Vespa, da Piaggio: empresa é dona de 25% do mercado de scooters europeu (Divulgação Piaggio)
Tatiana Vaz
Publicado em 5 de outubro de 2016 às 18h29.
São Paulo – “Pensar em um mundo sem Vespas é como ter um café da manhã sem café, um jantar sem pizza... os brasileiros merecem tê-las nas ruas”, disse o italiano Giuseppe de Paola, VP da Asset Beclly, que com o Grupo Piaggio, está trazendo a marca para o país.
O fundo de investimento e a companhia italiana especializada em scooters traçaram juntas os planos de entrada do negócio, com metas ambiciosas, ainda mais em tempos de crise.
A expectativa é vender 2.000 unidades ainda este ano – número que subirá para 12.000, em 2017, e 35.000, em 2018, quando a Piaggio espera ter uma fábrica própria, provavelmente em Manaus, para a produção também de outros modelos do grupo (ainda não definidos).
As vendas começam, pela internet, na próxima segunda-feira, dia 10, apenas para a série especial Primavera 150, de mil unidades numeradas e com grafismos especiais.
O Brasil também receberá o modelo Primavera com motor de 125 cm³, o Sprint 150, GTS 300 com ABS e 946 Emporio Armani 150 com ABS – essa feita em comemoração aos 400 anos da marca.
O anúncio foi feito na tarde de ontem, em um belo espaço da cobertura do JK Iguatemi, em São Paulo, lugar que abrigará a primeira boutique da marca no Brasil.
“Não teremos concessionárias porque seria como tomar um espumante em uma taça de plástico”, explicou Longino Morawski, presidente do Grupo Piaggio Brasil.
A companhia investirá entre R$ 5 milhões a R$ 7 milhões em cada uma das lojas, que abrigarão o conceito da tecnologia, modernidade e estilo em um único espaço.
Ao todo, oito delas serão abertas em 2016, dez em 2017 e outras 22 em 2018. As duas primeiras têm inauguração previstas para 22 de outubro nos shoppings JK Iguatemi, em São Paulo, e Iguatemi, em Campinas, interior paulista.
Nas boutiques, as Vespas serão expostas em um espaço central, entre um requintado café e lounge para possíveis encontros de fãs da marca, e outro destinado ao pedido do produto e atendimento diferenciado.
“Os vendedores serão grandes conhecedores da marca, terão uma Vespa e toda a habilidade para lidar com o público diferenciado que queremos atingir”, explica Morawski.
O preço? Bom, esse ninguém abriu, mesmo com a insistência dos jornalistas.
“Será um preço competitivo, mas que abarque toda a vantagem da experiência de ser dono de uma Vespa”, disseram.
Novo arranque
A Vespa já foi vendida no país na década de 80, fruto de uma parceria entre a Piaggio e a Caloi, que fazia a montagem das scooters.
Desta vez, no entanto, a especialista nos modelos entrará de forma direta. O risco, garante, será menor, porque desta vez o país está preparado para receber os produtos.
Dona de um faturamento mundial de 1,2 bilhão de euros e de 25% do mercado de scooters da Europa, a Piaggio acredita em um novo arraque do setor ainda neste ano.
O motivo está no perfil das pessoas que ela pretende conquistar por aqui.
“Vemos com clareza a ascensão de um novo tipo de consumidor urbano e queremos abocanhar uma fatia de mercado que antes nem existia”, afirmou Morawski otimista.
Ele explica que o setor de duas rodas no país hoje se divide entre motos streets, com opções mais leves e de uso diário, e modelos de alta cilindrada, mais potentes, pesadas e caras.
“Queremos atingir os que se encaixam na faixa intermediária, casais modernos, executivos descolados, mulheres que não querem abrir mão de ser elegante ao pilotar uma moto”, diz.
Além do perfil de consumo diferente, a companhia acredita na melhora das vendas como um todo. A expectativa é que o mercado retome o patamar de 2011, melhor nível da história do setor no Brasil.
Na época, dois milhões de motos eram vendidas por ano – a previsão é que 2016 seja fechado com 1,15 milhão de unidades comercializadas.
Pelas contas da Piaggio, em 2020 o país deve voltar ao patamar de 1,62 milhões e assim progressivamente.