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Voos de longa distância não devem se recuperar até 2023

Enquanto vacinas não começarem a reduzir taxas de infecção e mortalidade, governos devem continuar receosos de receber visitantes internacionais

An international terminal at John F. Kennedy Airport on Jan. 25. Commercial flights worldwide as of Feb. 1 wallowed at less than half pre-pandemic level. (Bloomberg/Bloomberg)

An international terminal at John F. Kennedy Airport on Jan. 25. Commercial flights worldwide as of Feb. 1 wallowed at less than half pre-pandemic level. (Bloomberg/Bloomberg)

PB

Paula Barra

Publicado em 6 de fevereiro de 2021 às 08h54.

(Bloomberg) -- Quando as vacinas contra o coronavírus começaram a ser distribuídas no final do ano passado, havia uma sensação palpável de otimismo. As pessoas começaram a visitar sites de viagens, e companhias aéreas ficaram animadas com a perspectiva de retomar os voos. A Ryanair até lançou a campanha “Jab & Go” (algo como vacinar e viajar) com imagens de jovens de 20 e poucos anos de férias, bebidas na mão.

Não está funcionando dessa maneira.

Para começar, não está claro se as vacinas realmente impedem viajantes de espalharem a doença, mesmo que sejam menos propensos a contraí-la. As vacinas também não foram comprovadas contra as variantes mais contagiosas que levaram governos da Austrália ao Reino Unido a fecharem, em vez de abrirem, as fronteiras. Um esforço ambicioso das operadoras por passaportes de saúde digitais para substituir as quarentenas obrigatórias, que afetam a demanda por viagens, também enfrenta vários desafios e ainda precisa convencer a Organização Mundial da Saúde.

Essa sombria realidade adiou expectativas de qualquer recuperação significativa das viagens globais pelo menos até 2022. Isso pode ser tarde demais para salvar as muitas companhias aéreas com apenas alguns meses de caixa restante. E o atraso ameaça acabar com a carreira de centenas de milhares de pilotos, tripulantes de voo e funcionários de aeroportos que já estão sem trabalho há quase um ano. Em vez de um retorno à conectividade mundial - um dos milagres econômicos da era dos jatos -, o isolamento internacional prolongado parece inevitável.

“É muito importante que as pessoas entendam que, no momento, tudo o que sabemos sobre as vacinas é que elas reduzirão de maneira muito eficaz o risco de doenças graves”, disse Margaret Harris, porta-voz da OMS em Genebra. “Ainda não vimos nenhuma evidência indicando se interrompem ou não a transmissão.”

No entanto, é possível que ocorra uma recuperação sem a necessidade de passaportes de vacina. Se as vacinações começarem a reduzir as taxas de infecção e mortalidade, os governos se sentirão mais seguros para reverter as quarentenas e outras restrições de fronteiras, e confiar mais nos testes de Covid-19 para passageiros antes dos voos.

Os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, eliminaram amplamente as restrições de entrada, exigindo apenas um teste negativo. Embora reguladores do Reino Unido tenha vetado o anúncio “Jab & Go” da Ryanair por considerá-lo enganoso, o diretor-presidente da companhia aérea de baixo custo, Michael O’Leary, ainda espera que quase toda a população da Europa seja vacinada até o final de setembro. “Esse é o ponto em que seremos liberados dessas restrições”, disse. “As viagens de curta distância irão se recuperar forte e rapidamente.”

Por enquanto, porém, os governos continuam receosos de receber visitantes internacionais e as regras mudam ao menor sinal de problema. A Austrália fechou suas fronteiras com a Nova Zelândia no mês passado, depois que o governo neozelandês registrou um caso de Covid-19 na comunidade.

“O tráfego aéreo e a aviação estão realmente no fim na lista de prioridades dos governos”, disse Phil Seymour, presidente e responsável por consultoria de serviços de aviação do IBA Group, com sede no Reino Unido. “Vai ser um longo caminho para sair disso.”

Tudo isso significa que uma recuperação no tráfego aéreo de passageiros “é provavelmente algo para 2022”, de acordo com Joshua Ng, diretor da Alton Aviation Consultancy, de Cingapura. As viagens de longa distância podem não ser retomadas adequadamente até 2023 ou 2024, prevê.

--Com a colaboração de Justin Bachman, Mary Schlangenstein e Siddharth Vikram Philip.

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