Crica Wolthers, Nadia Goncalves e Grant Lingel, fundadores da Vegan Business (Vegan Business/Divulgação)
Convencido a espalhar a boa palavra do veganismo, o empreendedor dinamarquês Christian Wolthers fundou, em 2018, a Vegan Business. O projeto era, a priori, uma plataforma informativa sobre empreendedorismo e investimentos no mercado plant-based (de negócios e produtos à base de plantas), um nicho em ascensão nos últimos anos.
A ideia para a criação da plataforma surgiu com uma viagem à Inglaterra, onde percebeu que carnes vegetais já eram realidade comum em supermercados e restaurantes e leites vegetais disputavam, de igual para igual, espaços em geladeiras de famílias britânicas com o produto de origem animal. “Percebi que era algo crescente e que eu poderia fazer parte dessa revolução”, diz.
Um ano depois, o bom momento vivenciado por essas empresas levou Wolthers a mudar seus planos e se tornar investidor-anjo, dedicando cheques de financiamento para empresas com alguma pegada sustentável. Dessa iniciativa, nasceu a primeira plataforma equity crowdfunding, ou financiamento coletivo, para negócios plant-based do Brasil.
A Vegan Business recebeu autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para dar início às operações no final de 2021. À frente da transformação da Vegan Business de uma ferramenta de educação para um local para investimentos estão, além de Wolthers, Nádia Gonçalves e Grant Lingel, cofundadores.
Nos últimos seis meses, já conquistou 3.200 investidores e aportou R$ 3 milhões em quatro diferentes startups no universo plant-based. São, em sua maioria, empresas que precisam de pouco capital — apenas o necessário para tirar suas ideias do papel ou viabilizar o lançamento de novos produtos.
Entre as investidas estão a marca de protetor solar vegano Chameleon Sun, focada no mercado esportivo, especialmente os esportes aquáticos e criada por dois ex-executivos da Nike. A empresa recebeu R$ 505 mil em uma rodada com 23 investidores. A Conví Foods, mais recente investida do portfólio, captou R$ 1,5 milhão. A foodtech produz diferentes produtos à base de plantas, como almôndegas, pão de queijo e hambúrguer.
Nos planos da Vegan Business está a expansão da tese de investimentos, algo previsto para os próximos meses. Nesse ritmo, os fundadores já estão conversando com investidores internacionais, um esforço que já resultou na primeira participação gringa em uma rodada em junho deste ano, quando o fundo britânico Veg Capital colocou R$ 1 milhão na Conví Foods.
A partir do ano que vem, também são esperados cheques mais robustos nas empresas. A Vegan Business deve ir além do crowdfunding e começar a capitalizar empresas a partir da fase seed de investimentos, com cheques superiores a R$ 5 milhões. “Seremos um grande catalisador desse mercado no Brasil, e isso começa com o incentivo financeiro”, diz o fundador.
Quatro novas rodadas ainda devem acontecer neste ano. Até dezembro, a previsão da Vegan Business é levantar R$ 5 milhões para startups plant-based e, futuramente, que também tenham a intenção de ajudar o planeta, mesmo fora do ramo alimentício. “Temos muito mais chance de crescer ao olhar para o bem estar do planeta, além do bem-estar animal”, diz.