Companhia firmou parceria com a Latam para a América Latina (Delta Air Lines/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 1 de dezembro de 2021 às 17h09.
Última atualização em 6 de dezembro de 2021 às 11h50.
Bastaram algumas horas após a descoberta da ômicron para que os países fechassem fronteiras na tentativa de evitar a nova variante do coronavírus. Só que a Delta Air Lines decidiu manter os voos à África do Sul — onde foi identificada a mutação. “Essa ainda é uma informação muito nova e ainda é cedo até para falar de reflexo na demanda. Nossos protocolos trazem tudo aquilo que aprendemos na pandemia”, diz Luciano Macagno, diretor-geral para América Latina, Caribe e sul da Flórida.
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Nos últimos meses, a companhia americana está mais próxima do que nunca do nosso mercado, já que os acordos de parceria com a Latam receberam a aprovação da Justiça chilena e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Para os consumidores, isso já trouxe resultados, como codeshare, que permite vender integrar ambas as malhas aéreas ao mesmo sistema de vendas.
“Os clientes nos EUA se beneficiam da parceria, porque costumam ser mais próximos da Delta, que tem mais participação na América do Norte. Por outro lado, nos beneficiamos dos mercados domésticos da Latam na América Latina. Mas o principal diferencial é que nossas rotas são complementares e só operamos o mesmo trecho a Nova York. Também pensaremos em outros benefícios. Esse é apenas o começo, porque a parceria será completa quando finalizar o processo, talvez em 2022”, afirma.
Quando perguntado a respeito do interesse público da Azul em relação à aquisição da rival chileno-brasileira, o executivo disse não comentar especulações — além de evitar comentários em relação à parceria da American Airlines com a Gol, que adotou a mesma estratégia de codeshare. Mas parece não haver motivos para temer o acordo das rivais: no último trimestre, a Delta voltou a lucrar, com 70% de aumento na receita, e já tem os voos praticamente lotados para as próximas semanas.
“Nossa demanda está muito forte, principalmente no Brasil, que explodiu de maneira positiva já há algum tempo. Também existe a recuperação do mercado nos EUA, que teve recorde de viagens no feriado de Ação de Graças [comemorado na última semana] e o melhor número diário desde março de 2020: 2,5 milhões em todo o setor. Por conta deste cenário, a Delta prevê transportar 9 milhões de passageiros, considerando todo o mercado global, nas duas últimas semanas de dezembro”.
Caso a previsão se cumpra, serão números praticamente iguais àquele de antes da pandemia, já que a companhia aérea transportou 9,3 milhões de passageiros no mesmo período de 2019 — enquanto, no ano passado, foram 3,5 milhões. E existe outro fator a ser considerado nesta recuperação, já que as viagens corporativas também voltaram a crescer à medida que os escritórios retomaram parte do trabalho presencial — esse era justamente um dos gargalos do setor para voltar à normalidade.
“Sabemos que, nos EUA, cerca de 50% do tráfego corporativo já está recuperado e deverá continuar crescendo no fim do ano, de acordo com as pesquisas que fazemos juntos aos escritórios. Claro que as próximas semanas costumam ter mais demanda pelo turismo, mas nossa previsão é de que haja uma retomada cautelosa ao longo do segundo trimestre. Ainda não dá para falar quando voltaremos aos níveis pré-pandemia, mas vemos que, pouco a pouco, deverá acontecer ao longo de 2022.
E se não há certeza do comportamento do novo coronavírus — como o surgimento de variantes e de novas ondas da covid-19 —, a Delta se dedica a diminuir qualquer risco de contaminação nas viagens. Por isso, firmou parceria com a Transportation Security Administration (agência americana de segurança na aviação) para desenvolver materiais antimicrobianos e começou a implementação da tecnologia no aeroporto de Atlanta, hub da empresa, nas superfícies que têm muito contato.
“Nós focamos em melhorar a experiência dos passageiros e isso também significa focar na saúde. É importante trazer tecnologias que existem em outras áreas. Nós instalamos luzes capazes de matar microrganismos nos banheiros das aeronaves, por exemplo. Ainda há uma série de outras iniciativas que ajudam indiretamente neste sentido, como a solução que permite fazer check-in, despachar as bagagens e passar pela segurança apenas com biometria e sem mostrar nenhum documento”.
Com os clientes no centro das transformações, a companhia aérea incluiu até a pizza mais premiada de Atlanta no cardápio dos voos, além de atualizar o aplicativo para oferecer mapas dos aeroportos, acompanhamento do trajeto das malas. Durante a viagem, o atendimento ficou mais personalizado e dá aos comissários detalhes como bebida favorita — e até garante pedidos de desculpas no caso de atrasos anteriores da Delta, por exemplo. Por fim, o Wi-Fi é sempre gratuito para mensagens.
“Medimos a satisfação com NPS [sistema de pontuação com notas dos usuários] e, no nosso último ano, tivemos o melhor resultado na história. Isso prova que os clientes valorizam tudo que fizemos para compensar a realidade da pandemia. Tivemos que suspender serviços de bebida e alimentação, mas fizemos o máximo para melhorar outros pontos. E ainda ficamos em primeiro lugar na avaliação da J.D. Power, que leva em consideração toda indústria, o que também foi muito importante”.
Se os caminhos parecem bem-encaminhados até aqui, a Delta trabalha nas soluções que garantem o sucesso da companhia aérea nos próximos anos. E, de olho na redução das emissões, a companhia já anunciou o investimento de 1 bilhão de dólares para reduzir a pegada de carbono e trabalha junto com fornecedores de combustíveis sustentáveis para viabilizar o uso em larga escala. Por aqui, firmou um acordo com o banco BTG Pactual para garantir as viagens corporativas livres dos poluentes.