlpool para América Latina.
Apesar desse recuo, que segundo executivo já era esperado em parte por uma questão de base mais forte de comparação - no ano passado as vendas tinham aumentado 10% no primeiro trimestre -, a empresa pretende reajustar preços no segundo trimestre.
O último reajuste de preço feito pela companhia foi no começo do ano passado.
A Whirlpool é dona das marcas Brastemp e Consul e a maior fabricante de eletrodomésticos da linha branca no País.
"Temos necessidade de aumentar preços para que a empresa continue saudável", afirma Brega.
Ele explica que a companhia tem sofrido com pressões de custos em várias áreas: desde contratos de aluguéis, dissídio da mão de obra, matérias-primas, como as resinas plásticas que são dolarizadas, até o aumento óleo diesel, que tem impacto direto no frete.
Segundo o executivo, espaço "nunca existe" para o mercado absorver a aumento de preço. Mas, no momento atual, a "pressão de custos está tão forte que passou dos limites", ressalta.
Normalmente, a empresa compensa os aumentos de custos com ganhos produtividade. Mas hoje essa compensação não está sendo possível. "Existe uma pressão de custo que não se consegue tirar por produtividade", diz.
O porcentual de aumento de preço não será linear: vai depender do produto, do cliente e da região do País.
No momento, a empresa também está acompanhando os indicadores que balizam o mercado, como o comportamento dos índices de inflação e a evolução da taxa de câmbio, já que muitas matérias-primas são cotadas em dólar, para avaliar em que patamar esse indicadores vão se estabilizar.
A decisão de aumentar os preços vem na sequência do ajuste de estoques. No mês passado, a empresa colocou cerca de 8 mil trabalhadores das fábricas de Joinville (SC), onde são produzidos os refrigeradores, e Rio Claro (SP), onde são fabricadas as lavadoras de roupa, em férias coletivas por 15 dias.
"Foi uma medida preventiva", afirma Brega. Ele explica que em dezembro o mercado não teve o crescimento de vendas esperado, fato que também se repetiu em janeiro.
A saída foi ajustar a produção ao nível mais fraco de vendas. "Hoje o nível de estoques está ajustado. Apesar de a economia ser muito dinâmica, com os dados disponíveis hoje não vemos necessidade de mais férias coletivas." Também, no momento, a empresa diz que não planeja demissões.
"Podem existir saídas pontuais, mas não temos no horizonte planos de uma grande reestruturação", pondera o executivo.
Ele diz que a empresa já fez as contas: vale mais a pena manter por quatro meses um empregado em casa, em férias coletivas ou usando outros expedientes previstos na lei, do que fazer demissões e depois ter custos para admitir e treinar a mão de obra.
'Minha Casa Melhor'
A decisão do governo tomada na semana passada de suspender temporariamente o programa "Minha Casa Melhor", que facilitava as vendas de móveis e eletrodomésticos para os beneficiários do programa habitacional "Minha Casa Minha Vida", não deve ter forte impacto nas vendas do setor.
Segundo o executivo, a retirada desse benefício pode ser compensada pelos volumes em outros canais de vendas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.