Mina da Vale: a empresa comprou 51% dos direitos minerários de Simandou em 2010 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2014 às 16h41.
São Paulo e Rio - O impairment de US$ 500 milhões registrado pela Vale no balanço do segundo trimestre corresponde ao primeiro valor pago por fatia da operação da mina de Simandou, afirmou o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, em teleconferência nesta quinta-feira, 31.
Segundo o executivo, o valor se refere ao investido na empresa, instalada na Guiné, na qual a Vale é sócia da BSGR.
Além disso, a companhia investiu cerca de US$ 700 milhões em construção civil, equipamentos e pesquisa no projeto.
Esse é o valor que a Vale espera recuperar com a inclusão dos ativos no edital de leilão da mina, a ser feito pelo governo da Guiné.
"O impairment foi só para o primeiro valor. As regras contábeis assim exigem", disse Ferreira.
Se fosse uma decisão exclusivamente gerencial, completou Ferreira, a empresa esperaria o fim de 2014, apostando na vitória na disputa com o ex-sócio na Guiné, que ocorre na Câmara de Arbitragem de Londres. "Temos convicção de sermos vitoriosos", disse Ferreira.
Ferreira disse ainda que o fato de a companhia esperar reaver parte do valor investido em Simandou, na Guiné, em obras civis e em equipamentos não significa que ela tenha desistido de participar do certame da operação, que será organizado pelo governo local.
O executivo disse que neste momento não é possível tomar uma decisão sobre a sua participação, já que as regras sobre esse leilão não foram abertas.
"Para fazer a adesão precisamos conhecer os temos do certame e não temos a mínima ideia (sobre como será)", disse.
A expectativa da mineradora é de que o governo de Guiné reconheça (os investimentos) no edital do leilão da reserva de minério de ferro de Simandou.
Com isso, o executivo espera que tenha um crédito a receber, já que os investimentos que a mineradora brasileira realizou no local, entre obras civis e equipamentos, foram superiores a US$ 700 milhões.
A Vale comprou 51% dos direitos minerários de Simandou em 2010, ainda na gestão do ex-presidente Roger Agnelli, por US$ 2,5 bilhões.
Moçambique
A Vale está em fase aguda de negociações para a venda de parte de sua fatia (na linha férrea) do Corredor Nacala e também para a busca de sócios para a mina de Moatize, ambos em Moçambique, disse Ferreira.
"Não podemos e não devemos nos pronunciar sobre o que e com quem está sendo negociado", disse Ferreira, ao ser indagado a respeito das negociações.
China
A respeito da permissão da China para que os supernavios Valemax atraquem nos portos do país, o CEO da mineradora avaliou que é uma questão de tempo até que isso ocorra.
Hoje a Vale tem 35 navios Valemax contratados, 31 entregues e a maioria pertencente à companhia.
Os navios, lembrou, já atracam em três portos japoneses, na Coreia, Itália e Holanda, além dos centros de distribuição em Omã e na Malásia. Para Ferreira, os asiáticos estão agindo com prudência.
Argentina
O presidente da Vale também comentou a crise na Argentina. Segundo ele, é cedo dizer o que muda em relação ao programa de desinvestimento no país vizinho. A mineradora tenta vender na Argentina o projeto Rio Colorado.