Funcionários inspecionam um Jetta na fábrica da Volkswagen em Puebla, no México (Susana Gonzalez/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 17 de julho de 2014 às 23h29.
Frankfurt - A Volkswagen, maior fabricante de automóveis da Europa, planeja imitar o lançamento de produtos em ritmo acelerado de empresas como a Apple para se adaptar mais rapidamente a mudanças nas demandas dos clientes por tecnologia em seus carros.
Para acelerar o desenvolvimento de veículos, a Volkswagen está formando uma força-tarefa que incluirá 40 a 60 de seus principais gerentes nos próximos meses, segundo documentos internos da empresa com sede em Wolfsburg, Alemanha, obtidos pela Bloomberg News.
O grupo identificará os passos necessários a serem modificados na abordagem tradicional do setor, de renovar os modelos a cada sete anos, em um momento em que as melhorias tecnológicas, incluindo a conectividade in-car e os motores elétricos, pedem tempos de reação mais rápidos.
“Como podemos encurtar os ciclos dos modelos de hoje e fazê-los significativamente mais flexíveis?”, disse o CEO Martin Winterkorn, na transcrição de um discurso aos gerentes feito em 14 de julho.
“Os eletrônicos de consumo com tecnologias e produtos cada vez mais novos definem o ritmo”.
O impulso da VW vem em um momento em que os automóveis absorvem novas tecnologias rapidamente.
O presidente dos EUA, Barack Obama, ressaltou nessa semana que a pesquisa em tecnologia das fabricantes americanas de carros permitirá que os veículos se comuniquem entre si para reduzir congestionamentos e acidentes.
A adaptação a estas mudanças é parte do esforço da VW para reduzir custos e melhorar a produtividade em sua marca principal em 5 bilhões de euros (US$ 6,8 bilhões) até 2017 depois que os ganhos de eficiência não conseguiram manter o mesmo ritmo devido aos crescentes encargos trabalhistas.
Carros autônomos
A VW está economizando com despesas de compras mais baixas, redução da complexidade e custos menores de fabricação. A companhia emprega quase 575.000 pessoas, mais do que qualquer outra fabricante de carros.
A VW tem procurado compensar sua pesada folha de pagamento compartilhando peças e custos de desenvolvimento entre suas 12 marcas.
Com uma concorrência feroz na Europa e altos custos para lançar novos modelos, como o Passat remodelado, a margem da marca Volkswagen caiu para 1,8 por cento das vendas no primeiro trimestre, contra 2,4 por cento um ano atrás.
A meta da empresa para sua maior marca é uma margem de 6 por cento. A Hyundai Motor teve uma margem operacional de 9 por cento no primeiro trimestre.
A fabricante de carros alemã não é a única a lidar com mudanças no setor.
As empresas que pretendem trazer carros autônomos ao mercado precisam trabalhar tanto no desenvolvimento de softwares quanto na engenharia mecânica, disse Maarten Sierhuis, o pesquisador que lidera o programa de veículos automatizados da Nissan Motor Co., em uma entrevista.
Meta em veículos
O CEO Winterkorn está focando na lucratividade com as vendas anuais do grupo a caminho de superar os 10 milhões de veículos pela primeira vez em 2014, quatro anos mais cedo que o planejado.
A Volkswagen deverá lançar 100 veículos novos ou atualizados até o ano que vem como parte de uma estratégia para destronar a Toyota Motor, atual líder global do setor, até 2018.
Aumentar o lucro é vital para a VW, considerando a chegada de mudanças de maior alcance para as fabricantes de carros em meio ao aperto das regulações a emissões, às novas tendências de mobilidade em áreas urbanas e às pesadas despesas de desenvolvimento de carros elétricos.
“Para poder pagar por isso precisamos criar a base econômica agora”, disse Winterkorn, segundo a transcrição. “Sem a apropriada base financeira qualquer estratégia fracassará”.