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Vale deixa de ter controlador definido

A partir desta segunda-feira, a Vale entra em uma nova era e passa a ser uma "corporation"

Fábio Schvartsman: presidente da Vale disse que o sucesso da operação afasta o fantasma da interferência de governo (Leandro Fonseca/Exame/Exame)

Fábio Schvartsman: presidente da Vale disse que o sucesso da operação afasta o fantasma da interferência de governo (Leandro Fonseca/Exame/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de agosto de 2017 às 13h46.

Rio - Privatizada em 1997, a Vale entra agora em uma nova era, passando a ser uma "corporation", isto é, uma companhia sem controlador definido. Isso passa a valer a partir da incorporação da Valepar - holding que reúne o bloco de controle formado por fundos de pensão estatais, BNDESPar, Bradespar e Mitsui -, prevista para ocorrer ainda nesta segunda-feira.

"A partir desta noite a Vale deixa de ter controlador definido", afirmou o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, em teleconferência.

O executivo disse que o sucesso da operação afasta o fantasma da interferência de governo e seus impactos sobre a Vale. Durante a campanha pela conversão, Schvartsman foi bastante incisivo ao afirmar que a presença estatal exercia um enorme potencial de destruição de valor na Vale.

"Uma vez que houve a conversão, esse assunto está plenamente resolvido. Seguramente tudo que estava sendo feito era como medida preventiva, não que houvesse qualquer tipo de interferência indevida. Muito bem-vindo o governo como acionista minoritário", disse.

Depois de a mineradora alcançar um porcentual de 84,4% de conversão voluntária de papéis preferenciais em ordinários, encerrada na última sexta-feira, a Valepar passou a ter 44% das ações com direito a voto, porcentual bem abaixo dos 51% que caracterizariam o controle da companhia.

Schvartsman explicou que os 44% já embutem o prêmio de 10% aos controladores acertado na reestruturação societária. Segundo ele, quando todas as PN forem convertidas esses acionistas terão, juntos, 41% das ações.

Os antigos membros da Valepar terão que obedecer um período de "lock-up" de seis meses. Nesse período, eles não podem se desfazer das ações no mercado. Um novo acordo de acionistas será assinado, vinculando 20% das ações desse grupo e com validade até 2020.

Conversão

Após atingir um porcentual equivalente a 84,4% de conversão suas ações preferenciais (PNA) em ordinárias (ON) na última sexta-feira, a Vale dará continuidade ao seu processo de reestruturação societária com a incorporação da Valepar e a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para a eleição de conselheiros independentes por seus acionistas em meados de outubro. A companhia pretende acelerar a migração para o Novo Mercado, mas ainda estuda alternativas para a base remanescente de preferencialistas.

Os passos foram informados por Schvartsman, em teleconferência com analistas na manhã desta segunda-feira. Ele agradeceu o apoio do mercado à operação. "Do nosso ponto de vista é um primeiro passo para a reestruturação é fundamental na evolução da governança da companhia, um dos pilares que sustentarão a minha gestão", disse Schvartsman.

O executivo disse que análises preliminares mostram que houve adesão de 100% dos detentores de PN que poderiam aderir. Segundo ele, ficaram de fora alguns fundos passivos estrangeiros que por questões regulatórias não poderiam converter toda a sua posição, além de pessoas físicasnão alcançáveis no País. Com a adesão maciça, a Valepar ficou com 44% das ações ordinárias da companhia.

"Está claramente estabelecido que a vontade de todos os acionistas da Vale é que haja migração imediata para o Novo Mercado e vamos trabalhar para atender essa solicitação expressa dos acionistas", afirmou o presidente da Vale. Para aderir ao segmento de mais alta governança da B3 é preciso ter apenas ações com direito a voto. O executivo afirmou que vai trabalhar para facilitar e acelerar a conversão.

A principal dúvida do mercado é o que acontecerá com as ações preferenciais que não aderiram à conversão - correspondentes a 15,6% do total desses papéis - e se a Vale poderá realizar uma operação mandatória. "Estamos trabalhando com advogados para entender como fazer a conversão integral", disse Schvartsman.

O diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, disse que há uma série de soluções possíveis. Ele descartou o uso de recursos da mineradora para a recompra de ações. Uma das hipóteses seria fazer uma assembleia de preferencialistas para aprovar uma conversão que, nesse caso, poderia se tornar mandatória.

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