Volkswagen: fabricante alemã manteve diferença de cerca de 70.000 veículos ao longo dos 11 primeiros meses do ano, segundo dados das fabricantes (Christian Charisius/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 20h30.
A Volkswagen AG está prestes a vender mais veículos na China que a General Motors Co. pela primeira vez em nove anos, retomando seu lugar como maior fabricante estrangeira de carros no maior mercado de automóveis do mundo.
Ambas as empresas superaram suas metas de entregar mais de 3 milhões de veículos na China neste ano, com a Volkswagen passando a marca em 5 de dezembro e a GM, uma semana depois. A fabricante alemã manteve uma diferença de cerca de 70.000 veículos ao longo dos 11 primeiros meses do ano, segundo dados das fabricantes.
A concorrência deverá se intensificar entre as maiores fabricantes europeias e americanas, que anunciaram combinados US$ 36 bilhões em investimentos na China mesmo em um momento em que mais cidades do país estudam restrições a veículos para reduzir a poluição. A Toyota Motor Corp., que ainda está se recuperando de um recuo dos consumidores, foi superada pela Ford Motor Co. no país neste ano.
“A China é o grande campo de batalha”, disse Klaus Paur, chefe global automotivo em Xangai da empresa de pesquisa de mercado Ipsos. “Ao mesmo tempo, há um risco de uma dependência excessiva do mercado chinês. Enquanto isso estiver funcionando bem, é maravilhoso, mas se algo der errado, a exposição ao risco será ainda maior”.
A Volkswagen disse no mês passado que investirá 18,2 bilhões de euros (US$ 25 bilhões) até 2018 para expandir-se na China. Nos primeiros 11 meses do ano, a fabricante com sede em Wolfsburg, Alemanha, aumentou as vendas em 17 por cento, para 2,96 milhões de veículos, com sua marca homônima respondendo por quase 80 por cento das entregas. A fabricante possui também as marcas Skoda, Audi, Porsche, Bentley, Lamborghini e Seat.
Participação de mercado
“É preciso entender que, neste momento, nós realmente temos problemas de capacidade”, disse Jochem Heizmann, presidente e CEO de operações da Volkswagen na China, no mês passado, em entrevista. “Nós poderíamos vender mais”.
Na GM, o novo ano será marcado por mudanças na liderança.
Mary Barra sucederá Dan Akerson como CEO em janeiro, tornando-se a primeira CEO mulher na indústria de carros. Na China, Matthew Tsien foi nomeado para gerenciar o maior mercado da GM a partir de janeiro, ocupando o cargo de Bob Socia, que está se aposentando.
A GM lançará quatro novos modelos Chevrolet na China no ano que vem, segundo John Stadwick, vice-presidente de vendas e marketing. A falta de novos modelos tem dificultado o crescimento da marca, que ficou atrás da média da indústria neste ano, disse Socia em outubro.
O risco cada vez maior das projeções otimistas para a venda de veículos na China -- a Ford prevê 32 milhões ao ano até 2020 -- é a poluição, que se tornou a maior fonte de reclamações do país e está forçando as autoridades a impor restrições ao uso e à propriedade de veículos.
Tianjin, uma cidade portuária a cerca de 114 quilômetros de Pequim, tornou-se o último município a limitar o número de novos licenciamentos de placas, segundo a agência oficial de notícias Xinhua.
Licenciamento de placas
A cidade se junta a Pequim, Xangai, Guangzhou e Guiyang entre aquelas que controlam o número de novos veículos permitidos a cada ano para reduzir o congestionamento e as emissões.
Xanghai ficou coberta de poluição neste mês e está estudando a cobrança de uma taxa de congestionamento que será a primeira da China se for implantada. A cidade já estabeleceu um limite para o número de novos licenciamentos a cada ano e os comercializa por meio de leilões.
Outras cidades, como Shenzhen, Chengdu e Chongqing, estão estudando a possibilidade de estabelecer cotas para lidar com os congestionamentos, disse a associação de fabricantes de automóveis em julho.
“Tianjin não será a última cidade a limitar a compra de veículos”, disse Cao He, analista de automóveis em Pequim da China Minzu Securities Co., que prevê que cinco cidades colocarão limites às compras de veículos no ano que vem. “A parte irônica desse tipo de política é que ela pode, na verdade, incentivar a aquisição de carros em muitas cidades, pois as pessoas estão preocupadas com a possibilidade de que a proibição caia sobre suas cabeças do dia para a noite”.