Trabalhadores na fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais, Paraná (Divulgação/Volkswagen)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2014 às 18h28.
São Paulo - O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, avaliou nesta terça-feira, 28, que as vendas de automóveis no País podem crescer até 4% em 2015, dependendo das mudanças na economia a serem anunciadas pelo governo federal, mas não se mostrou otimista em relação a uma real disposição da presidente Dilma Rousseff em implementar as reformas necessárias no segundo mandato.
As declarações foram dadas durante entrevista à imprensa no Salão Internacional do Automóvel.
Segundo ele, não basta para o setor apenas manter a redução do IPI: é preciso um pacote de medidas que possam aumentar as vendas de veículos, entre elas o incentivo à exportação por meio da redução do chamado Custo Brasil.
Ele destacou, contudo, que a medida mais urgente deve ser o incentivo à concessão de financiamentos, por meio da redução dos custos dos bancos.
Ele citou também a necessidade de um programa de renovação de frota, como aconteceu na Alemanha, EUA e Itália.
O presidente avaliou que 2015 será um ano de ajustes. Ele destacou que a Volkswagen ainda tem um estoque "maior do que deveria".
Por conta disso, defendeu a ampliação do período de lay-off (afastamento temporário do trabalhador) para "qualquer tempo" além do máximo de cinco meses estabelecidos pela legislação atual.
Mais cedo, o presidente da GM no Brasil, Santiago Chamorro, afirmou que a empresa e outras montadoras voltaram a negociar com o governo a ampliação para, no mínimo, um ano.
Schmall informou que atualmente 1,2 mil funcionários da Volkswagen estão em lay-off nas quatro fábricas da marca espalhadas pelo Brasil. "Ainda precisamos fazer ajustes, por isso faz sentido prolongar", defendeu.
O presidente da empresa fez questão de ressaltar, contudo, que a companhia também tem utilizado outras medidas para ajustar estoques, como concessão de folgas por banco de horas acumuladas e férias coletivas.
Com o alto nível de estoques em várias montadoras, Schmall afirma que a Volkswagen projeta que o mercado automotivo brasileiro deve encerrar 2014 com vendas abaixo de 3,4 milhões de unidades.
Para 2015, com a "esperança de melhora", ele afirma que as vendas devem crescer entre 3% e no máximo 4%, dependendo das mudanças aguardadas.
Questionado se acredita na real chance de reformas por parte de Dilma, ele ironizou: "Acredito quando vou à igreja no domingo".
Mesmo com projeções não muito animadoras, Schmall afirmou que a Volkswagen mantém o plano de investir até R$ 10 bilhões entre 2012 e 2018. "Nenhuma montadora define seu plano de investimentos pela situação atual", afirmou.
"O potencial de crescimento do mercado brasileiro é grande", justificou, destacando que a população é jovem e, ao mesmo tempo em que 40% ainda não têm condição de comprar um carro atualmente no País, está havendo um aumento da classe média.