Negócios

WeWork abre números e mostra prejuízo de quase 2 bilhões de dólares

Às vésperas de abrir capital na bolsa, a americana WeWork divulgou crescimento exponencial, mas prejuízos que crescem na mesma velocidade

WeWork: empresa deve abrir capital na bolsa em setembro (Germano Lüders/Exame)

WeWork: empresa deve abrir capital na bolsa em setembro (Germano Lüders/Exame)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 14 de agosto de 2019 às 11h40.

Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 18h37.

Mais uma das startups de tecnologia que deve abrir capital neste ano, a empresa de espaços compartilhados WeWork divulgou na manhã desta quarta-feira, 14, números até então secretos de suas operações.

O faturamento foi de 1,8 bilhão de dólares em 2018, alta de mais de 200% em relação a 2017. O faturamento cresceu mais de 400% desde 2016.

O crescimento foi alto, mas o prejuízo também: as perdas foram de 1,9 bilhão de dólares no ano passado, o dobro do que foi perdido em 2017. Desde 2016, o prejuízo aumentou mais de 300%.

Nos primeiros seis meses de 2019, a WeWork -- que recentemente mudou o nome para The We Company -- já perdeu 904,6 bilhões de dólares e teve faturamento de 1,5 bilhão.

Os números seguem o caminho que vem se tornando tradicional entre as empresas de tecnologia que chegaram à bolsa neste ano, como os aplicativos de transporte Uber e Lyft, a rede de imagens Pinterest e o chat corporativo Slack. As empresas esperam que seus modelos inovadores, em determinado momento, conquistem o mundo e tragam um crescimento exponencial. Até lá, contudo, serão prejuízos atrás de prejuízos. Os investidores, dizem as empresas, serão recompensados quando o "vencedor levar tudo" (no ditado em inglês the winner takes it all).

"Crescemos significativamente desde nossa criação", disse a empresa no prospecto. A empresa ressalta que sua base de membros cresceu mais de 100% ao ano desde 2014.

A empresa deve abrir capital na bolsa em setembro, listada sob o nome de "WE". Com investimentos privados, a companhia foi avaliada até agora em 47 bilhões, depois que o SoftBank, maior investidor da empresa, fez outro aporte de 2 bilhões de dólares em janeiro. O maior acionista da empresa é a WE Holdings, controlada pelo fundador e presidente da WeWork, Adam Neumann.

Um dos maiores gastos da WeWork vem das locações e compras de ativos imobiliários nas regiões mais caras das cidades em que atua, no geral áreas centrais e com concentração de empresas de tecnologia ou do mercado financeiro. Em São Paulo, por exemplo, a WeWork aluga espaços em bairros como Pinheiros, Morumbi, Perdizes, Oscar Freire e avenida Paulista, alguns dos lugares com o metro quadrado mais caro da cidade. Assim, a empresa gastou em 2018 1,5 bilhão de dólares com seus ativos imobiliários, sem contar depreciação.

A empresa, contudo, tenta diferenciar seus prejuízos das perdas de nomes como a Uber. A diretora financeira da empresa, Artie Minson, disse à CNBC em maio que os investidores deveriam ver o prejuízo da WeWork como "investimento", uma vez que alugar escritórios é algo comum entre as empresas e "um modelo de negócio comprovado."

Expansão em larga escala

A WeWork nasceu em 2010, até então com dois prédios em Nova York, nos Estados Unidos, e com um total de 450 membros. Oito anos depois, fechou 2018 com 425 prédios em 100 cidades e 401.000 membros. Os dados mais recentes, de junho de 2019, mostram que a empresa está em 111 cidades e tem 527.000 membros.

A companhia começou a expandir para fora dos Estados Unidos em 2014, sendo as primeiras cidades internacionais Londres, na Inglaterra, e Tel Aviv, em Israel. Hoje, mais da metade de seus membros estão fora dos Estados Unidos (assim como 44% do faturamento), e a empresa aposta no mercado internacional para continuar crescendo.

Nas cidades em que está, a WeWork estima ter 149 milhões de membros "em potencial" e que poderiam lhe render 945 bilhões de dólares. A conta inclui trabalhadores com profissões descritas pela Organização Internacional do Trabalho, porque, segundo a WeWork, "assumimos que esses indivíduos precisam de espaço de trabalho no qual tenham acesso a uma mesa e outros serviços."

Para chegar até os membros em potencial, a WeWork diz que espera expandir "agressivamente" nas cidades onde já está. Outras 169 cidades também são classificadas como "alvos", lugares nos quais a WeWork teria espaço para operar no futuro. Assim, nas 280 cidades em que a empresa teria potencial para operar, o mercado potencial seria de 255 milhões de membros e geraria 1,6 trilhão de dólares.

Na busca pelo mundo corporativo global, o céu é o limite. Com esses cálculos, a WeWork diz ter potencial para crescer exponencialmente porque, nas cidades onde está, atingiu somente 0,6% da penetração potencial. No mundo, chega em apenas 0,2% do que poderia segundo seus cálculos.

Presença no Brasil

O prospecto da WeWork não mostra números específicos sobre o Brasil, onde a empresa opera desde 2017. Na América Latina, o primeiro prédio da WeWork foi aberto na Cidade do México, em 2016.

A empresa afirmou a EXAME em julho que tinha 19 edifícios no Brasil, que abrigavam 21.000 membros. Por aqui, a empresa tem prédios em Barueri (SP), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG). Até o primeiro trimestre de 2020, o plano é inaugurar 12 edifícios em cidades como Barueri, Osasco, Porto Alegre, Rio e São Paulo. A próxima inauguração será em Alegre, onde a empresa começa a operar em dezembro.

Acompanhe tudo sobre:aluguel-de-imoveisIPOsStartupsWeWork

Mais de Negócios

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'

Martha Stewart diz que aprendeu a negociar contratos com Snoop Dogg

COP29: Lojas Renner S.A. apresenta caminhos para uma moda mais sustentável em conferência da ONU