Bento Albuquerque: ministro afirma que a Vale pagou muitas multas e indenizações e que agora reiniciará a produção (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 12h05.
Última atualização em 27 de janeiro de 2020 às 15h10.
A produção de minério de ferro da Vale deste ano deve retornar ao nível recorde alcançado antes do rompimento da barragem em Brumadinho em 2019, que suspendeu operações e levou a acusações criminais. Essa é a mensagem do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em entrevista em Nova Déli.
Segundo Albuquerque, em 2020 a Vale vai recuperar a produção atingida antes do desastre e aumentará o volume produzido para o próximo ano, de acordo com o plano de negócios da mineradora.
A maioria dos analistas prevê preços mais baixos para o minério de ferro ao longo deste ano, em parte devido à recuperação da capacidade da Vale, aliviando o aperto da oferta que afetou o mercado no ano passado. Os preços em Cingapura, que atingiram o maior nível em cinco anos em meados de 2019, acumulam queda superior a 20% desde então em meio ao melhor cenário para a oferta.
A Vale produziu um recorde de 385 milhões de toneladas de minério de ferro em 2018 e estava prestes a aumentar a produção para cerca de 400 milhões no ano passado antes do rompimento de uma barragem de rejeitos em Brumadinho, Minas Gerais.
A tragédia desencadeou um escrutínio regulatório mais rígido das atividades da Vale, obrigando a empresa a suspender operações com 93 milhões de toneladas de capacidade, o que provocou uma disparada dos preços. O incidente também levou a acusações de homicídio contra executivos, incluindo Fabio Schvartsman, presidente da mineradora na época do desastre.
Embora algumas operações tenham sido retomadas, a Vale disse em outubro que 50 milhões de toneladas de capacidade permanecem interrompidas e a previsão é de que sejam reiniciadas até 2021. A empresa não respondeu imediatamente a um pedido enviado por e-mail fora do horário comercial para comentar os planos.
É improvável que a tragédia da barragem cause danos duradouros à indústria de mineração brasileira, disse Albuquerque. As barragens da Vale que romperam em Mariana, em 2015, e em Brumadinho, no ano passado, haviam sido construídas há mais de 50 anos e estavam em processo de descomissionamento, disse. O governo proibiu a construção de tais barragens.
As práticas de mineração no Brasil são sustentáveis e a produção de mineração do país deve crescer, segundo Albuquerque.
O ministro destacou que o setor de mineração responde por 4% do PIB e 21% do comércio do país e, em sua opinião, esse volume aumentará nos próximos anos.
Quando perguntado se a mineradora terá que pagar mais multas para compensar os danos causados pelo rompimento das barragens em seus locais de mineração, o ministro disse que cabe aos tribunais decidirem essa questão. A Vale e as autoridades brasileiras estão conversando sobre as indenizações, afirmou.
A empresa registrou US$ 6,3 bilhões em despesas relacionadas ao rompimento da barragem em Brumadinho nos três primeiros trimestres de 2019.
Segundo Albuquerque, no final desse processo, a Vale vai pagar “o que tem que pagar”. Ele destacou que a mineradora pagou muitas multas e indenizações e que agora reiniciará a produção.
(Colaborou Krystal Chia)