Lucro foi abaixo do esperado mesmo com expansão maior do crédito (Fernando Lemos/VEJA Rio)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2012 às 17h57.
São Paulo - Novas perdas com o Banco Votorantim e provisões maiores diante de perdas esperadas com calotes fizeram o Banco do Brasil reportar lucro abaixo do projetado pelo mercado no primeiro trimestre, mesmo com expansão maior do crédito.
De janeiro a março, o maior banco da América Latina teve lucro líquido de 2,5 bilhões de reais, uma queda de 14,7 por cento na comparação anual e menor que os 2,7 bilhões de reais da média de 11 previsões obtidas pela Reuters.
A última linha acusou o aumento de 36 por cento da despesa com provisões para perdas com inadimplência, a 3,576 bilhões de reais. O BB previu que essa reserva tende a ficar na faixa de 3,5 bilhões a 3,8 bilhões de reais por trimestre daqui até o final do ano.
O movimento refletiu principalmente a constituição de reserva 272 por cento maior para o Banco Votorantim, a 794 milhões de reais. O banco, do qual o BB comprou 50 por cento do capital em setembro de 2009, registrou um prejuízo de 597 milhões de reais no trimestre.
Além disso, o BB viu um leve avanço na inadimplência, medida pelo saldo de calotes com atraso de mais de 90 dias, de 2,1 para 2,2 por cento, na comparação anual.
"Esse número deve ficar estável nos próximos dois trimestres e passar a cair no final do ano", disse a jornalistas o vice-presidente de gestão financeira e de relações com investidores, Ivan Monteiro, nesta quinta-feira.
A deterioração da carteira ofuscou o avanço de 19 por cento da carteira de crédito ampliada da instituição em doze meses, acima da média dos concorrentes, a 473,1 bilhões de reais. O movimento foi puxado pela expansão das linhas direcionadas para empresas.
Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil, que já divulgaram resultados do trimestre, também aumentaram as previsões para perdas em função de maior inadimplência que, nos três casos, variou de 4,1 a 5,1 por cento no período.
Os números do BB não incluem os efeitos dos agressivos cortes de juros implementados pelo BB no mês passado em várias linhas para empresas e para o varejo, em meio à ofensiva do governo para forçar a queda dos spreads bancários, que envolveu também a Caixa Econômica Federal.
De acordo com o vice-presidente de negócios de varejo do BB, Alexandre Abreu, os desembolsos diários médios do banco desde o anúncio do programa cresceram 48 por cento.
"Se essa tendência permanecer, poderemos rever a estimativa de crescimento da carteira para o ano", disse Abreu. A projeção atual do banco é de expansão de 17 a 21 por cento.
Na sexta-feira, o BB vai anunciar novas medidas para facilitar o acesso a crédito. Segundo a Reuters apurou, o objetivo é estimular a portabilidade, ou seja, tentar fazer que pessoas que tenham financiamento em outros bancos transfiram o empréstimo para o BB, que oferecerá taxas menores.
Para semana que vem, a promessa é de cortes nas taxas de administração de alguns fundos de investimentos, seguindo o que já fez também a Caixa.
Às 16h27, a ação do BB na Bovespa tinha queda de 1,22 por cento, a 22,66 reais. No mesmo instante, o Ibovespa recuava 0,51 por cento.
Índices
O BB teve uma rentabilidade sobre o patrimônio de 18,1 por cento, uma queda de 6,8 pontos percentuais em um ano. O índice de eficiência sofreu uma piora de 4,3 pontos, para 45,2 por cento. Também no ano a ano, o índice de Basileia do banco cresceu 0,2 ponto, para 14,3 por cento.
No fim de março, os ativos totais de BB somavam 1 trilhão de reais, tendo subido 16 por cento em um ano.