Mina da Vale: projetos como Simandou, na Guiné, e Nova Caledônia, na Oceania, devem ser adiados (Anderson Schneider/VEJA)
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2012 às 15h13.
Rio de Janeiro - A Vale deverá anunciar na próxima segunda-feira investimentos de cerca de 15 bilhões de dólares para 2013, um volume menor que o deste ano, calculam os bancos Goldman Sachs e Credit Suisse.
Uma redução nos investimentos já havia sido antecipada em outubro pela própria companhia, pressionada por menores preços da commodity em meio a dúvidas quanto à demanda da China.
Os investimentos da mineradora devem fechar 2012 no patamar de 17 bilhões de dólares, segundo os bancos, bem abaixo dos 21 bilhões de dólares anunciados pela Vale no final de 2011 para este ano, quando a empresa não esperava um cenário econômico tão complicado e ainda apostava em grandes projetos como o de minério de ferro de Simandou, na Guiné, entre outros.
A estimativa de investimentos para este ano também é compartilhada pelo Deutsche Bank e Banco do Brasil, consultados pela Reuters.
"A recente queda nos preços das commodities, juntamente com a forte volatilidade, contribuiu para a alta administração da empresa decidir rapidamente rever a melhor alocação de capital para a empresa a partir de 2012... nós vemos os esforços em curso como positivo", afirmam analistas do Credit Suisse liderados por Ivano Westin em relatório sobre a revisão dos investimentos da Vale.
A mineradora, que investiu 12,2 bilhões de dólares de janeiro a setembro, apresentará em Nova York na segunda-feira a revisão de seu plano de negócios.
Em outubro, durante o detalhamento do balanço do terceiro trimestre, a Vale afirmou ainda que os investimentos tiveram seu pico em 2012, ao comentar as perspectivas para 2013.
Às 15h45, ação da Vale opera em queda de 0,5 por cento, enquanto o Ibovespa caía 1,1 por cento.
PRIORIDADE
A empresa está adiando projetos menos importantes e com menor retorno financeiro para priorizar seus principais empreendimentos, entre os quais a expansão de Carajás e Moatize, além do projeto de potássio Rio Colorado, na Argentina, segundo analistas.
"Acreditamos que o processo de licenciamento de Serra Sul (Carajás) é um dos principais motores... nos meses seguintes", diz o Deutsche Bank, que estima um capex de 16,4 bilhões em 2013 pela mineradora em relatório assinado por Rodrigo Barros, Leandro Cappa e Jorge Beristain.
O freio nos investimentos prevê o adiamento de projetos complicados e caros como Simandou, de minério de ferro na Guiné, e Nova Caledônia, projeto de níquel em ilha na Oceania. O Credit Suisse aposta também em um recuo no projeto de níquel Onça Puma, no Pará.
Em e-mail enviado à Reuters, os analistas Marcelo Aguiar e Humberto Meireles informam que o Goldman Sachs espera investimentos de 17,3 bilhões e 15,2 bilhões de dólares da Vale para 2012 e 2013, respectivamente.
O analista Victor Penna, do Banco do Brasil, não vê grandes margens para a Vale reduzir significativamente seus investimentos em 2013, prevendo deverão ficar próximos aos 17 bilhões estimados para 2012.
"Não vai dar para ser muito menos que isso, já que só em manutenção são 6 bilhões (de dólares)", disse Penna. "A Vale já fez 'start up' de alguns projetos como EFC (Estrada de Ferro de Carajás), por exemplo, e a expansão da produção de Carajás não dá para parar; é onde ela e o mercado estão apostando para o crescimento da empresa".