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Usina Itamarati vê margem mais justa em 14/15

Recente aumento do preço do diesel vai elevar os custos de produção da companhia na próxima safra de cana


	Produção de cana de açúcar: Usinas Itamarati consome por ano 17 milhões de litros de diesel, usado tanto nas máquinas que vão a campo para cultivo e colheita
 (Nelson Almeida/AFP)

Produção de cana de açúcar: Usinas Itamarati consome por ano 17 milhões de litros de diesel, usado tanto nas máquinas que vão a campo para cultivo e colheita (Nelson Almeida/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2013 às 17h30.

São Paulo - O recente aumento do preço do diesel vai elevar os custos de produção da Usinas Itamarati na próxima safra de cana (2014/15), pressionando ainda mais as margens do grupo sucroalcooleiro que passa por dificuldades financeiras desde o impacto da crise global que afetou o crédito ao setor em 2008.

A situação financeira do grupo, considerado de médio porte, é semelhante à de muitas companhias do setor de cana-de-açúcar, que lida com dificuldades para repassar custos, principalmente por conta do controle do preço da gasolina, que acaba estabelecendo um teto para o etanol.

"Nosso custo aumenta, porque o diesel é o principal item de nossa despesa, e representa hoje 21 por cento do nosso custo... Pode ficar ainda maior (esta fatia)", disse Sylvio Coutinho, presidente da Usinas Itamarati, em entrevista à Reuters.

A usina, que tem sede em Nova Olímpia, sudoeste de Mato Grosso, destina a maior parte de sua produção para os Estados do Centro-Oeste e Norte do país.

A companhia consome por ano 17 milhões de litros de diesel, usado tanto nas máquinas que vão a campo para cultivo e colheita como para o transporte de açúcar e etanol para os principais centros consumidores.

"Mas não é só isso. O custo dos outros insumos e do frete também deve subir por causa da alta", disse o executivo. Isso inclui agroquímicos usados no trato dos canaviais, transporte até produtos destinados à área industrial acrescentou.

Apertada entre dívidas, que restringem sua capacidade de acesso a crédito mais barato, a indústria limitou os investimentos em expansão e renovação de canaviais e nos maquinários ao mínimo necessário e possível com recursos próprios.


A dívida do grupo está em torno de 1,8 bilhão de reais, entre dívidas tributárias, com bancos e fornecedores, contra uma receita bruta anual de cerca de 700 milhões de reais.  A situação da Usinas Itamarati ilustra o impasse vivido pelo setor, que desde a crise já registrou o fechamento de mais de quase 50 usinas, por conta da dificuldade em saldar suas dívidas.

Na mesma ocasião em que elevou o diesel nas refinarias em 8 por cento, no final de novembro, a Petrobras também reajustou o preço da gasolina, em 4 por cento, abrindo espaço para um incremento no valor do etanol.

"Esta alta já teve reflexos no mercado spot, as vendas já foram feitas com preços melhores, com alta de cerca de 2,5 por cento", disse o executivo.

Mas Coutinho ponderou que este benefício acaba sendo perdido pela alta do diesel, que terá um impacto bem mais relevante.

"Nós vamos buscar condições para sobreviver, mas o custo vai ter um aumento mais considerável do que o ganho com o etanol." A Usinas Itamarati comercializa o etanol para distribuidoras de Mato Grosso e outras que atuam na região Norte, incluindo a Petrobras, tanto por contratos como no mercado spot (físico).

Encerramento da Safra

O grupo encerrou a moagem da atual temporada na semana passada, e agora ficará parada para o período de manutenção na entressafra, que vai até 31 de março.

Nesta temporada, a moagem somou 5,475 milhões de toneladas, contra 5,4 milhões de toneladas do ciclo anterior. A produção de açúcar na temporada cresceu cerca de 1 por cento, para 230 mil toneladas. A de etanol avançou na mesma proporção, para 255 milhões de litros.

Do total de cana moída no ciclo atual, 65 por cento foi destinada à produção de etanol, contra 63 por cento na temporada anterior, por conta dos preços mais remuneradores do biocombustível.

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