Alexandre Frankel, fundador da Vitacon: “Nosso objetivo é prover um estilo de vivência mais leve”, afirmou (Vitacon/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 15 de outubro de 2019 às 13h00.
Última atualização em 19 de novembro de 2019 às 19h56.
A incorporadora paulistana Vitacon acredita que as pessoas preferem conveniência e mobilidade, mesmo que isso signifique habitar em espaços pequenos. Ao longo da última década vem esticando o modelo. Começou com apartamentos de 30 metros, 20 metros, 10 metros quadrados. Essas unidades já eram menores que uma van. Dava para ir além? Dava. Agora, a Vitacon vai lançar um quarto de hotel com 2 metros quadrados.
Os Pods, como são chamados os espaços, são inspirados em hotéis cápsula em Nova York e Washington e serão os menores da América Latina. O hotel On Pods Itaim será lançado nas próximas semanas na região da Vila Olímpia, em São Paulo. Há outro projeto em construção na região da Paulista, também em São Paulo, que deve ser inaugurado até o fim do ano.
O hotel é voltado para pessoas de passagem na cidade, que viraram a noite no escritório trabalhando ou que precisam de um cochilo depois de uma festa, ou do almoço. O custo será de 25 reais por hora. Ou seja, para uma noite de sono de oito horas, será necessário desembolsar 200 reais.
Sem restrições para horários de check in ou check out, as reservas são feitas pelo site e aplicativo da HOUSI, startup de moradia da Vitacon. Depois de fazer o check-in digital, os hóspedes deixam seus pertences em um armário privativo e recebem um kit com pijama, máscara de dormir, toalhas e chinelo. Itens de higiene, como shampoo, sabonete, escova e pasta de dentes serão opcionais.
De acordo com a empresa, as cápsulas são totalmente higienizadas a cada check-in e toda roupa de cama é substituída. Os vestiários, lockers e chuveiros também passarão por nova limpeza a cada uso.
O On Pod Itaim conta com lounge com WiFi para trabalhar, estudar ou apenas se manter conectado, conveniências como geladeira Grab and Go, cafeterias, armários e chuveiro privativo com vestiário. O empreendimento também terá à disposição vários modais de transporte, como carro compartilhado, patinete e bicicleta, que já existem em outros empreendimentos da Vitacon.
Criada em 2010 pelo engenheiro paulistano Alexandre Frankel, a Vitacon entregou 61 projetos e tem 46 lançamentos. Para a incorporadora, a tendência é morar em lugares menores, próximos ao trabalho, e se mudar com mais frequência. Por isso, acredita que comprar um apartamento é cada vez menos um sonho de consumo para jovens, solteiros ou famílias pequenas.
A incorporadora lança studios a partir de 10 metros quadrados e tem até projetos de "co-living", com apartamentos pequenos e espaços como lavanderias e sala de estar compartilhados entre todos os moradores.
Em outubro do ano passado, a companhia lançou seu primeiro prédio voltado totalmente para a locação. Ergueu um prédio com 100 apartamentos, mas não irá vender nenhum deles, alugando os espaços por períodos de poucos dias até três anos.
Por meio do site e do app Housi, gerencia reservas, contratos, check in e check out e limpeza. A plataforma de moradia sob demanda Housi, spin-off da Vitacon, foi criada neste ano. Em maio, anunciou a conexão com a Rappi, aplicativo colombiano de delivery de tudo, para a locação dos espaços.
Já são três prédios voltados exclusivamente para a locação. A empresa aposta tanto nesse modelo que, a partir de 2020, não deverá vender mais nenhum apartamento a moradores finais.
“Não acredito no modelo em que a pessoa imobiliza seus ativos, financiando um imóvel por 30 anos. Ou vive indo ao cartório e enfrentando burocracias ao longo de sua vida de proprietário. Nosso objetivo é prover um estilo de vivência mais leve”, afirmou Frankel em entrevista a EXAME em julho de 2019.
Para a Vitacon, alugar os apartamentos é uma forma de manter a ocupação em seus lançamentos, o que ficou mais duro durante a crise econômica. A construção civil encolheu 20,5% de 2014 a 2018. A expectativa é que haja crescimento em 2019 — um tímido 1,3%.
A incorporadora está de olho em jovens desapegados e em busca de experiências mais leves e digitais. Para impulsionar seus hotéis cápsula, precisará convencê-los de que toda essa praticidade compensa a experiência de uma noite em apenas dois metros quadrados.