Modelo Classic de 150 cilindradas em exposição no Salão Duas Rodas 2019 (Juliana Estigarríbia/Exame)
Juliana Estigarribia
Publicado em 1 de dezembro de 2019 às 09h00.
Última atualização em 1 de dezembro de 2019 às 10h00.
Difícil desassociar scooters da icônica marca Vespa, que ficou famosa ao compor cenas de clássicos do cinema, como La Dolce Vita, por exemplo. Há cerca de três anos no Brasil, a montadora quer crescer para além do círculo de fãs, com modelos mais acessíveis, porém, sem perder o estilo.
A marca tem 73 anos de história. Nasceu no período pós-guerra, quando a Itália demandava mobilidade. Naquele momento, o grupo Piaggio atuava em outros segmentos e resolveu fazer uma scooter com um conceito diferente. Segundo o grupo italiano, a Vespa é a única scooter que tem uma só peça de aço, o que garante durabilidade, e por isso ainda existem modelos com mais de 50 anos rodando por aí.
Além disso, o apelo também é estético. “A Vespa é um conceito de estilo que extrapolou as fronteiras da Itália”, afirma Giuseppe de Paola, presidente da Asset Beclly Piaggio Brasil, que detém a marca no país.
As negociações para a chegada da marca ao país - que já havia passado por aqui na década de 1980 - começaram em meados de 2015. Foi justamente nesse período que as vendas de scooters começaram a deslanchar, com uma demanda por mobilidade cada vez maior no país.
A primeira Vespa comercializada no Brasil, em 2016, custava cerca de 32 000 reais. “A Vespa Primavera, de 150 cilindradas, chegou com um preço bastante alto, pois era voltada para aqueles que queriam a volta da marca ao país”, conta.
Agora, a estratégia é expandir as vendas com modelos mais baratos. A Vespa Club 125 terá preço sugerido de 14 980 reais.
“Não se trata só de um downgrade da motorização, essa diferença não é percebida no produto. O mercado mudou muito, o consumidor quer mobilidade e nós nos adaptamos”, destaca o executivo. “Começamos com nosso produto top de linha, as vendas foram rápidas no início, mas sabíamos que era um nicho de mercado. Depois, trabalhamos com uma estratégia de produto mais próximo do brasileiro.”
O primeiro espaço de apresentação da marca, temporário, foi aberto dentro do JK Iguatemi, shopping de alto padrão na capital paulista. Agora a montadora conta com duas lojas, uma em São Paulo e outra em Belo Horizonte, Minas Gerais.
A meta é abrir as chamadas “butiques” em Goiânia (GO), Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro (RJ). “Nossa estratégia é cobrir 85% do mercado brasileiro”, diz De Paola. Ele conta que a concessionária do bairro do Morumbi é a segunda maior do grupo no mundo.
Em 2018, a montadora vendeu 480 unidades no Brasil e, para este ano, projeta encerrar o ano com 600 emplacamentos. A montadora foi a primeira do segmento a lançar um e-commerce no país, em 2015. “Foi interessante porque clientes do Norte e do Nordeste compraram uma Vespa. No setor automotivo, as vendas online ainda são restritas”, diz De Paola.
Com dois modelos de série à disposição no mercado brasileiro, a Vespa quer aparecer. Se o consumidor quiser qualquer modelo do portfólio global, basta encomendar.
“O cliente da marca é bem decidido. E o consumidor, no geral, já chega à concessionária bem informado. O vendedor só tem que dar o impulso final da venda”, opina o executivo. “A Vespa tem muita imitação, mas nenhuma dura 50 anos”, garante.