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Venture capital Bossanova troca de comando, anuncia nova marca e planeja investimentos na plataforma

Venture capital já investiu em mais de 1.500 empresas em sete anos de atuação

Paulo Tomazela e João Kepler, da Bossa Invest: novo CEO vai ampliar a gestão da venture capital (Bossa Invest/Divulgação)

Paulo Tomazela e João Kepler, da Bossa Invest: novo CEO vai ampliar a gestão da venture capital (Bossa Invest/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 31 de agosto de 2023 às 08h00.

Conhecida venture capital brasileira, a Bossanova Investimentos anuncia nesta quinta-feira, 31, em evento para convidados, mudanças em sua governança e em sua marca. A empresa passará a se chamar Bossa Invest e contará com um novo CEO, Paulo Tomazela. 

Tomazela já foi sócio e conselheiro em várias companhias. Trabalhou por sete anos como executivo da Fiat e, até recentemente, atuava como head de fundos da KPTL. 

O atual CEO da Bossanova Investimentos, João Kepler, irá para um cargo recém-criado chamado Chief Visionary Officer (CVO). A ideia é que ele atue em um papel institucional, como conselheiro e em relacionamentos com empreendedores e investidores. 

A decisão parte de um desejo de Kepler de sair do dia-a-dia executivo da companhia para focar em eventos institucionais e também educacionais sobre investimentos. Também dialoga com um desejo da companhia de conseguir fazer IPO em Nasdaq em 2026.

“Não vamos fazer nenhum cavalo de pau”, afirma o atual CEO, Kepler. “O que vamos fazer é o que falta para Bossa atingir seu sonho grande de nova estruturação. Vamos preparar a empresa para um novo patamar de organização, gestão, time e performance. A gente só vai chegar lá na frente se tivermos pessoas mais preparadas. Isso começa com a mudança do CEO. Eu sou muito bom em algumas atividades, menos bom em outras. Acho que agora é a hora de entendermos isso. Fomos uma startup no começo, e chega no momento de scale-up”.

Quem é o novo CEO da Bossanova

Engenheiro mecânico de formação, o novo CEO da Bossa Invest passou por empresas como a Stellantis (ex-Fiat) e a Plascar. Ele se mudou de São Paulo para Minas Gerais nos anos 1990, à época em que a Fiat quis trazer indústrias paulistas, que eram fornecedores, para perto de sua fábrica. 

“Eu ajudei a montar as filiais das indústrias paulistas em Minas Gerais”, diz Tomazela. “E foi lá em Minas que eu conheci uma turma que tentava tirar as inovações das universidades brasileiras do papel e transformar em empresas. Foi quando comecei a pensar em aceleração”.

Em 2009, sai da indústria mobilística para montar o que chama de “uma venture capital longe da Faria Lima”. Os cheques que assinava eram para empresas de até 100 milhões de reais em faturamento. 

Sócio-fundador da Inseed Investimentos, que se fundiu com a A5 Capital Partners para criar a KPTL, Tomazela foi Head dos fundos Criatec 1 e 3 e tem reconhecida habilidade no desenvolvimento de startups.

Quais as outras novidades

Além de mudar de CEO, a Bossa também investirá mais em seu braço de tecnologia e educação. Por isso, está lançando a Clubb.vc, uma plataforma de educação, informação e investimento para ampliar o conhecimento sobre venture capitals. Também vai abrir uma área de Dados & Reports para trazer mais qualidade, assertividade e tendências. O aplicativo também será reformulado para oferecer produtos como acompanhamento dos investimentos e uma plataforma de mentoria e aceleração das startups.

“A gente já tinha umas ferramentas, mas ela não era um produto segmentado”, diz Tomazela. “Essas novas ferramentas serão integradas, um produto mesmo do negócio”. 

Por que das mudanças

“Eu era o piloto de caça que precisava fazer manobras radicais. Agora, esse caça se transformou em um Boeing, e precisamos deixar as coisas tranquilas para continuar crescendo”, afirma Kepler. Ele conduziu a Bossa por oito anos e, nesse caminho, investiu em mais de 1.500 startups.

Agora, o CEO quer um novo executivo que consiga administrar o crescimento da Bossa e lançar novos produtos para garantir um IPO em três anos. 

“De novo, não é um cavalo de pau”, diz Kepler. “Mas colocar um piloto que tem capacidade de desviar turbulência, manter passageiros acomodados, tranquilos, para ter velocidade de cruzeiro e ir mais longe do que já fomos”. 

A mudança de marca e de CEO também representará um novo momento para a empresa. Ela continuará apostando em early stage, que foi como se consolidou, mas trabalhará para ter cheques maiores. 

Como foi a mudança

A vontade de mudar surgiu na cabeça Kepler em julho do ano passado, e se concretizou em novembro de 2022. Foi naquele mês que a Bossanova contratou uma consultoria para buscar a substituição. “Em nenhum momento os sócios se reuniram e falaram que não me queriam mais”, diz o atual CEO. “Foi uma coisa que partiu de mim. Eu entendi que não tinha competência sozinho para atingir o sonho grande da Bossa”. 

A consultoria sugeriu alguns nomes, mas o match com Tomazela surgiu mesmo nos últimos 45 dias. Kepler entendeu que era uma boa oportunidade para alguém tradicional no mercado de ventures capitals se aproximar da Bossa. 

“Quando me procuraram que tinha uma casa de venture capital querendo trocar de comando, não estava na lista de chutes iniciais a Bossanova”, diz Tomazela. “Foi uma alegria quando soube que era a Bossa. O que João construiu não é nada trivial”. 

Quem é a Bossa

A Bossanova já investiu em mais de 1.500 startups e realizou mais de 1.900 investimentos. Os cheques costumam ficar na casa dos 100.000 reais aos 900.000 reais. São sete anos de atuação. 

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