Máquinas da linha amarela: setor enfrentou uma profunda crise nos últimos anos (Daniel Acker/Bloomberg)
Juliana Estigarribia
Publicado em 28 de novembro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 28 de novembro de 2019 às 07h00.
A indústria de máquinas de construção vem conseguindo se recuperar da forte crise dos últimos anos. O setor deve encerrar 2019 com um crescimento das vendas de 37%, puxado principalmente pelo reaquecimento do mercado imobiliário.
A maior parte das máquinas comercializadas no setor é utilizada na movimentação de terra - a chamada linha amarela (por isso a cor delas). Uma escavadeira, por exemplo, custa em média 400 mil reais. E em um país cujo déficit de moradia e infraestrutura é enorme, importantes players globais disputam esse valioso mercado: a norte-americana Caterpillar, as italianas Case e New Holland, a sul-coreana Hyundai Heavy Industries, entre outras.
De acordo com o estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), divulgado nesta quinta-feira, 28, as vendas de linha amarela devem encerrar o ano com um avanço de 31%, para 16,6 mil unidades.
Nesse segmento, a maior parte das vendas se concentra nas retroescavadeiras, categoria que deve apresentar um avanço de 57% no ano.
Embora o crescimento seja expressivo, ainda há muita ociosidade na indústria. A capacidade instalada total dos fabricantes, que se prepararam há alguns anos para atender a uma demanda muito maior, gira em torno de 60 mil unidades.
O auge do setor aconteceu em meados de 2010, quando o Brasil ficou conhecido lá fora como um “grande canteiro de obras”. O mercado brasileiro, que tinha cerca de dez marcas de linha amarela, passou a ter mais de 40.
“Estamos enfrentando uma corrosão dos preços até hoje. Os custos cresceram muito, mas não conseguimos repassar esses aumentos”, diz Roque Reis, vice-presidente da Case Construction América Latina.
Para mitigar os efeitos da crise, os fabricantes adotaram algumas estratégias. Uma delas é a exportação. “Exportamos 30% da produção. A grande maioria das fábricas se voltou para o mercado externo”, relata Reis.
Outra grande aposta do setor é o agronegócio. As grandes áreas cultivadas precisam ser preparadas e os equipamentos de construção têm sido usados cada vez mais na atividade. “O agronegócio já é uma realidade dentro do nosso negócio, não é só mais uma aposta”, diz Giovanni Borgonovo, gerente de marketing da New Holland Construction na América do Sul.
Segundo o executivo, em 2018 as vendas de máquinas de construção da marca para o agronegócio representaram 13% do total. “Historicamente, esse patamar era menor. O setor está se consolidando como um mercado cativo dos nossos produtos.”
Para o próximo ano, o estudo Sobratema prevê aumento de vendas da ordem de 10% no segmento de máquinas da linha amarela e de 13% para todo o setor de equipamentos para construção, diante das perspectivas de retomada gradual das concessões e um avanço mais consistente do mercado imobiliário.