Fábrica da Usiminas: Maior parte do investimento de R$ 900 milhões será realizada com recursos próprios (Nelio Rodrigues/EXAME)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2015 às 09h09.
São Paulo - Em meio a uma briga societária que já se estende desde o ano passado e à queda histórica no preço do minério de ferro, a Usiminas divulgou, em relatório, que planeja investir R$ 900 milhões em 2015 - cifra que é 18% inferior ao que foi investido no ano passado.
A maior parte virá de recursos próprios e R$ 270 milhões serão obtidos com empréstimos e financiamentos.
No último dia 18, depois de ter adiado a divulgação do balanço na semana anterior, a Usiminas anunciou um prejuízo líquido de R$ 117 milhões no quarto trimestre, revertendo lucro registrado um ano antes.
Em 2014, o lucro foi de R$ 208 milhões - doze vezes mais que os R$ 17 milhões de 2013.
Nesta sexta-feira (20), em teleconferência com analistas, o diretor presidente da siderúrgica, Rômel Erwin de Souza, disse que o controle de custos continua sendo uma estratégia da companhia, diante do cenário mais difícil da economia.
"Em um cenário de mercado deprimido, o controle de custos, a diferenciação pela qualidade e a excelência no atendimento continuam sendo estratégias fundamentais da gestão", destacou.
O diretor vice-presidente de finanças da Usiminas, Ronald Seckelmann, complementou dizendo que o segundo semestre do ano passado foi decepcionante em relação à atividade econômica.
Ele afirmou que já se sabia, no início de 2014, que o ano seria atípico, mas se esperava uma retomada no início da segunda metade do ano, o que não ocorreu.
Segundo o diretor de mineração da Usiminas, Wilfred Bruijn, em 2014, a companhia estava preparada para exportar mais minério de ferro, mas houve uma "frustração" com o porto Sudeste, que acabou não sendo entregue dentro do prazo.
"Nós estamos ajustando nosso plano de produção, até termos mais certezas (sobre a entrega do porto)", destacou. A expectativa é de que ele comece a operar no segundo semestre.
Continuidade
Durante a teleconferência, Souza tentou tranquilizar os investidores sobre a briga societária na Usiminas e disse que o trabalho da atual administração é de continuidade. "Não há mudança, estamos alinhados na busca de melhores resultados", afirmou.
Em setembro, ele substituiu Julián Eguren, que ocupava o cargo desde 2012, após a Ternium ingressar no capital da siderúrgica.
Eguren e outros dois diretores foram destituídos pelo conselho da Usiminas, em reunião sem consenso e que provocou um racha entre seus dois acionistas controladores, Ternium e Nippon Steel.
A Nippon alega que os executivos receberam bônus de forma irregular, o que justifica as destituições.
A Ternium nega e briga na Justiça de Minas Gerais sob a alegação de que houve quebra do acordo de acionistas, que prevê que para uma destituição é preciso haver consenso entre os acionistas do bloco de controle.
O julgamento do caso ocorrerá na próxima terça-feira.