Apesar da disparada nas vendas, a repercussão da data não teve saldo tão favorável quanto o previsto, resultando em um cenário de queixas por parte de consumidores (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 18h08.
São Paulo - O comércio eletrônico brasileiro faturou mais do que o esperado com a terceira edição da "Black Friday" no Brasil, montante recorde para um único dia de vendas, ao oferecer descontos de até 80 por cento em produtos de diversos segmentos, apesar de problemas como apagão em uma parcela dos sites participantes e maquiagem de preços.
Segundo levantamento da ClearSale, empresa especializada em autenticação de compras virtuais, as vendas online no dia 23 de novembro somaram 217 milhões de reais, mais que o dobro em relação aos 100 milhões de reais apurados um ano antes.
O portal Busca Descontos, que trouxe ao Brasil o evento herdado dos norte-americanos e reúne todas as ofertas em um único site (www.blackfriday.com.br), projetava 135 milhões de reais para as 24 horas de vendas.
No Brasil, a edição deste ano da Black Friday teve mais de 300 sites participantes --mais de seis vezes o número de 2011.
"A Black Friday Brasil superou nossas expectativas, tanto em vendas como na repercussão. As lojas que souberam aproveitar a data venderam muito", afirmou o presidente do Busca Descontos, Pedro Eugênio.
Ao todo, foram realizados 541.486 pedidos, com ticket médio de 401 reais, sendo que as categorias mais buscadas foram eletrônicos, informática, celulares, eletrodomésticos e games.
A maior parte dos acessos veio da região Sudeste do país, que respondeu por 71,5 por cento, seguida por Sul (11,2 por cento) e Nordeste (9,9 por cento).
Mas, apesar da disparada nas vendas, a repercussão da data não teve saldo tão favorável quanto o previsto, resultando em um cenário de queixas por parte de consumidores.
Segundo o Busca Descontos, na primeira hora de abertura foram registrados mais de 75 mil acessos simultâneos, sete vezes superior ao volume visto no ano passado Os sites das principais varejistas participantes do evento sofreram lentidão causada pelo congestionamento de acessos e, em alguns casos, consumidores não conseguiram concluir as compras.
Empresas como a B2W, dona dos sites Submarino, Americanas.com e Shop Time, admitiram que o "surpreendente aumento de visitas... causou dificuldades de compras para alguns clientes", apesar do preparo para o alto volume de acessos.
Já a prática de maquiagem de preços --quando a empresa eleva o valor de um produto na véspera do evento para que o desconto pareça maior do que é de fato-- levou o Procon-SP a notificar na sexta-feira as varejistas Extra (lojas física e virtual), Ponto Frio, Submarino, Americanas.com, Wal-Mart, Saraiva e Fast Shop.
Alegando "indícios de maquiagem nos descontos, com base em denúncias que chegaram do consumidor nos tradicionais canais de atendimento e redes sociais do órgão", o Procon-SP deu prazo para receber respostas até 30 de novembro.
O Busca Descontos, por sua vez, disse ter retirado do ar mais de 500 ofertas maquiadas até as 17h de sexta-feira.
"Os varejistas que promoveram ofertas maquiadas foram repudiados pelas críticas dos consumidores e devem se preparar mais para a próxima edição", acrescentou Eugênio.
Nos Estados Unidos, a Black Friday é uma das datas mais importantes para o varejo e envolve também lojas físicas, onde os consumidores fazem fila à espera da abertura das portas.
Nesta edição, as vendas no varejo online nos EUA superaram 1 bilhão de dólares pela primeira vez este ano, alta de pelo menos 22 por cento ante 2011, informou a comScore no domingo.
O evento acontece na sexta-feira seguinte ao feriado de Ação de Graças e marca o início da temporada de vendas de fim de ano, quando as varejistas aproveitam para limpar os estoques e sair do vermelho.
Nos EUA, a Black Friday é seguida pela Cyber Monday, uma espécie de "saldão" no comércio eletrônico local, evento que também foi adotado pelas empresas brasileiras e é promovido pelo Busca Descontos.