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Vale corta investimentos e será "prudente" com dividendos

A Vale reduziu suas projeções de investimento e de produção para o próximo ano, fazendo com que a empresa tenha prudência ao falar sobre dividendos


	Logo da Vale: maior produtora global de minério de ferro informou nesta terça-feira que prevê investir 6,2 bilhões de dólares em 2016
 (Denis Balibouse/Reuters)

Logo da Vale: maior produtora global de minério de ferro informou nesta terça-feira que prevê investir 6,2 bilhões de dólares em 2016 (Denis Balibouse/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 19h36.

Rio de Janeiro - A mineradora Vale reduziu suas projeções de investimento e de produção de minério de ferro para o próximo ano, em meio aos baixos preços da matéria-prima do aço e diante de um excesso de oferta global da commodity, que fazem com que a companhia tenha prudência para falar sobre dividendos nos próximos anos.

A maior produtora global de minério de ferro informou nesta terça-feira que prevê investir 6,2 bilhões de dólares em 2016, ante projeção de aporte de 8,2 bilhões de dólares em 2015. Do aporte previsto para o próximo ano, 3,2 bilhões de dólares serão direcionados para projetos de capital e 3 bilhões de dólares em manutenção e reposição, abaixo do montante total projetado para 2016 em dezembro de 2014 para o período, de 7,6 bilhões de dólares.

A companhia informou que está preparada para os desafios de 2016 causados pela incerteza na demanda e volatilidade nos preços de commodities, apostando em uma rigorosa disciplina de capital, segundo o presidente-executivo da Vale, Murilo Ferreira, que acrescentou que a empresa tratará dividendos de forma prudente.

"Há um claro entendimento de que, em 2016 e 2017, temos de ser muito prudentes sobre a política de dividendos. Estamos construindo uma ponte, a nossa ideia é ir para o Conselho (de Administração) e ter uma discussão clara e aberta", afirmou Ferreira nesta terça-feira durante o Vale Day, evento realizado pela empresa anualmente em Nova York.

O preço do minério de ferro, que responde por grande parte das receitas da Vale, atingiu nesta terça-feira uma nova mínima em uma década, a 41,60 dólares por tonelada, no mercado à vista na China, principal importador da commodity e maior cliente da companhia.

Para enfrentar o cenário, que inclui uma demanda mais lenta da China, a empresa explicou que intensificará os ajustes necessários para reduzir custos e despesas, mantendo a disciplina operacional e simplificando a estrutura organizacional.

O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, destacou que 2016 será o quinto ano consecutivo em que a Vale reduz seu orçamento de investimentos, focando apenas em grandes projetos.

O investimento em crescimento e manutenção de projetos irá diminuir para cerca de 4 bilhões a 5 bilhões de dólares com a conclusão de um ciclo até 2018.

Em 2017, o único investimento significativo em andamento será nos segmentos logísticos do S11D, principal projeto da empresa em desenvolvimento de Carajás, no Pará. A Vale prevê que o empreendimento de minério de ferro será o de menor custo de operação do mundo.

Adicionalmente, a Vale destacou que completará em 2016 os desinvestimentos e parcerias "de forma a preservar o balanço neste cenário adverso". A companhia vê desinvestimentos potenciais de 4 bilhões a 5,5 bilhões de dólares no próximo ano.

A Vale ainda destacou que "está confiante que, a partir de 2017, estará gerando fluxo de caixa positivo sem considerar recursos obtidos com desinvestimentos adicionais".

PRODUÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO

A Vale reduziu sua projeção de produção de minério de ferro de 2016 para entre 340 milhões e 350 milhões de toneladas, ante estimativa anterior de 376 milhões de toneladas.

O montante planejado para o próximo ano também representa pouco ou nenhum avanço em relação ao estimado para este ano, de 340 milhões de toneladas. Caso as estimativas de produção em 2015 se confirmem, a mineradora australiana Rio Tinto deverá ficar no mesmo patamar da Vale em minério de ferro.

Executivos da empresa já haviam indicado anteriormente que a produção no ano que vem ficaria abaixo de previsões iniciais, enquanto a empresa reduz a produção de minério de maior custo e enfrenta impacto na produção diante de desastre em Minas Gerais.

O rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, joint venture da brasileira com a BHP Billiton, em Mariana (MG), irá impactar em 9 milhões de toneladas a produção da mina de Fábrica Nova, que teve uma correia transportadora danificada devido ao colapso.

SAMARCO

O desastre em Minas Gerais terá um impacto líquido negativo de 443 milhões de dólares no caixa da Vale em 2016, sem considerar potenciais impactos positivos de prêmios maiores nas vendas de pelotas, segundo Siani, já que a Samarco (grande exportadora) irá retirar oferta do mercado.

O resultado é composto principalmente por perdas de centenas de milhões de dólares com redução de 9 milhões de toneladas de produção de finos de minério de ferro na mina de Fábrica Nova, na região do desastre.

Além disso, o cálculo leva em consideração perdas com vendas que não serão realizadas à Samarco e perdas de dividendos recebidos da Samarco.

O presidente da Vale evitou falar em prazos para a conclusão de investigações sobre a causa do colapso da barragem e explicou que levará o tempo que for necessário para a apuração.

Ferreira admitiu ainda que o colapso da barragem "certamente" teve impacto sobre as ações da Vale e da BHP, mas ponderou que é difícil separar dos impactos referentes aos baixos preços das commodities que também atingem os papéis.

O consultor-geral da Vale, Clóvis Torres, afirmou que a empresa não recebeu nenhuma notificação da Justiça relacionada ao evento da Samarco e que, caso aconteça, irá avaliar as medidas cabíveis.

A União e os Estados de Espírito Santo e Minas Gerais protocolaram na segunda-feira uma ação civil pública conjunta em que pedem para que a mineradora Samarco crie um fundo de reparação de danos no valor de 20,2 bilhões de reais pelo rompimento de uma barragem de rejeitos em Minas Gerais.

Torres também reiterou que a Vale e a BHP apenas irão arcar com custos de responsabilidade da Samarco devido ao desastre caso a joint venture não tenha dinheiro para cumprir, algo que não é considerado neste momento pela companhia.

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