Mirabela: anúncio de suspensão do contrato pressionou as ações da mineradora australiana e causou uma série de reduções nas recomendações de agências de classificação de risco (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2013 às 09h38.
São Paulo - A Votorantim continuará comprando níquel da mineradora Mirabela, recuando de anúncio feito no final de setembro quando afirmou que interromperia em novembro contrato firmado em 2008 e que iria até o fim de 2014.
Apesar de seguir comprando o material, a decisão de fechar a partir do próximo mês a unidade de Fortaleza de Minas (MG), que produz mate de níquel para exportação, está mantida, informou o grupo brasileiro.
"Se a Mirabela tiver níquel para ser vendido, a Votorantim vai cumprir o contrato e avaliar o que fazer com o material comprado", informou a Votorantim, sem especificar qual o destino que será dado ao níquel comprado da mineradora.
Representantes da Mirabela não puderam ser contatados de imediato para comentar o assunto.
O anúncio de suspensão do contrato em 26 de setembro pressionou as ações da mineradora australiana e causou uma série de reduções nas recomendações de agências de classificação de risco sobre a dívida da empresa.
Em julho de 2008, a Votorantim Metais fechou acordo com a Mirabela Mineração do Brasil para a compra de 50 por cento da produção da mineradora no país até 2014.
A Mirabela informou na quarta-feira que não fez um pagamento de juros em 15 de outubro sobre dívida de cerca de 395 milhões de dólares. Também na quarta-feira, a mineradora divulgou que após conversas com a Votorantim o grupo brasileiro reviu sua decisão para continuar cumprindo o contrato até o final de 2014.
A Mirabela tem uma linha de crédito de 50 milhões de dólares com o Bradesco que é garantida pelo acordo de venda de níquel à Votorantim, informou a mineradora.
O acordo com a Votorantim envolveu concentrado de níquel produzido na mina Santa Rita, em Itagibá (BA). Segundo a Mirabela, a mina foi a maior descoberta de níquel sulfetado do mundo, depois de descoberta no Canadá em 1993 por empresa da Vale.
Na época do acordo, a Votorantim afirmou que o acerto permitiria à empresa ampliar a produção na unidade Fortaleza de Minas de 6 mil para 18 mil toneladas anuais.
Mas um aumento na produção chinesa pressionou os preços do níquel no mundo o que causou desequilíbrio econômico-financeiro da operação, segundo a Votorantim.
Depois de atingir pico de 48.700 dólares por tonelada no início de 2007, o preço do níquel caiu para 13.775 dólares na primeira metade deste ano.