Vale: o cobalto é um componente importante para baterias de íon-lítio recarregáveis (Germano Lüders/Exame)
Reuters
Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 17h00.
Joanesburgo/Londres - A mineradora brasileira Vale busca vender cobalto ainda não explorado por centenas de milhões de dólares para investidores, à medida que a especulação aumenta em relação à escassez do metal necessário para fabricação de baterias, afirmaram fontes familiarizadas com o assunto.
O acordo, que permite que um investidor faça um pagamento antecipado em troca de produção futura a um preço com desconto, expandiu-se como uma forma de financiamento para empresas de metais básicos e preciosos, mas este acordo seria o primeiro para o setor de cobalto, que está em expansão.
O cobalto é um componente importante para baterias de íon-lítio recarregáveis e seu preço se beneficiou de um empurrão de governos e fabricantes de automóveis para promover veículos elétricos para reduzir as emissões de gás carbônico por carros a diesel e gasolina.
Os preços subiram em torno de 150 por cento desde o início do ano passado, para cerca de 80 mil dólares a tonelada, estimulados em parte pelo nervosismo quanto à dependência do maior produtor de cobalto, a República Democrática do Congo, país afetado por questões de ilegalidade e conflitos.
Os fabricantes de automóveis, como a Volkswagen, buscaram contratos para garantir provisões de cobalto a longo prazo para seus ambiciosos planos de veículos elétricos.
O cobalto aumenta a duração da bateria. Os analistas estimam que cada bateria usa de 8 a 12 quilos de metal, enquanto o mercado global é estimado em pouco mais de 100 mil toneladas por ano.
A Vale contratou o Banco de Montreal (BMO) do Canadá para levantar cerca de 500 milhões de dólares com investidores para o cobalto que será produzido em sua mina de níquel Voisey's Bay, no leste do Canadá, disseram quatro fontes.
"O BMO também está falando com as montadoras e fabricantes de baterias, pessoas como Samsung e Toyota", disse uma das fontes. A Samsung disse que não comenta rumores ou especulações e a Toyota não fez comentários imediatos.
O processo começou no final de dezembro, com potenciais compradores analisando a informação, disseram duas das fontes.
Um porta-voz da Vale no Canadá preferiu não comentar. O BMO não respondeu a um pedido de comentários.
Não há certeza de que o processo resultará em um acordo, disseram as fontes. As fontes ouvidas pela Reuters, durante um período de vários dias, falaram na condição de anonimato já que as conversas eram confidenciais.