Minério de ferro da Vale: área, que é a carro-chefe da Vale, será mantida apesar dos desinvestimentos (Marcos Issa/Bloomberg News)
Karin Salomão
Publicado em 26 de fevereiro de 2015 às 17h13.
São Paulo - Para recuperar eficiência e aumentar receitas, a Vale S.A. irá acelerar os desinvestimentos e vendas de ativos em 2015.
Essa estratégia já vem sendo seguida há alguns anos e ajudou a aumentar o lucro líquido de R$ 115 milhões em 2013 para R$ 954 milhões em 2014. No ano passado, a empresa já reduziu os investimentos em US$ 2,25 bilhões em relação a 2013.
A lista para os próximos desinvestimentos foi divulgada no Vale Day. Para esse ano, a empresa pretende desinvestir ou vender ativos na sua joint venture de carvão e na de fertilizantes, na sua operação na Indonésia (PVTI) na MRS Logística e na Mineração Rio do Norte, de bauxita.
O presidente da mineradora, Murilo Ferreira, afirmou que já em março a empresa deve anunciar um desinvestimento. “Vamos listar o que pretendemos fazer, realizar pesquisas e análises sobre o valor dos ativos, independente das condições de curto prazo.”
Com as vendas e desinvestimentos, a Vale pretende se concentrar mais em seus negócios centrais, eliminar ativos que não estejam rendendo conforme o esperado e gerar caixa.
Outro motivo para a venda desses ativos é o aumento da eficiência da empresa. “Queremos uma empresa bem eficiente, focada nos nossos principais negócios, para conseguir responder aos desafios dos próximos anos”, afirmou Ferreira.
Pessimismo
Esses ativos não serão vendidos a qualquer custo, afirmou o presidente. Ele disse que há vários fatores externos interferindo no preço das ações da Vale e no valor de seus negócios e que há desconfiança do mercado do valor desses negócios.
Segundo ele, “há muito tempo ouço a história de que não seríamos capazes de fazer operações interessantes”, e que o mercado não reconhece o valor de seus ativos.
No entanto, o presidente citou dois casos recentes de investimento que geraram valores mais altos do que os esperados pelo mercado.
Um deles é a venda de 20% da VLI para a Mitsui & Co. Ltda, uma empresa japonesa, por R$ 1,5 bilhão. Outras fatias da VLI também foram vendidas a Brooksflied e ao FI-FGTS.
Outra é a venda de uma fatia da ferrovia Nacala, corredor que terá 912 km quando pronto em Moçambique, além da venda de 15% da participação na Vale Moçambique (mina de Moatize), para a mesma empresa japonesa.
Minério de ferro
Empreendimentos na área de minério de ferro, por outro lado, são “intocáveis”, disse Ferreira. A área é o carro-chefe da mineradora.
Um dos exemplos é o projeto S11D, a expansão da atividade mineradora de Carajás. O investimento total será de US$ 19,5 bilhões e produzirá, segundo a empresa, o melhor minério do mundo.
“O S11D na Serra de Carajás é intocável. Não só porque gostamos do projeto, mas porque queremos ser mundialmente reconhecidos como a empresa que traz o melhor minério de ferro ao mercado.”