Vale: na comparação, a Vale registrou um recuo de 64,5%, em meio a preços mais baixos do seu principal produto (Ricardo Moraes/Reuters)
Reuters
Publicado em 27 de fevereiro de 2018 às 19h53.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2018 às 21h58.
Rio de Janeiro - O lucro líquido da mineradora Vale cresceu 61 por cento no quarto trimestre, ante o mesmo período do ano anterior, colaborando para o crescimento do resultado da empresa em 2017, em um ano marcado pelo início da operação de sua maior mina S11D, além de avanços em governança.
"Nosso desempenho em 2017 mostra uma geração de caixa excepcional e uma redução significativa da dívida líquida devido à melhor realização de preços, disciplina rigorosa na alocação e melhora marginal nos resultados dos ativos de níquel e cobre", disse o presidente-executivo da Vale, Fabio Schvartsman, em nota.
Nos três últimos meses de 2017, o lucro líquido da empresa foi de 2,5 bilhões de reais, segundo dados publicados nesta terça-feira pela companhia brasileira, maior produtora global de minério de ferro.
Os resultados financeiros no quarto trimestre mais que dobraram para 4,169 bilhões de reais, ante 2,048 bilhões de reais no último trimestre de 2016, enquanto os custos registraram alta no mesmo período.
Os custos dos produtos vendidos e serviços prestados, segundo a Vale, somaram 18,8 bilhões de reais no quarto trimestre, ante 16,9 bilhões de reais um ano antes.
No entanto, o lucro líquido do quarto trimestre na comparação com o terceiro trimestre registrou um recuo de 64,5 por cento, em meio a preços mais baixos do seu principal produto.
Os preços realizados de finos de minério de ferro recuaram para 63,10 dólares por tonelada no quarto trimestre, ante 67,17 dólares no terceiro trimestre e 69,40 dólares no mesmo período do ano anterior.
Já a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) nos últimos três meses de 2017 somou de 13,385 bilhões de reais, queda de 14,34 por cento na comparação anual e uma alta de 1 por cento versus o terceiro trimestre.
A receita líquida operacional no quarto trimestre somou 29,8 bilhões de reais, queda de 2,7 por cento na comparação anual.
O lucro líquido da Vale em 2017 somou 17,6 bilhões de reais, ante 13,3 bilhões de reais no ano anterior, diante de recordes alcançados na produção de minério de ferro, pelotas, carvão e ouro, além de avanços de preços.
O preço realizado do minério de ferro da Vale em 2017 foi de 64,17 dólares por tonelada, ante 54,44 dólares em 2016.
No entanto, os custos também subiram, segundo destacou o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, em um vídeo publicado na internet.
"Operamos em um ambiente em que elevaram-se os custos do petróleo, da energia, apreciou-se o real brasileiro, subiram os custos de frete, mas as margens ainda assim se expandiram em razão do reconhecimento da Vale como uma empresa com os produtos mais premium...", disse Siani, destacando a qualidade dos produtos da empresa e a valorização de sua ações no ano.
Siani ressaltou que o ano também foi marcado pela entrada no Novo Mercado, o mais alto nível de governança da bolsa paulista B3, além de outros avanços na governança da empresa, que está a caminho de se tornar uma empresa sem controle definido.
O desempenho operacional e a conclusão do programa de desinvestimento, segundo a Vale, propiciaram a aceleração da redução da dívida líquida da Vale, alcançando 18,1 bilhões de dólares no fim de 2017, queda ante 21 bilhões de dólares no terceiro trimestre de 2017.
Considerando o montante líquido de 3,7 bilhões de dólares da venda dos ativos de Fertilizantes para a Mosaic em janeiro e do project finance do Corredor Logístico de Nacala a ser recebido em 21 de março de 2018, a dívida líquida pró-forma é equivalente a 14,4 bilhões de dólares.
A empresa reiterou a meta de alcançar a meta de dívida líquida de 10 bilhões de dólares no curto prazo.
O total de investimentos da empresa, de 3,8 bilhões de dólares em 2017, montante 1,3 bilhão abaixo de 2016 e o menor desde 2005, principalmente devido à conclusão do projeto da mina e planta de S11D, no Pará, informou a Vale.
No segmento de ferrosos, a Vale destacou que manteve o foco na maximização de margem, ajustando seu portfólio de produtos de forma a capturar as oportunidades apresentadas pelo mercado.
"Olhando para a frente, os custos continuarão a ser reduzidos e a realização de preços aumentará gradualmente através da melhoria do mix de produtos e da otimização contínua da cadeia de suprimentos", disse a empresa, em seu relatório financeiro.
Já em relação aos metais básicos, a Vale atingiu no quarto trimestre o maior Ebitda trimestral desde o primeiro trimestre de 2011, principalmente devido à maior realização de preços de níquel e cobre, aos baixos custos e aos maiores preços de subprodutos.
O Conselho de Administração aprovou em dezembro de 2017 a distribuição de 2,2 bilhões de reais complementados por 2,5 bilhões de reais aprovados em fevereiro de 2018, ambos a serem pagos em março de 2018 sob a forma de juros sobre o capital próprio, o que equivale ao pagamento mínimo estabelecido pelo estatuto da Vale.
A decisão de pagar o mínimo requerido, segundo a Vale, é uma medida de disciplina e cautela até que se concretize a desalavancagem da companhia, quando a mesma estará preparada para adotar uma política de dividendos "mais agressiva". Uma nova política de dividendos está em discussão e será anunciada até o fim de março.
"A nova política de dividendos será mais robusta, sustentável, fácil de estimar e gerará retornos expressivos para os acionistas da Vale nos próximos anos", afirmou a empresa.