Engie Brasil pode disputar leilão de hidrelétricas da Cemig, mesmo com a disputa judicial envolvendo os ativos (Foto/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 22 de agosto de 2017 às 09h41.
Última atualização em 22 de agosto de 2017 às 10h35.
São Paulo - O modelo de venda do controle da Eletrobras deve atrair principalmente investidores financeiros, afirmou nesta terça-feira o CEO da Engie Brasil, Eduardo Sattamini, acrescentando que a empresa mantém interesse nas hidrelétricas da estatal caso esta siga com os planos já anunciados para a venda de ativos.
O Ministério de Minas e Energia anunciou na segunda-feira que vai propor a desestatização da elétrica, mas em um modelo no qual o governo seguiria como acionista minoritário e teria poder de veto em determinados assuntos estratégicos. A pasta estima que o negócio poderia arrecadar 20 bilhões de reais para ajudar a União.
"É mais difícil para um operador entrar nesse tipo de modelo (com poder de veto para a União). É mais fácil um player financeiro, como foi o caso do Bradesco na época da privatização da Vale, do que atrair um parceiro estratégico", disse Sattamini a jornalistas, nos bastidores de um evento do setor.
Ele disse que a própria Engie não tem como perfil entrar como minoritária ou investir em negócios nos quais não possua total poder de gestão, o que provavelmente seria o caso na futura venda da Eletrobras.
Mas o executivo ressaltou que a companhia controlada pelo grupo francês Engie, que é líder entre os agentes privados em geração no país, segue atenta a oportunidades caso a Eletrobras siga com planos anunciados anteriormente pelo governo de vender suas hidrelétricas antigas.
Outros ativos na mira da Engie Brasil são as quatro hidrelétricas da Cemig , cuja concessão o governo quer licitar no próximo mês, devido ao vencimento dos contratos com a elétrica mineira.
A Cemig argumenta que tem direito a manter essas usinas, e tem travado uma disputa com a União pelos ativos, o que inclui ações judiciais.
Atualmente, o certame está suspenso por uma decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mas segundo Sattamini a guerra judicial não afasta o interesse da Engie Brasil.
Ele lembrou que a Engie ganhou a disputa nos anos 1990 pela privatização da Gerasul, única subsidiária de geração da Eletrobras a ser vendida na época pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, em um negócio que também foi bastante questionado na Justiça e, mesmo assim, rendeu bons frutos para a companhia.
"Podemos disputar o leilão das usinas da Cemig", afirmou.