Jazida da Vale: nos novos tempos, preservar o caixa dos acionistas é a prioridade (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2012 às 16h36.
São Paulo – O mundo não é mais “exuberante”, quanto foi anos atrás, para a Vale. O termo foi usado pelo diretor executivo de Finanças da mineradora, Luciano Siani, para justificar o tom mais sóbrio que a empresa vai adotar em relação a investimentos, custos e vendas.
Falando a jornalistas em teleconferência na tarde desta quinta-feira, Siani afirmou que o objetivo número um da Vale, neste momento, é preservar o caixa para os acionistas – a famosa geração de valor para os acionistas, no jargão do mercado.
No terceiro trimestre, a mineradora apresentou ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 8,681 bilhões de reais. O número exclui itens não recorrentes, como o aumento de provisão para bancar o eventual pagamento de débitos fiscais referentes ao CFEM. Somente para este item, a Vale provisionou 1 bilhão de reais no último trimestre.
Ruim, mas bom
O ponto é que o ebitda, mesmo ajustado, é 44,7% menor que o do mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a setembro, a situação também não é mais confortável. Os 28,338 bilhões de reais apresentados representam queda de 34% na comparação com os nove meses de 2011.
O desempenho da Vale reflete a piora do cenário internacional, com a desaceleração da demanda na China, o fraco desempenho do setor siderúrgico mundial e a queda do preço de venda à vista nos últimos três meses.
A Vale está adotando uma série de medidas para se adequar aos novos tempos. A primeira é a busca de parceiros para dividir os riscos e os investimentos em projetos considerados importantes. A segunda é vender ativos fora do foco da empresa – concentrados, segundo Siani, no exterior.
Revendo dívidas
Outra iniciativa é a renegociação de parte das dívidas da companhia – algo que deve ocorrer no próximo ano.
“Dividir os investimentos não é o mesmo que deixar de investir”, afirmou Siani, na teleconferência. “Com parceiros, podemos tocar os projetos e preservar o caixa”, disse.
Os números divulgados pela Vale na noite de ontem não causaram surpresa aos analistas, que já esperavam uma forte queda nos lucros. O lucro líquido ficou em 3,328 bilhões de reais – uma queda de 57,8% sobre o terceiro trimestre do ano passado.
Copo meio cheio
Os analistas preferiram olhar os pontos positivos do balanço. O principal deles é que, mesmo menor, o ebitda apresentado ficou acima das expectativas da média do mercado. Outro item destacado foi o preço médio de venda do minério de ferro. A cotação de 84 dólares por tonelada no mercado spot (à vista) ficou um pouco acima das previsões.
Os relatórios divulgados ao longo do dia também elogiaram a disposição da empresa em manter o foco em projetos mais rentáveis, duradouros e produtivos. O resultado foi que os papéis da Vale apresentaram forte alta no pregão de hoje.
As ações ordinárias (VALE3, com direito a voto) fecharam em alta de 5,63%, a 37,31 reais para o lote de 100 ações. Já as preferenciais (VALE5, sem direito a voto) subiram 5,45%, a 36,16 reais.
A Bradespar, empresa de participação do Bradesco que é o maior acionista da companhia, também se beneficiou. Suas ações preferenciais (BRAP4) apresentaram a maior alta do dia, com 5,92%, e fecharam em 29,69 reais. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançou 1,18%, para 57.836 pontos.