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Vale pode discutir fechamento da VNC, diz Schvartsman

"Nosso objetivo para a VNC é encontrar uma fórmula sustentável sem que a Vale coloque recursos", afirmou o executivo

Schvartsman: assumiu a presidência da mineradora em maio (Leandro Fonseca/Exame)

Schvartsman: assumiu a presidência da mineradora em maio (Leandro Fonseca/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de julho de 2017 às 12h31.

Rio - Caso a Vale não encontre alternativa para seu projeto Vale Nova Caledônia (VNC), uma operação de níquel, que vem decepcionando em termos de geração de caixa, a companhia poderá discutir o seu fechamento, disse o presidente da mineradora, Fabio Schvartsman, que assumiu o cargo em maio.

"A Vale não vai mais trabalhar com a projeção de preço elevado de níquel, mas sim que o preço vai continuar como está", disse o executivo. Segundo ele, dessa forma, os investimentos não irão ocorrer com o olhar de preços melhores no futuro. "Nosso objetivo para a VNC é encontrar uma fórmula sustentável sem que a Vale coloque recursos", afirmou, em teleconferência com analistas.

Schvartsman frisou que o Capex (investimento) deverá cair trimestre por trimestre, projeção ainda sustentada pelo fato de que, daqui para frente, as operações de metais básicos da companhia "vai ter que se virar com sua capacidade de gerar resultados".

Diagnóstico

Depois de receber o diagnóstico "de 60 dias da companhia", o presidente da Vale disse que o documento excedeu as expectativas e será apresentado ao Conselho de Administração da empresa no fim de agosto. Assim, novidades sobre o tema serão divulgadas, provavelmente, em setembro.

O executivo disse que a consultoria Falconi foi contratada e está trabalhando no processo de redução de custos em ferrosos. A expectativa, disse, é de que o benefício na pelotização da operação de ferrosos poderá reduzir o custo em US$ 1,5 por tonelada, ao longo do tempo.

Uma estratégia, destacou, é a criação de um centro de operações integradas de todas as operações.

Samarco

A Samarco voltará a operar em algum momento, mas o prazo para seu retorno não está no controle da Vale, disse Fabio Schvartsman nesta quinta-feira, 27, durante teleconferência com analistas. A operações está paralisada há quase dois anos, desde o rompimento da barragem de Fundão, que deixou o município de Mariana (MG) e adjacências cobertos de lama. A empresa é uma joint venture da Vale e da BHP Billiton.

Segundo o executivo, são necessárias licenças para a volta da operação da companhia e por isso a difícil previsão. "Em algum momento, superando os obstáculos, a empresa retomará suas atividades", afirmou. Para a retomada da Samarco são necessárias duas licenças ambientais: a da cava de Alegria Sul e o Licenciamento Operacional Corretivo (LOC) das estruturas existentes no complexo de Germano, em Mariana.

Em abril o então presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmara em teleconferência sobre os resultados da mineradora que continuava acreditando que a operação da Samarco seria retomada no segundo semestre deste ano.

Diversificação

O presidente da Vale afirmou que mantém a visão de que a mineradora deve ser uma companhia diversificada, mas explicou a analistas que hoje ela já tem essa característica e que o primeiro será buscar resultados dentro da atual configuração.

"Se conseguirmos que a área de níquel dê resultados, daremos um passo importante", disse. Segundo ele, a Vale passará a se preocupar em buscar outras fontes para diversificação se a atual não funcionar.

Fabio Schvartsman também disse que o objetivo da Vale não é bater meta de produção. Antes o diretor de ferrosos da Vale, Peter Poppinga, disse que a meta de volume de 400 milhões de toneladas de minério de ferro não será atingida em 2018.

Já na semana passada, a companhia havia informado ao mercado que sua produção em 2017 ficaria no piso de seu guindace, entre 360 milhões de toneladas e 380 milhões de toneladas.

Poppinga disse que a entrada de novas capacidades de minério de ferro neste ano no mercado transoceânico deverá ser da ordem de 60 milhões de toneladas, ou seja, metade do volume do ano passado. Para 2018, o executivo disse que não espera uma "enxurrada" de capacidade, tendo em vista que grande parte do minério novo a ingressar no mercado será da própria Vale. Para este ano, o preço visualizado pela empresa é em torno de US$ 70 a tonelada.

Ações

Há uma grande adesão de pessoas físicas e fundos passivos, acionistas da Vale, no processo de conversão das ações preferenciais em ordinárias no âmbito de sua reorganização societária, disse Fabio Schvartsman. Ao final do procedimento a meta da Vale é se transformar em uma "corporation", ou seja, sem controle definido.

"Ao fim, a empresa estará protegida de indesejadas intervenções públicas", afirmou. A expectativa, disse, é que o processo tenha sucesso.

Dívida

O presidente da Vale também disse na teleconferência com analistas que, pessoalmente, não tem como meta reduzir dívida líquida da mineradora para um patamar de US$ 15 bilhões. Em sua avaliação, o ideal é a companhia ter a menor dívida possível .

"Se a Vale tiver um forte desempenho operacional, como o esperado, a dívida pode ficar abaixo de US$ 15 bilhões. Se conseguirmos ser 'dívida free', melhor ainda", afirmou.

O executivo explicou que uma companhia dependente de uma commodity, que é muito volátil, não deve carregar dívida. O diretor executivo de Finanças e RI da Vale, Luciano Siani, destacou que a empresa trabalha para reduzir seus custos com o serviço da dívida, hoje considerados altos.

Hedge

Questionado se a Vale pensa em adotar estratégia de hedge, Siani afirmou que o acionista que compra ações da Vale está confortável com a exposição ao minério de ferro. "A gente deixa essa decisão de hedge para o acionista. Não vamos fazer hedge do nosso negócio principal", afirmou.

China

A Vale espera ver o custo caixa de seu minério entregue na China voltar a um patamar de US$ 32 por tonelada a US$ 33 por tonelada ainda em 2018, afirmou Luciano Siani.

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